Esgotamento de Uribe
Uribe mostra sintomas de esgotamento. Há sinais importantes disso. Seus filhos fazem negócios "non sanctos" – segundo eles – sem sua aprovação; os ministros não cumprem suas tarefas. Teve que dar marcha atrás em decisões já tomadas sobre os referendos em andamento (da água e a cadeia perpetua para violadores de crianças); foi obrigado a reduzir o preço da gasolina para evitar a greve dos caminhoneiros, e solicitar um empréstimo ao FMI por US$10.400 milhões para enfrentar a recessão econômica depois de dizer durante mais de 10 meses que a economia colombiana estava blindada diante da crise mundial.
Todo o anterior depois do ridículo comportamento em Trinidad e Tobago, que Fidel Castro comentou assim: “À esquerda de Obama estava um senhor que não pude identificar bem, quando botava a mão nas costas de Obama, como um colegial de oito anos a um companheiro da primeira fila.” E teve a insolência de apresentar como um grande sucesso de sua diplomacia, ter conseguido um autógrafo do presidente dos EE.UU. em um guardanapo. Era a prova de que obteve a promessa de uma cita em Washington e de uma futura visita de Obama à Colômbia. ¿Que podemos dizer? ¡Indigno demais! Soberbo e altaneiro com o povo colombiano, de joelho ante o Império.
No anúncio público da obrigada redução do preço do combustível estava furioso. Não era para menos. Ademais, sua política exterior tem sido atingida pelos questionamentos internacionais à lei de justiça e paz, a denúncia dos “falsos positivos” e a descarada espionagem dos organismos de inteligência do alto governo a magistrados, políticos, jornalistas e empresários. Ainda que os meios de comunicação colombianos não divulguem esses crimes de Estado, já as opiniões européia e norte-americana estão informadas. Graves serão as repercussões.
Apesar de todo e contra todo prognóstico, ele continua com sua estratégia de nova reeleição. A inocultável corrupção na campanha da recolhida das assinaturas, a opinião de numerosos setores empresariais e da igreja contra tal propósito, a descida nas pesquisas, as divergências entre alguns setores da coalizão do governo, os conceitos de destacados constitucionalistas e muito mais, mas ele segue enfrente. Seu destino está escrito. Ele não tem obsessão pelo poder, como pensam alguns. São os crimes cometidos por ele os que o obrigam a se manter atrelado ao poder. Não acredita em ninguém de seus áulicos para uma possível sucessão. Ficam para ele só dois caminhos: prolongar seu mandato mediante uma “ditadura constitucional” ou enfrentar em curto prazo a justiça, se não na Colômbia, então, na Corte Penal Internacional Eis sua arapuca e sua tragédia.
Com toda a mesa servida, as forças da oposição e da esquerda não ajustam sua estratégia. O Partido Liberal vacila entre radicalizar sua oposição a Uribe ou chegar a acordos com setores uribistas. O Polo se enreda em pequenas brigas intestinas. Fajardo segue sua marcha aspirando a passar pelo meio. As forças sociais sem a unidade nem a força que o momento requer. Parecesse que as influencias e aspirações político-eleitorais entorpecessem a ação política que pode encabeçar La Minga, o movimento das vítimas do conflito e outros setores sociais.
A luta pela paz e a reconciliação seguem muito atuais. É outra das debilidades de Uribe. O movimento “Colombianos pela Paz” continua a fazer esforços por criar cenários de diálogo, mas, termina –sem se propor isso- condicionado pelas respostas e/ou ações das FARC. Se necessita uma ação autônoma e independente que represente com maior força e vigor a sociedade no seu conjunto. A guerra deve ser desativada para sempre!
Uribe passa por umde seus piores momentos. Não devem deixar que respire. Necessita com urgência de alguma loucura da insurgência. Seria o oxigeno que tanto necessita. Tomara que isso não aconteça.
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