Acordo Transpacífico ameaça direitos humanos, democracia e soberania dos povos
O Acordo Estratégico
Transpacífico de Associação Econômica (Trans Pacific
Partnership, TPP), ambicioso projeto entre governos e grandes
corporações de empresas que pretende instaurar uma Área de Livre
Comércio na região do Pacífico, poderá atentar diretamente contra
os direitos humanos de um amplo conjunto da população. Além disso,
seria contra a soberania dos povos e sem a possibilidade dos
habitantes da zona participarem das decisões que lhes afetam
diretamente. Cerca de 50 organizações da sociedade civil e
indígenas, além de cidadãos de diversos âmbitos, e parlamentares,
denunciam os riscos e reclamam um maior acesso aos termos das
negociações, exigindo participação cidadã efetiva no processo.
O acordo inclui os Estados Unidos e 11 países do Círculo Pacífico: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã, que juntos respondem por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Em negociação desde pelo menos o ano de 2008, o TPP pretende ser viabilizado como o maior acordo corporativo da história e, mesmo com potencial de impacto em escala global, tem sido negociado em extremo sigilo. Quase tudo o que se sabe sobre ele foi revelado através de documentos vazados.
Na América Latina, a resistência à proposta tem unificado esforços de organizações contra a adesão do Chile ao Acordo. Membro da diretoria do Observatório Cidadão, José Aylwin é enfático ao assinalar que o tratado que se pretende instaurar entre as nações desconsidera o compromisso dos Estados com a democracia. "Não somente no Chile, mas em todos os Estados que são parte”, assevera. "Até agora, não foram consultados os povos indígenas, como obriga a Convenção 169 da OIT [Organização Internacional do Trabalho], subscrita pelo Chile, na circunstância de que se trata de uma medida legislativa que, evidentemente, vai ter grandes implicações aos povos indígenas”, observa Aylwin.
No que se refere ao capítulo que trata do meio ambiente, a geógrafa Javiera Espinoza, integrante da Fundação Terram, organização que propõe um modelo de desenvolvimento do Chile baseado na democracia, transparência, cidadania e justiça, os termos econômicos do Acordo limitarão a política pública ambiental dos próximos anos. "Este acordo está sendo negociado em segredo da cidadania e do Parlamento, sendo contraditório ao princípio 10º da Declaração do Rio [de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992], que promove o acesso à informação, participação e justiça ambiental”, afirma.
A plataforma afirma que continuará na mobilização para persuadir o Congresso para que não aprove o mega acordo comercial, além de viabilizar uma participação efetiva da cidadania durante o processo legislativo, incluindo a consulta prévia aos povos indígenas. Para isso, deve utilizar mecanismos administrativos e legais, como a Lei de Transparência, para exigir que o governo dê acesso público aos textos completos do Acordo, bem como aos documentos técnicos elaborados pelos ministérios para avaliar a conveniência da proposta do TPP.
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Com apoio de ADITAL