As bases ianques na Colômbia
quarta-feira, 05 de agosto de 2009.
Por Niko Schvarz.
O tema das novas bases aeronavais norteamericanas na Colômbia comociona a região e toda a América. Será abordado na reunião da Unasul e no Conselho Sulamericano de Defesa no próximo dia 10 de agosto, em Quito, coincidindo com a posse presidencial de Rafael Correa para o seu segundo mandato, na data do bicentenário do primeiro grito de independência de Quito (10 de agosto de 1809). Lá estarão os presidentes, mas Uribe anunciou que não comparecerá, nem o seu chanceler Jaime Bermúdez. Nega-se a discutir o assunto com seus similares e quer colocá-los diante do fato consumado.
Pacocol
Fontes militares norteamericanas alegam a necessidade de buscar um substituto à base de Manta, no Pacifico equatoriano, desde a qual efetuaram o último voo em 17 de julho e que devem abandonar definitivamente em 15 de setembro. Além disso, a nova Constituição equatoriana proíbe a instalação de bases militares estrangeiras no seu território. Mas não se trata de uma simples permuta, mas sim de uma concepção estratégica global colocada em funcionamento visando um controle continental, a “nova arquitetura” do Comando Sul, a qual se vincula ao Plano Colômbia e sua extensão, assim como a reativação da IV Frota.
Nas bases militares de Tres Esquinas e Larandia, no departamento de Caquetá, e de Villavicencio, no departamento de El Meta, operam aviões e dispositivos de inteligência do Pentágono, e também pessoal militar norteamericano que vem intervindo no conflito interno colombiano (basta relembrar da operação de resgate de Ingrid Betancourt e de três militares ianques capturados em ação que rapidamente foram repatriados). Atualmente existem 800 efetivos norteamericanos nas bases, além de outros 600 disfarçados de “terceirizados” por empresas de segurança, ou seja: mercenários. Esses números aumentariam consideravelmente com as novas bases, além de que, esse pessoal teria um virtual estatuto de impunidade para todo tipo de delito cometido na Colômbia, como tem denunciado o Pólo Democrático Alternativo.
As novas bases serão Palanquero, em Puerto Salgar, departamento de Cundinamarca, que é a maior delas e projeta-se sobre todas as outras regiões do continente. Possui uma pista de três mil metros, hangares para uma centena de aviões e instalações para dois mil homens. Um informe do Comando Aéreo para a Mobilidade da Força Aérea dos EUA denominado “Estratégia Global em Rota” e revelado pelo jornal colombiano “El Tiempo” em fins de maio passado, destaca o interesse do Comando Sul nesta base e o seu desejo de convertê-la numa Localidade de Cooperação em Segurança (CSL) para atingir seus objetivos até 2025, a fim de criar corredores aéreos e bases que permitam maior alcance para suas operações. Dali um cargueiro C-17 poderia percorrer quase a metade do continente sem reabastecimento, e com o combustível apropriado, a sua totalidade com exceção do Cabo de Hornos, no extremo sul. No projeto orçamentário já apresentado ao Congresso são previstos 45 milhões de dólares para modernizar e preparar tal base.
A mesma se juntaria à de Apiay, um pouco mais ao sul, na Planície Oriental, e a de Malambo, no departamento Atlântico, muito próximo de La Guajira. Um estudo informa que “a localização do trio conforma um semicírculo que, virtualmente, rodeia a Venezuela, sem contar com as vizinhanças de Malambo com a quente península guajira, que ambas as nações dividem, e cuja presença como município dentro do estado venezuelano de Zulia explica uma das formas como o acordo pode ser usado por Washington para hostilizar a Venezuela. Em Zulia, com um governo em mãos opositoras, foi denunciada a presença de paramilitares (colombianos) e de projetos separatistas”.
Fonte: Anncol