Uribe e as bases dos EUA isolados na cúpula da Unasul
Fonte: www.vermelho.org
"Se algo ficou claro na cúpula é que a presença de tropas norte-americanas em sete bases militares colombianas é um grave risco para a região e que conta apenas com o aval do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe", analisou neste sábado o diário peruano La Primera. A conclusão conflita com a opinião da mídia dominante brasileira, que viu a cúpula como um "fracasso".
Os títulos dos principais jornais evidenciam a unânime vontade de disfarçar o isolamento de Uribe: Reunião da Unasul só aprofunda impasse (Folha de S.Paulo); Cúpula da Unasul acentua divisão da região (O Estado de S. Paulo); Encontro escancara a divisão sul-americana (Zero Hora, RS); Cúpula da Unasul fracassa em aliviar tensão na região (O Globo, RJ).
Na verdade, a iniciativa militar do presidente colombiano mereceu críticas unânimes, apenas com diferenças de ênfase e estilo. Até o governante do Peru, Alan García, tido como próximo a Uribe, exigiu que este ponha "as cartas na mesa".
"Obviamente estou de acordo com Evo Morales [o presidente antiimperialista da Bolívia] quando ele diz que construir uma base para bombardeiros invisíveis e radares esféricos pode ameaçar a integridade da América Latina. Eu estaria tentado a subscrever minha rejeição", disse García.
O governante do Peru apontou falta de transparência no projeto de Uribe. "Esta é uma excelente oportunidade para [Uribe] pôr as cartas na mesa. Esclarecer se vai haver caminhões, tratores, bombardeiros e satélites", comentou.
Se esta é a posição do seu mais íntimo aliado (o Peru foi o primeiro país visitado por Uribe em sua turnê por sete capitais da região, tentando explicar o projeto das bases), pode-se imaginar a posição dos demais líderes sul-americanos. Todos coincidiram que o acordo Bogotá-Washington é uma ameaça para a paz no continente.
Uribe isolou-se, mas não entregou-se. Nem apresentou as garantias jurídicas exigidas por seus vizinhos para afastar pelo menos no plano formal o perigo representado pela presença do mais poderoso exército do mundo na América do Sul.
Deste ponto de vista, o continente mostrou-se dividido. Já estava antes. O que é novo é o isolamento das forças mais reacionárias e pró-EUA, reduzidas, no fundo, ao seu bunker colombiano.
Da redação, com agências