O Retorno dos Gorilas
Um bloco de tendência socialista NÃO é seu inimigo.
Por Celso Brizuela. Paraguai
Estuda acerca da zoologia do golpismo: Chester Swann
Há quem se resistem em aceitar os sábios ensinamentos da história e insistem em atrasar relógios e desflorar calendas perimidas. O último império megalômano do planeta se resiste em reconhecer que os tempos têm mudado e a unipolaridade é um mito. Resisti-se em conhecer que um bloco de tendência socialista NÃO é seu inimigo... senão outros blocos capitalistas concorrentes.
A ultra-direita cristã-maçônica dos Estados Unidos, em lugar de New Deal –leia-se, novo trato- que pressuponha enterrar o machado da guerra e fumar os cachimbos da paz, prefere seguir pela trilha da violência, aguçada pelo seu aliado Israel. Especialmente no que acredite seu Backyard, pátio traseiro em espanhol básico.
Trás a queda? do socialismo do Leste nos oitenta, decaiu um pouco a atividade dos esquadrões da morte de John Negroponte, as guerras sujas, as operações encobertas da CIA e outras agências de pouca inteligência mas, muita astúcia. Isto significou uma baixa nas cotações na bolsa por parte do complexo militar-industrial- e motivou – entre outras situações conjunturais – uma cadeia de crises que se acentuaram entre os noventa e o dois mil. Tinha – com o Falcão Mor Henry Kissinger-, que criar um inimigo acreditável, perigoso e, sobretudo, inidentificável. Já não era o exército Vermelho do Pacto de Varsóvia a ameaça. Também não os agora bonachões revolú vietnamitas, nem os camaradas chineses. Requeria-se de um inimigo fantasma, ubíquo, encapuzado e de ser possível anônimo. O terrorismo nebuloso preenchia estes quesitos.
Cabe na minha moleira que o 9-11-01 foi elucubrado nos tenebrosos porões do Pentágono e não nos paramos afeganos, como rezam os vade-mécuns oficiais. Há centenas de provas a esse respeito. Mas, não bastaria com isso. Haveria que gastar milhares de milhões de dólares em marketing armamentista para fazer saber ao mundo quem eram os amos.
Seria necessário demonizar muçulmanos, movimentos de libertação, grupos de resistência cidadã (ainda nos próprios Estados Unidos), minorias incômodas e a quanto dissidente objetasse as atividades non sanctas de Bush e seus criminosos sequazes. A Escola das Américas mudou de nome, mas não de manhas e ficou a treinar seus condottieres e cipaios militares latino-americanos... para fazer o único que sabem: torturas, assassinatos, golpes de estado, seqüestros, repressão rural ou urbana, etc. Ou seja, servir de exércitos de ocupação em seus próprios países de origem.
Se bem desde o Carter para cá tais atividades não eram bem vistas, a mal chamada comunidade internacional (leia-se: os Estados Unidos e seus sócios da Trilateral) se adveio docilmente à guerra santa contra o terrorismo. Também tolera torturas, prisões secretas e violações de todo tipo contra suspeitos, como os de Guantánamo, sem mexer um dedo a respeito... embora, um deles fosse capturado aos doze anos de idade!
Para estes crucificados ecce hómini da nova era, são negadas todas as garantias, como julgamentos, advogados, apresentação de provas acusatórias e outras. Tanta aberração em tão pouco tempo, e ante o perigo de perder uma importante base em Honduras, bastou para organizar um golpe contra um homem democraticamente eleito. Mas, isto não é senão uma prova piloto de o que aguarda à América Latina trás o retorno dos Gorilas; manejados como antes com controle remoto, desde o State Department, o Pentágono e o CFR (Council of Foreign Relations), uma espécie de Itamaraty norte-americano.
Mas, isto é também um sinal de que o império está próximo ao seu desabamento. E não pela agressão das forças ideologias exógenas, senão por pressões internas de um povo farto de guerras em favor das corporações privadas.
Por uma população cansada de pôr tantos mortos e de que lhes metam a mão no bolso para financiá-las, mas, negando-lhes atenção médica gratuita, salvo para seus cadáveres fardados. Esta é a era Obama, o princípio do declínio.
Luque, 6 de agosto de 2009.
Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.
Fonte: www.desacato.info