Colombianos apostam na saída política do conflito armado
No encontro que se estenderá até este sábado (220, líderes sociais e cidadãos fizeram um chamado a não perder as conquistas de dois anos de conversas durante as quais as partes atingiram consensos em três temas da agenda: reforma rural integral, participação política e drogas ilícitas.
"Em Nariño já houveram muitos mortos nesta guerra, por isso temos agendas e propostas de paz e apoiamos o reencontro entre representantes do governo e das Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP), com a esperança no fim do conflito", manifestou o diretor de Desenvolvimento Local, Álvaro Obando.
Estamos cansados de guerra, precisamos da reconciliação entre irmãos, disseram habitantes de Tumaco, entre eles integrantes de comunidades indígenas.
Os encontros regionais desenvolvidos anteriormente em Chocó, Putumayo, Meta, Cauca, Caquetá, Tolima, Sucre e Santander, tiveram como objetivo divulgar os acordos da mesa de negociações, com sede em Havana.
O governo e as Farc-EP conversam na capital cubana desde 2012 para terminar o período militar, que deixou até agora mais de seis milhões de vítimas, entre elas 230 mil mortos.
Tais negociações foram interrompidas pelo presidente Juan Manuel Santos devido ao desaparecimento no passado domingo do general Rubén Darío Alzate, nas proximidades do povoado Las Mercedes, departamento de Chocó, onde foi visto pela última vez.
O movimento insurgente reivindicou a captura do militar enquanto transitava por um área de operações de guerra, anunciaram também sua libertação junto à do cabo Jorge Rodríguez, a advogada Glória Urrego e dois soldados retidos em Arauca.
Essa decisão das Farc-EP é interpretada aqui por alguns analistas como uma demonstração de compromisso com os esforços a favor da paz.
Ontem, Santos confirmou que já está em andamento os procedimentos para pôr em liberdade essas cinco pessoas com a ajuda de Cuba e Noruega como países garantes do processo negociador.
Ao mesmo tempo, muitas vozes exigem um fim bilateral das hostilidades para envolver essas conversas em um clima de confiança mútua, além de colocar uma trava à violência contra a população civil, fundamentalmente a assentada em regiões rurais.
Os recentes acontecimentos são formas de dialogar no meio dos combates, opinam líderes de Marcha Patriótica, plataforma que reúne diversas organizações progressistas de diferentes municípios.
Particularmente os camponeses e indígenas sofrem deslocamentos e as ameaças do fogo, entre outras sequelas do conflito; 'trégua já', exigem seus membros.
Entre os grupos castigados de forma mais severa se destacam os jovens que defendem deixar para trás décadas de violência e beligerância.
Nós não inventamos esta guerra, mas temos que suportar suas consequências, somos bucha de canhão ao integrar as filas do exército durante o serviço militar obrigatório, lamentam.
A Colômbia não aguenta mais mortes, nem mais desaparecidos, alertaram participantes em uma manifestação convocada em Bogotá para exigir a continuidade dos diálogos.
Entre pronunciamentos e chamados, no país andino cresce nesta sexta-feira a expectativa pela retomada das conversas depois do operativo de libertação dos quatro militares e uma civil, cuja data e detalhes não foram revelados.
Fonte: Prensa Latina