FARC-EP: Um passo à frente pela paz da Colômbia
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A
presença em Havana de um número plural de comandantes guerrilheiros
para integrar a comissão técnica, ademais de ser um fato sem
precedentes que reunirá representantes da insurgência com militares
ativos em torno do propósito comum de elaborar recomendações para
serem levadas à Mesa com relação ao ponto 3 da Agenda, sobre os
temas do cessar bilateral do fogo e da deixação de armas é, sem
lugar a dúvidas, um acontecimento de singular importância política,
produto dos avanços conseguidos na Mesa; porém é, ademais, um
gesto inequívoco do compromisso das FARC-EP com o processo, um passo
à frente pela paz com justiça social para a Colômbia.
Uma
lufada de ar fresco, em meio ao ambiente político enrarecido pelos
contínuos ataques da ultra direita contra a Mesa de Havana,
estimulada em parte pela pusilânime postura governamental, que não
soube defender desde o começo, e com a decisão devida, sua
principal e quase única realização nos primeiros 4 anos de
governo, consequência de sua ambivalente posição frente à solução
política do conflito.
A
importância dos temas a tratar e a composição da comissão não
deixam de criar grande expectativa toda vez que do resultado de seu
trabalho vai depender que a Mesa possa avançar na construção de
acordos num dos pontos cruciais da Agenda.
Pelo
que diz respeito às FARC-EP, chegamos a este momento do processo
convencidos da possibilidade real de alcançar acordos nestes sub
pontos, se partimos da vontade expressada pelas partes, ratificada em
nosso caso com a decisão de sacar dos cenários da confrontação um
número considerável de mandos e quadros, para que dediquem seus
esforços à construção de propostas que, num tempo razoável,
tornem viável o cessar bilateral de fogos e a deixação de armas;
algo que, no nosso modo de ver, pode ter como ponto de partida
acordos parciais para a desescalada da confrontação, até chegar à
firma de um armistício entre as partes, como prelúdio do fim do
conflito armado, que deve levar-nos a que os colombianos possamos
continuar tramitando nossas diferenças pelas vias da política sem
necessidade de recorrer às armas.
Tarefa
nada fácil, se temos em conta a complexidade dos temas que faltam
por tratar e a quantidade de obstáculos que se devem circundar, até
chegar aos acordos definitivos na totalidade dos pontos da Agenda;
acordos definitivos que devem assentar as bases estruturais sobre as
quais há de levantar-se a paz com plena e real democracia, com
soberania e justiça social.
O
encontro cara a cara de comandantes insurgentes e mandos militares
ativos, para trabalhar em torno de um propósito comum sem ter
concluído a confrontação, é um sinal inequívoco do avanço do
processo, o que deve convocar o mais amplo e ativo respaldo de todos
os colombianos, até criar uma massa compacta que com sua força e
impulso isole e derrote a ultra direita militarista agrupada sob a
bandeira uribista. Somente a mobilização social dos setores
majoritários que aspiramos a uma Colômbia em paz poderá impor-se
acima dos poderosos interesses que se lhe opõem e as vacilações
governamentais.
Carlos Antonio Lozada.
Integrante do Secretariado das FARC-EP.
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Equipe
ANNCOL - Brasil