"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A difícil luta pela paz na Colômbia.


Por Miguel Urbano Rodrigues

Para os colombianos progressistas dois acontecimentos chamaram a atenção desde o início do ano.

1- Uma Mesa Redonda na qual os comandantes Jesus Santrich e Victor Sandino Palmera, do Estado Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo fizeram o balanço de dois anos dos Diálogos de Paz. O debate ocorreu em Havana, sede das conversações em curso, mas teve ampla repercussão mundial por ser acessível pela Internet.


2- Os ataques que nos primeiros dias de Janeiro, em diferentes Departamentos, o exército realizou a unidades das FARC-EP.


Santrich e Palmera consideram que o diálogo de paz é globalmente positivo. Avançou-se muito na discussão de pontos fundamentais da Agenda. Na questão da terra, no tema do narcotráfico, no debate sobre as vítimas da guerra o governo fez concessões que, embora insuficientes, motivaram críticas furiosas de Uribe e seus falcões.


Mas os dirigentes das FARC foram prudentes. A paz não está próxima. O povo colombiano deseja-a intensamente. Mas são poderosas as forças empenhadas em sabotar os Diálogos de Havana. O uribismo conta com o apoio da oligarquia agrária e tem uma forte representação no Congresso, controla setores importantes da Administração Publica e do Poder Judicial. São íntimas as relações que Álvaro Uribe mantem com o paramilitarismo, que continua em cumplicidade com a Polícia e o Exército, praticando em muitos departamentos uma política de terror.

Os crimes de que são vitimas os camponeses e as comunidades indígenas são, aliás, com frequência, atribuídos às FARC.

A posição dos Estados Unidos é contraditória. O presidente Barack Obama afirma ser favorável à Paz. Mas a ajuda militar à Colômbia somente é superada pela atribuída a Israel. O Pentágono mantem no país oito bases militares e a intervenção de “assessores” estadunidenses em operações contra as FARC é inocultável.


Os Estados Unidos contribuiu decisivamente para a transformação das Forças Armadas colombianas na mais poderosa máquina militar da América Latina. Equipado com armas que os EUA somente fornecem a Israel, o Exército (com a Policia) tem hoje mais de 500 mil efetivos.


O corpo de oficiais não é, contudo homogéneo. Uma percentagem considerável da jovem oficialidade mostra-se receptiva aos apelos da Igreja a favor do fim do conflito e está consciente de que as iniciativas da Frente Ampla para a Paz e do Movimento Colombianos pela Paz, que mobilizam centenas de milhares de pessoas, expressam o sentimento profundo do povo.


No entanto, nos altos comandos do exército predominam os falcões. Mas não existe mais a antiga unanimidade. Significativamente, apareceram na imprensa artigos que, a propósito do episódio do general Alzate, de contornos nebulosos, sublinharam que a ultradireita militar já não é hegemónica.


Os comunicados emitidos pela Delegação para a Paz das FARC em Havana, nos primeiros dias de janeiro, informam que a cúpula militar e os seus aliados políticos procuram uma confrontação com a guerrilha que leve a uma ruptura do cessar-fogo unilateral decretado pela organização revolucionaria.


Não se trata de um incidente isolado. AS FARC citam uma serie de ações ofensivas provocativas. Entre outras, as seguintes:


- No dia 31 de Dezembro, o exército atacou uma coluna de guerrilheiros no município de Algeciras, na Huila; feriram e capturaram um combatente fariano.


- Em Miramar, uma força do Exército avançou sobre um acampamento da 15ª Frente das FARC, que foi abandonado.


- No dia 1 de Janeiro, o exército atacou a Coluna Jacobo Arenas. As FARC responderam ao fogo e abateram seis militares.


- No dia 3 de Janeiro o exército atacou a Frente 26, em Ondas de Cafre, com o apoio de helicópteros e morteiros de 120mm. Os atacantes caíram numa emboscada sofrendo perdas.


- No dia 4 de janeiro um novo ataque, em Salto Glória, contra as unidades da 1ª Frente.


Nos dias seguintes, prosseguiram as operações ofensivas do exército, principalmente no Cauca e nas Planícies Orientais do país. Em todas essas ações, as FARC reagiram defensivamente.


A Frente Ampla para a Paz já protestou, mas o presidente Juan Manuel Santos ainda não comentou sobre as operações ofensivas contra as FARC.


A sua atitude é ambígua. Insiste em afirmar o seu desejo de que as conversações de Havana conduzam à Paz, mas, ao mesmo tempo, permite que o exército desenvolva ininterruptamente operações ofensivas contra as FARC.




Até quando as FARC, hostilizadas diariamente, poderão manter em vigor o cessar-fogo unilateral?

A Delegação das FARC em Havana pergunta, com fundamento, se o presidente, pressionado por Uribe e pela oligarquia, está empenhado no fracasso do processo de paz?


A luta pela Paz, tão clara por parte das FARC, é muito difícil.