Por acordo de paz, FARC vão exigir que Bogotá reconheça existência de presos políticos
Por Vanessa Martina Silva
Marco León Calarcá, em
entrevista a Opera Mundi, defende que prisioneiros sejam considerados
vítimas do conflito e que seja formada comissão sobre tema.
O governo nega que eles
existam, mas a Rede Internacional de Solidariedade com as
Prisioneiras e Prisioneiros Políticos Colombianos denuncia que
presos políticos, de consciência e de guerra, são mantidos na
Colômbia em situação precária, sem tratamento médico e com
alimentação insuficiente. Em entrevista exclusiva a Opera
Mundi, o porta-voz das FARC (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia), Marco León Calarcá, afirma
que, para que seja concluído o processo de paz, o governo terá não
só que admitir a existência dos presos políticos, mas também
reconhecê-los como parte das vítimas do conflito.
De acordo com o
guerrilheiro, “há uma superpopulação carcerária no país, que
ultrapassa 400%, e as piores condições são dadas aos prisioneiros
políticos e sociais”, relata.
Para protestar contra o
tratamento a que são submetidos, um grupo com pelo menos 400
detentos, em 14 presídios no país, realizou uma greve de fome em
meados de novembro e que se estendeu por dias. “Eles pediam
condições dignas. Nada além do que é garantido a qualquer outro
ser humano. Hoje, a situação é que um guerrilheiro chega ferido e
é deixado abandonado, sem tratamento. Em alguns casos, tiveram que
recorrer à amputação como solução porque chegaram com ferimento
na perna e não receberam nenhum cuidado”, conta Calarcá.
De acordo com o Inpec
(Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário), em 2012, 102 mil
pessoas estavam privadas de liberdade na Colômbia.
Destes, 3.500 seriam
presos políticos. O governo, no entanto, nega a existência desse
tipo de detentos. Mas, de acordo com Calarcá, o tema será tratado
dentro do quinto ponto da agenda que está sendo negociada em Havana
no marco dos diálogos de paz.
A guerrilha defende que os
prisioneiros políticos sejam considerados vítimas do conflito. Para
isso, defendem a formação de uma comissão especial de estudo da
situação dos prisioneiros políticos formada por diversos setores
da sociedade e do Estado. A comissão será responsável por
identificar as vítimas do sistema estatal de administração da
Justiça. Também serão considerados os chamados “falsos positivos
judiciais” e prisioneiros políticos cujos direitos humanos foram
violados.
Com apoio de Opera Mundi