Exigindo pagamentos com juros ao invasor europeu
Por conta dos 515 anos da invasão espanhola, lhes trazemos esta enorme peça de uma lógica do cacique Guacaipio Cuautémoc*, para a reunião dos Chefes de Estado da Comunidade Européia celebrada março passado. Com linguagem simples, que era transmitido em tradução simultânea a mais de uma centena de Chefes de Estado e dignatários da Comunidade Européia, o Cacique conseguiu inquietar sua audiência quando exigiu devoluções com juros.
ANNCOL
Por conta dos 515 anos da invasão espanhola, lhes trazemos esta enorme peça de uma lógica do cacique Guacaipio Cuautémoc*, para a reunião dos Chefes de Estado da Comunidade Européia celebrada março passado. Com linguagem simples, que era transmitido em tradução simultânea a mais de uma centena de Chefes de Estado e dignatários da Comunidade Européia, o Cacique conseguiu inquietar sua audiência quando disse:
“Aqui estou eu, Guaicaipuro Cuatémoc, e venho aqui encontrar os que celebram o encontro.
Cá estou eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, e venho encontrar os que a encontraram somente há quinhentos anos. Aqui portanto, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é suficiente. Nunca teremos outra coisa.
O irmão da aduana européia me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram.
O irmão credor europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem eu nunca autorizei a vender-me.
O irmão legalista europeu me explica que toda dívida se paga com juros, ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.
Eu os vou descobrindo. Eu também posso reclamar pagamentos e também posso exigir juros.
Consta no Arquivo das Índias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre o ano 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Saque? Eu não podia acreditar! Porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram com o seu Sétimo Mandamento.
Espoliação? Guarde-me Tanatzin de imaginar que os europeus, assim como Caím, matam e negam o sangue de seu irmão!
Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de las Casas, que qualificavam o encontro como a destruição das Índias, ou a pessoas como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o arranque do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos!
Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinados ao desenvolvimento da Europa. Do contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só a exigir devolução imediata, como a indenização por danos e prejuízos.
Eu, Guaicaipuro Cuatémoc, prefiro pensar na menos ofensiva dessas hipóteses. Tão fabulosa exportação de capitais não foram mais que o início de um plano “Marshalltezuma”, para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os países muçulmanos, criadores da álgebra,da poligamia, do banho cotidiano e outras realizações superiores da civilização.
Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, poderemos nos perguntar: os europeus têm feito um uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente cedidos pelo Fundo Indoamericano Internacional?
É uma pena dizer que não. No estratégico, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em exércitos invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino senão o de terminarem ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, só que sem o canal.
No financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus juros, quando de libertar-se das rendas líquidas, das matérias primas e a energia barata que lhes exporta e cede todo o Terceiro Mundo.
Este deplorável quadro corrobora com a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a exigir, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente esperamos todos esses séculos para cobrar.
Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias as taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.
Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados, mas o simbólico juros de 10 por cento, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base, e aplicando a f´romula européia de juros composto informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, um montante de 185 mil quilos de outro e 16 milhões de prata, ambas cifras elevadas à potência de 300.
Ou seja, um número cuja expressão total seriam necessárias mais de 300 cifras, e que supera amplamente o peso total do planeta terra. Muito pesadas são essas moedas de ouro e prata. Quanto pesariam, calculadas em sangue?
Deduzir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficiente para cancelar esse pequeno juros, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demente irracionalidade dos supostos do capitalismo.
Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam os indo-americanos. Mas se exigimos a assinatura de uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente; e que os obrigue a cumprir seu compromisso mediante uma pronta privatização ou reconversão da Europa, que lhes permita entregá-la inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica.”
* Trecho do livro “A saúde a partir da dimensão anti-poética”, de Hernando Vanegas Toloza.
enlace original: http://www.anncol.org/es/site/doc.php?id=3452