Simón Trinidad 2 x 1 USA
[Paul Wolf]
Se é um acusado de “alto calibre” em um caso federal de conspiração como o que se comenta aqui, o mais provável é que o declarem culpado, com provas ou sem provas evidenciais. Então, se não há as devidas provas, os fiscais do governo federal proverão uma quantidade interminável de testemunhas supridas pelo programa de re-inseridos da Colômbia. Agora, essas testemunhas quase sempre são elementos de “baixo nível” que cumprem penas e que estão dispostos a dizer oque quer que seja para conseguir sua liberdade ou conseguir uma redução das penas e mais dispostos ainda se a oferta for uma residência nos E.U.A.
Na semana passada Simón Trinidad conseguiu vencer todos esse obstáculos e mais uma vez conseguiu com que o julgamento fosse considerado nulo e viciado ao não haver veredito por parte dos jurados. É assim, como o terceiro julgamento cuja acusação nesse caso era a de conspiração para importar narcóticos aos EUA. Agora, a contagem é: Simón Trinidad 2, USA 1.
De alguma forma é um consolo de que o júri nesse caso não estava disposto a condená-lo, mas o fato de que será levado à um novo julgamento no dia 3 de março, demonstra a confiança da fiscalía, que parece acreditar que se seguirem tentando condená-lo e o vão conseguir, com uma combinação de informantes pagos, informantes clonados e alguns membros do jurado que sejam complacentes e dóceis poderão alcançar seu objetivo de culpabilidade. Os fiscais farão válido o refrão da condenação e que por certo o condenarão chamando-o um “sanduíche de presunto”...
Considerando que a sentença de 40 anos que espera Trinidad na Colômbia e que foi recentemente confirmada em uma apelação. Ainda terá que cumprir dezenas de anos pela condenação imposta pela conspiração para a tomada de reféns aqui nos EUA, e levando em conta que Simón Trinidad é um homem de 57 anos. Estes julgamentos são como eventos esportivos, ou talvez como se viesse um pobre acusado desarmado fazer frente à uma jaula de leões em um Coliseu Romano. O que se esperava não existir em um processo em uma nação civilizada. Os meios de comunicação colombianos a duras penas dão cobertura à esse julgamento. Isto causou uma mudança drástica desde a cobertura inicial quase que diária que se fez durante o primeiro julgamento. Dali, nos perguntamos que tipo de show ou armação será o da fiscalia com a futuro processo de acusação dos 50 líderes das FARC (nenhum dos quais foi capturado ainda)..
E agora, Sonia, que disse de acordo com uma declaração pública da senadora Piedad Córdoba e divulgada pela Univisión. “Se o processo se travava que se tranqüilizava por ela e o senhor Trinidad”. Me pergunto se isto não reforça a posição do governo colombiano de não regressar à Colômbia Sonia e Simón, ambos militantes das FARC e extraditados aos EUA pelo governo de Uribe.. De outra parte, será que Sonia não quer ser incluída em um intercâmbio de prisioneiros. Ela está mais preocupada com o bem-estar dos mais de 50 detidos pelas FARC e pelas terríveis condições que devem padecer. Esta é uma mulher que foi vítima de uma das mais descaradas armações por parte de re-inseridos que foram muito bem pagos (e para sermos justos, também, fortemente ameaçados). Sonia, quem, também esteve por anos em confinamento solitário. Essa declaração é como para suicidar-se lançando-se de cabeça do último andar.
Claro, há melhores notícias para todos aqueles preocupados com a justiça, os direitos e a dignidade do povo colombiano. No caso contra a Chiquita Brands, quatro membros do congresso colombiano têm introduzido uma resolução solicitando ao Fiscal Geral Mario Iguarán que extradite os executivos da Chiquita à Colômbia para uma acusação criminal. É um esforço bipartidário liderado por Antonio Guerra da Espierella (Troca Radical) e Luis Fernando Duque (Partido Liberal).
Me dizem, (mas não posso confirmar) que se isso realmente ocorre, seria a primeira vez que um cidadão estadunidense seria extraditado à Colômbia. Colômbia extradita mais de 100 pessoas aos EUA a cada ano. A maioria nem seque havia contemplado ir a visitar os EUA. Os EUA extradita mais de 50 pessoas por ano à diferentes nações ao redor do mundo. Os narcos na prisão da Combita já tem uma “oficina” aqui em uma prisão do Distrito de Columbia (D.C.) Talvez algum dia, Washington DC, será o maior centro de importação de drogas e de narcotraficantes também. Não vejo nada positivo para os EUA nesse assunto.
Os colombianos deveriam pedir a seus representantes no congresso a extradição dos executivos da Chiquita e de assegurar que esta moção passe em plenário. É um assunto de soberania nacional para demonstrar que a extradição de um cidadão dos EUA à Colômbia também é possível e não haveria um melhor caso como esse da Chiquita. Estamos falando da MESMÍSSIMA UNITED FRUIT COMPANY. Este é o caso que pôs Jorge Eliécer Gaitán no cenário nacional em 1929, quando apelou à dignidade e orgulho do povo colombiano depois que o Exército da Colômbia massacrou uma quantidade estimade em mais de 3000 trabalhadores que faziam greve nas bananeiras. O massacre cometido pelas tropas do governo foi com a finalidade de proteger os interesses dessa empresa multinacional extrangeira. Ninguém foi castigado por nenhum desses crimes cometidos por essa empresa, e essa seria a oportunidade de fazê-lo.