"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A unidade não é um dogma, é uma relação dinâmica, dialética.


Por Nelson Lombana Silva
O pau não está para fazer colheres” é um dito popular que, possivelmente, cai bem nestes momentos de conjuntura onde o país se encontra abocado a uma série de acontecimentos, alguns bastante contraditórios, e que exigem da esquerda e dos democratas posições claras e consequentes. Se poderia dizer que não há momento para as ambiguidades, sectarismos e vacilações.
De um lado, cada vez se coloca com mais nitidez a criminalidade do regime capitalista que o presidente Santos e seus apaniguados lideram. A criação de sete bases norte-americanas e a condução de operações miltares diretamente pela CIA para assassinar comandantes da guerrilha e, ao mesmo tempo, carta branca para as empresas transnacionais acabarem com o meio ambiente e a soberania nacional. Isso é supremamente grave.
De acordo com a crua realidade que o “Washington Post”, imprensa do imperialismo, denuncia e que o comandante Fidel Castro já havia denunciado, a verdade é que temos um exército lacaio, posto a serviço das multinacionais e transnacionais. Quer dizer, quem vem sabotando os diálogos de La Habana [Cuba] não é propriamente o “ministrinho” de Defesa Juan Carlos Pinzón [garotinho mimado de Álvaro Uribe Vélez], mas sim diretamente a CIA através de suas operações encobertas.
Quer dizer também que toda a enxurrada de corrupção, violência, desemprego etc tem necessariamente que ver com as decisões políticas não traçadas pelo governo nacional, mas sim pelo Fundo Monetário Internacional [FMI] e em resumidas contas pelos Estados Unidos. Não é, então, uma frase de efeito dizer que o presidente Santos fala espanhol porém pensa em inglês.
Enquanto a soberania nacional se descaroça como uma espiga de milho, o movimento insurgente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo, FARC-EP, e um amplo setor de esquerda e democratas lutam denodadamente pelo fim do conflito social e armado que sacode o país há mais de 50 anos. É um esforço titânico, de singular coragem, que dependerá no mais alto grau do papel que assuma o povo colombiano devidamente organizado e politizado. Já o disse o comandante Timoleón: A chave da paz não a tem na guerrilha nem o governo de Santos, a tem o povo.
É bem claro que em Havana [Cuba] não se está definindo casa, carro e bolsa para a insurgência, o que se está definindo é o destino da pátria, dos 47 milhões de colombianos e colombianas que transitam caminhos e avenidas sem amor e sem esperança. Resolver as causas do conflito, aclimatar a democracia e a liberdade para discordar sem o temor de ser assassinado, como vem sucedendo de ponta a ponta no país.
Assim contado rapidamente, se diria a voo de borboletas amarelas, para trazer à baila a linguagem macondiana de Gabriel García Márquez, fazem um negócio muito frágil certos companheiros que se declaram de esquerda e unitários acerca da dinâmica mesma da unidade. Parece que para eles a unidade é um dogma que tem uma só cara e uma só fase totalmente isolada da anterior.
Para os que pecam de boa-fé nessa interpretação, bom resulta dizer à maneira de tese de que a unidade não é um dogma, é uma relação dinâmica, dialética. Isso quer dizer que não é estática, nem perfeita, porquanto constantemente vai se desenvolvendo. É um processo com avanços e retrocessos, acertos e desacertos.
Em reiteradas oportunidades dissemos que se só há um ponto que una as diferentes esquerdas que há na Colômbia, devemos todos prodigalizar-nos a fundo, com decisão política, espírito revolucionário e princípio dialético. No nosso modo de pensar, é errático esperar que haja acordo em tudo para então, sim, sentar-nos a falar de unidade. Repetimos: A unidade se constrói na práxis, na ação, e não simplesmente teorizando.
Não é gratuito o esforço que vem fazendo o Partido Comunista na construção de uma frente ampla pela paz e a democracia. Temos que ser consequentes entre o que se diz e se faz. Se dizemos que na Colômbia há esquerdas, Por que não juntar as rebeldias com fundamento nos pontos que nos unem? Ante um regime tão assassino que ninguém o pode negar. No entanto, alguns companheiros ainda ficam pensando se é importante a unidade ou não ou talvez buscando falsos puritanismos e alianças ideais.
Alguns, inclusive, grosseiramente se atreveram a dizer que o camarada Carlos Arturo Lozano Guillén, candidato ao senado da República, se havia dobrado por motivo da Aliança Verde, um acordo claro que se subscreveu na dinâmica de destravar o processo unitário e cada vez fazê-lo mais real e amplo com opção de poder. O curioso é que alguns deles, quando se lhes convida a debater sobre o tema, não participam. Isso, o que é?
Com razão, disse o camarada Lozano Guillén em 11 de janeiro, desde a cidade de Ibagué, que não havia se rendido quando Uribe e o então ministro de Defesa Juan Manuel Santos queriam metê-lo no cárcere com a história dos computadores do comandante da guerrilha Raúl Reyes e países como França, Espanha e Suíça lhe ofereceram asilo político e ele não se foi. Pelo contrário, enfrentou com dignidade a tempestade e se manteve com a solidariedade nacional e internacional. Talvez para alguns poucos isso não é suficiente.
Fazia muitos anos que o Tolima não tinha um filho tão ilustre nas sadias aspirações de chegar ao senado da República. Um homem capaz, inteligente e decidido, porém sobretudo: Comunista, revolucionário. Lozano Guillén não se vende, nem entrega as bandeiras do povo por um simples prato de lentilhas. Ao lado dele, está a companheira Lily Ipuz Medina, candidata à câmara de representantes 104 no cartão. Uma mulher simples, campesina, indígena, porém comunista e revolucionária, também demonstrado mais na prática que na teoria.
A proposta é seguir debatendo sobre a unidade, porém na ação, não sentados em gabinetes esperando que o outro se equivoque para cair-lhe [matando] com tudo. A unidade não é imposição, não é estigmatização, a unidade é diálogo teórico-prático, é fraternidade, solidariedade e práxis. Não é um dogma, é uma relação dinâmica, dialética que todos os dias se constrói. Todos e todas temos a responsabilidade de contribuir neste processo, só assim é possível enfrentar com êxito o ogro de mil cabeças que representa hoje o regime capitalista com a mundialização e o neoliberalismo.
Fonte: www.pacocol.org

Tradução: Joaquim Lisboa Neto