"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

As FARC saúdam ao povo colombiano por ocasião do fim de ano





O verdadeiro personagem do ano de 2013 é o povo colombiano, esse que com seu trabalho e suor gera as riquezas das quais se apropriam a oligarquia dominante e os monopólios estrangeiros. Esses milhões de homens e mulheres que diariamente se levantam para conseguir a golpe de esforço o pão para seus filhos; aqueles que com machado, facão e enxada fazem brotar da terra a maior parte dos alimentos que consumimos milhões de compatriotas; esses que vendem sua força de trabalho por um mísero salário pechinchado até o último centavo pelos mesquinhos patrões.

As mulheres cabeça de família. que suportam o peso da múltipla exploração e a discriminação; os povos indígenas e as comunidades negras que, ademais de seu trabalho, contribuem com a riqueza de seus ancestrais para a identidade nacional; os jovens que com sua força, alegria e otimismo nos indicam que haverá um amanhã melhor para a pátria; os desempregados e os desaparecidos das estatísticas oficiais por artes de magia governamental; os deslocados pela violência estatal e paraestatal, os empregados e profissionais cada vez mais empobrecidos e endividados; os artistas populares, os intelectuais e acadêmicos que contribuem com suas luzes para a luta popular. A todo esse povo colombiano, vai nossa saudação neste ano que começa.
2014, ano do 50º aniversário das FARC-EP e do ELN como bastiões de luta e resistência do povo colombiano. Ano decisivo na busca da paz com justiça social, democracia real e soberania para Colômbia; o grande objetivo que nos levou a Havana e que, após um ano de conversações, se encontra mais próximo no horizonte da pátria, muito apesar da resistência governamental a abordar os temas estruturais que deram origem e alimentam o conflito e dos ataques permanentes contra o processo por parte do militarismo a paisana e de uniforme.
Grandes jornadas nos esperam aos colombianos no ano que começa, as mais importantes [são] as relacionadas com a conquista da paz. A defesa do processo de Havana e a exigência de iniciar diálogos com as demais forças insurgentes são tarefas de primeira ordem no caminho para a paz, tal e como a concebida desde os setores populares, algo muito diferente ao que pretende o governo de Juan Manuel Santos, que concebe e entende a paz como a claudicação da insurgência em benefício de seu modelo de dominação econômica, política e social, para proveito exclusivo das elites dominantes e potências estrangeiras.
Conquistar essa paz tão desejada pela imensa maioria dos colombianos não é só questão da Mesa de Havana; vencer a resistência da classe dominante a produzir as mudanças estruturais que a paz requer exige a presença ativa do povo soberano nas ruas e rodovias do país. O ano que termina nos deixa inestimáveis experiências nesse sentido: as mobilizações em defesa da saúde e da educação públicas, a paralisação dos cafeicultores, de caminhoneiros, os protestos dos cacauicultores e arrozeiros, a histórica jornada dos habitantes da região do Catatumbo, as lutas pela defesa da pequena mineração e da mineração artesanal e contra os mega projetos mineiro-energéticos e agroindustriais, a paralisação agrária e popular, as greves em diferentes empresas e o rechaço cidadão à destituição do Prefeito da Capital [Bogotá], entre muitas outras expressões locais e regionais, assinalam que o povo começou a ter consciência de sua força como poder constituinte, para fazer valer seus direitos e aspirações.
Unir esses milhões de vozes num só clamor nacional pela solução dos problemas mais urgentes; unir essas múltiplas aspirações numa só torrente de luta pela paz com justiça social, democracia real e soberania é requisito indispensável e a tarefa mais urgente para obrigar a oligarquia dominante a abrir a comporta das transformações que deem passagem à paz para nosso povo.
Esse é o desafio que temos os que, desde diferentes posturas e as mais variadas formas de luta, aspiramos a conquistar a paz para Colômbia. Nessa direção aponta a importante e significativa reunião dos máximos comandantes do ELN e das FARC-EP efetuada neste ano. Unidos conseguiremos fechar a passagem aos inimigos da paz e aos que buscam utilizá-la como bandeira para sua aspiração reeleitoral.
Por esta razão, saudamos e estimulamos os esforços que diferentes setores sociais e políticos vêm fazendo pela composição de um grande movimento nacional pela paz, justiça social, democracia real e soberania; pela integração de um bloco alternativo em capacidade de disputar o poder contra a oligarquia guerreirista e vende pátria; por um novo governo de maiorias realmente democrático e patriótico, que não tema estampar sobre o tratado de paz o selo indelével de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Por nossa parte, como o testificam a recente declaratória unilateral de cessar-fogo e as centenas de propostas levantadas à Mesa de La Habana, seguiremos realizando todos os esforços necessários para concretizar a paz com justiça social. É o compromisso legado pelos fundadores das FARC-Exército do Povo.


SECRETARIADO DO ESTADO-MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
Montanhas da Colômbia, dezembro de 2013.

Tradução: Joaquim Lisboa Neto