"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FARC denunciam extermínio de ativistas políticos da Marcha Patriótica


La Habana, Cuba, sede dos diálogos de paz, 22 de janeiro de 2014


No último 20 de janeiro, em roda de imprensa, a ex-senadora Piedad Córdoba denunciou ante o mundo a notícia do assassinato de 29 ativistas do Movimento político e social MARCHA PATRIÓTICA em dois anos de existência. E, no mesmo evento, um dos 256 ativistas encarcerados, Francisco Tolosa, responsável de relações internacionais dessa organização, sem nunca ter empunhado uma arma, expressou via telefônica desde a prisão que “estamos presos por fazer política sem armas” e opinou “que não há democracia real na Colômbia sem Marcha Patriótica”.


Falamos com certa inquietação desde Havana, onde firmamos com o governo de Juan Manuel Santos um acordo parcial para ampliar a democracia e a participação política na Colômbia, porque o fato denunciado pela dirigente de MARCHA é uma contradição ao pactuado, um desconhecimento dos deveres do Estado e um péssimo sinal que segue minando a confiança na palavra do governo.


O que Piedad Córdoba denuncia reafirma que durante o governo de Santos se desconhece a opção pública e se segue exterminando os ativistas políticos e de organizações sociais e populares.


Para que este processo de paz não termine numa farsa ou numa comédia, em sonoridades de palavras vazias sobre expansão da democracia, é urgente que o governo detenha a via crucis da Marcha Patriótica.


Todos os colombianos, os que sempre sonhamos com a solução política ao mais longo dos conflitos no hemisfério, com o fim da confrontação para que tenhamos reconciliação nacional, temos que defender o processo de paz e exigir verdadeiras garantias políticas e segurança para os movimentos sociais e políticos do país.


Não podemos tolerar que, em meio a um processo de paz, a Marcha Patriótica seja aniquilada de maneira sistemática, dia a dia, como ocorreu com a UP, não somente de cara ao governo, mas também com sua participação solapada, calando frente aos assassinatos, urdindo o empapelamento jurídico dos líderes para colocá-los atrás das grades, porque “representam um pensamento perigoso”, como diz uma das fiscais. Os assassinatos de líderes sociais e populares sempre tiveram na Colômbia um começo com a denominada judicialização, porém depois terminaram mortos.


Se nos incita permanentemente desde o governo a mudar balas por votos, porém se assassina e se mutila aos campesinos quando protestam, saturados de justiça, nas rodovias contra as políticas do Estado que só favorecem os interesses das transnacionais e condenam as maiorias a viver como párias com as bandeiras da soberania dobradas, atiradas ao solo.


Como doem as justificativas que fazem alguns agentes do Estado para explicar porque ocorreu o terrível genocídio da UP. Jamais aceitaremos a explicação brutal e incivilizada de que aquelas mortes ocorreram porque não podiam permitir impunemente a combinação das formas de luta. Porém, nós afirmamos que nem Jaime Pardo, nem Bernardo Jaramillo, nem Leonardo Posada, nem José Antequera, nem Manuel Cépeda, nem os congressistas, nenhum dos milhares de mártires da UP portava fuzis nem antes nem no momento de serem assassinados.


Quanta razão assiste ao senhor Fiscal Geral da República, o doutor Eduardo Montealegre, quando afirma que “o grande desafio do pós conflito vai ser a guerra suja”.


Na Colômbia, é uma necessidade vital desmontar a Doutrina da Segurança Nacional, a concepção do inimigo interno e o paramilitarismo, como fatores que o terrorismo de Estado tem espicaçado. O governo não somente deve jurar um “nunca mais”, como também desenvolver ações convincentes para frear operações sanguinárias como a do tristemente célebre “Baile Rojo” [Baile Vermelho], que exterminou um movimento e que agora pretende aplicar-se à Marcha Patriótica.


Onde está a tolerância apregoada no acordo parcial para a Participação Política? Há que deixar de lado as palavras bajuladoras e açucaradas sobre a democracia, quando se tolera a explosão das balas contra os opositores do regime, para destruir, de maneira calculada, qualquer manifestação de construção de uma alternativa política. Há que começar a aplicação, já, do acordado, para que o processo não seja verborragia vazia. É um dever do Estado proteger a vida dos cidadãos e garantir o direito à opção política na Colômbia.


DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP


Tradução: Joaquim Lisboa Neto

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