"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Plano Balboa: Não só contra Chávez

Um plano conspirativo, desenhado pelos Estados Unidos, que teria como base de operações o território colombiano, pretende não só a eliminação física do presidente Hugo Chávez, mas frear o processo de integração regional bolivariano. Também Evo Morales e Rafael Correa denunciam planos criminosos contra eles. A última vez que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, fez alusão à existência de um plano criminoso para assassiná-lo, orquestrado na Colômbia, foi no dia 2 de fevereiro em seu habitual programa Alô Presidente.

De acordo com a versão do mandatário, fontes de inteligência dos países vizinhos alertaram sobre a existência do denominado “Plano Balboa”, que não só tomaria a Colômbia como ponta de lança para uma provocação militar na zona fronteiriça, mas o incidente seria tomado como pretexto para uma intervenção de forças combinadas da OTAN, com o propósito não só de ocupar a Venezuela e reverter o processo revolucionário, mas eliminar fisicamente ao presidente Chávez.

A denúncia do presidente Chávez é contundente e tem uma razão multiforme de antecedentes. Não se trata de uma atitude paranóica, como foi apresentada em Bogotá pelos principais meios de comunicação afetos ao sistema governante. E não é o primeiro plano criminoso que se faz nesta direção, com inspiração norte-americana.

Versões diversas

Vários investigadores norte-americanos reconheceram, há vários meses, a existência de um Plano Tenaza, desenhado pela CIA, para assassinar Chávez no marco do processo eleitoral para o referendo, que concluiu com um revés eleitoral para o mandatário. Os resultados eleitorais não facilitaram a execução então da estratégia, e hoje se fala de que a CIA haveria redesenhado seu propósito criminal, com o nome de Plano Sombras.

Chame-se Balboa, Tenaza ou Sombras, o certo é que a versão de que algo se cozinha no solo colombiano não parece ser simplesmente uma afirmação irresponsável e acalourada. Poucos acreditaram na versão de que a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, abandonou o cenário de Davos, Suíça, onde estava em jogo a estratégia econômica dos Estados Unidos e as maiores potências do mundo, apenas para subir no Teleférico de Medellín e falar do TLC com os empresários antioquenhos.

Não é tampouco coincidência, como bem afirmou o mandatário venezuelano, que em poucas semanas tenham coincidido em suas visitas à Colômbia, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Militares dos Estados Unidos, o almirante Michael Glenn Mullen e o chamado ‘czar’ anti-drogas, John Walters, todos eles acompanhados de um pelotão de tecnocratas, burocratas e parlamentares de ambos partidos.

Por que Medellín?

Na Colômbia, muitas pessoas se perguntam também, por que todos visitam Medellín, laboratório de experimentação paramilitar, com o que há de mais reacionário e incômodo da burguesia colombiana, uma cidade que, entre outras “cortesias” dos Estados Unidos, foi visitada em junho de 2006 por um bombardeiro B-52, da Força Aérea desse país, com capacidade para transportar 70 mil libras de bombas e mísseis, que veio com a missão estratégica de comprovar se poderia operar a partir do aeroporto do Rio Negro, muito perto da fronteira com a Venezuela.

Ventos de guerra

Desde os tempos do 11/set. , o vice-presidente Cheney falou de que os Estados Unidos iria desatar uma guerra que não se limitaria a uma reação contra a Al-Qaeda, mas que teria objetivos múltiplos e transitórios”. Em 1997 a imprensa norte-americana se deu conta da existência do Projeto para o Novo Século Americano (PNAC por suas siglas em inglês), que recomendava “ataques preventivos”, com ogivas nucleares pequenas, capazes de dar no branco, e “guerras relâmpago” contra os países que constituem o “eixo do mal”. E já sabemos que a lista de inimigos da “democracia” norte-americana foi incluído Cuba, e se junta aos governos de Venezuela, Bolívia e Equador, como estimuladores de atividades terroristas e hostis aos Estados Unidos.

Plataforma Colômbia

Nessas condições, um plano de intervenção norte-americana, direta ou indireta, aponta não só ao assassinato de Hugo Chávez, mas à reversão de todo o projeto de integração latino-americana liderado pelas jovens democracias da Bolívia, Equador, Venezuela e outros países que não se subjuguem aos ditames norte-americanos. Por isso Evo Morales e Rafael Correa aparecem também na mira dos assassinos.

O doloroso dessa trama é que no momento, Washington não parece considerar uma intervenção direta e encontrou como uma quinta coluna o Governo colombiano do presidente Uribe Vélez, porta-voz de uma oligarquia que Chávez qualifica como “apátrida, anti-bolivariana e inimiga dos povos”.

Não é casual, o ambiente revanchista, anti-venezuelano e de desprestígio e más interpretações da obra do presidente Chávez, apoiada por cadeias de rádio RCN e Caracol e de muitos colunistas da imprensa oficiosa do governo uribista.

Reverter as mudanças

Os epítetos não deixam de acusar Chávez de ser o chefe das FARC, de ser consumidor de cocaína, homossexual; de que seu Governo é plataforma do tráfico de entorpecentes para os Estados Unidos e a Europa, que a Prefeitura de Maracaibo entrega armas às FARC, que Chávez abrirá uma oficina permanente para a guerrilha em Caracas e entregará passaportes aos seus comandantes; enfim, todo um clima propício para predispor a opinião pública para uma confrontação militar de que falam com muita propriedade colunistas de ambos os lados da fronteira.
Cabem às forças democráticas da Colômbia, Venezuela e do resto do continente fazer um grande esforço para conscientizar a sociedade de que está em marcha um plano intervencionista de grandes proporções, com a conivência do Governo colombiano, para reverter o processo de reformas democráticas no continente, que tornou-se incômodo aos planos geo-estratégicos da Casa Branca. Trata-se disso.