"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"Um segundo 11 de setembro": Parte integral da doutrina militar dos EUA



por Michael Chussodovsky

Há já vários anos que os principais dirigentes da administração Bush, incluindo o presidente e o vice-presidente têm-se referido, de um modo abstracto, ao facto que ocorrerá um "Segundo 11 de Setembro".

Citações de discursos presidenciais e documentos oficiais abundam. A América está ameaçada:

"Os ataques a médio prazo… Equiparar-se-ão ou excederão os ataques do 11 de Setembro… E é bastante claro que a capital da nação e a cidade de Nova Iorque estariam em qualquer lista de ataques…" (Tom Ridge, antigo secretário da Segurança Interna – Department of Homeland Security – Dezembro de 2003)

"Podem perguntar-se, 'É coisa séria?' Sim, podem crer. As pessoas não fazem estas coisas a não ser que a situação seja muito séria." (Donald Rumsfeld, antigo secretário da Defesa, Dezembro de 2003)

"... Relatórios credíveis indicam que a Al Qaeda está a continuar com os seus planos de levar a cabo um ataque de grande escala aos Estados Unidos num esforço para pôr em causa o nosso processo democrático... (Tom Ridge, antigo secretário da Segurança Interna, 8 de Julho de 2004)

"O inimigo que nos atacou a 11 de Setembro está enfraquecido, mas no entanto continua letal e a planejar atingir-nos de novo." (Vice-presidente Dick Cheney, 7 de Janeiro de 2006)

"Ainda somos uma nação em risco. Parte da nossa estratégia, claro, é ficar na ofensiva contra terroristas que nos querem atacar. Em outras palavras, é extremamente importante derrotá-los no exterior para que nunca tenhamos de enfrentá-los aqui. No entanto, reconhecemos que temos de estar totalmente preparados aqui, na nossa casa". (Presidente George W. Bush, 9 de Fevereiro de 2006)

"O nosso principal inimigo é a al Qaeda e os seus afiliados. Os seus aliados escolhem as suas vítimas indiscriminadamente. Assassinam inocentes para propagar uma ideologia clara e focada. Querem estabelecer um Califado Islâmico radical, para que possam impôr uma nova ordem brutal a pessoas que não o querem, como os nazis e os comunistas tentaram fazer no século passado. Este inimigo não aceitará quaisquer negociações com o mundo civilizado…" (Presidente George W. Bush, CENTCOM Conferência da Coligação, 1 de Maio de 2007)

"Hoje temos as capacidades técnicas e científicas que levantam a possibilidade de um pequeno grupo de terroristas poder vir a matar não apenas milhares de pessoas, como fizeram no 11 de Setembro, mas centenas de milhares de pessoas. E isso mudou a dimensão da ameaça que enfrentamos." (Michael Chertoff, secretário da Segurança Interna, Universidade de Yale, 7 de Abril de 2008)

"Estamos a combater numa guerra contra o terror porque o inimigo nos atacou primeiro, e atacou-nos forte. …Os líderes da Al Qaeda disseram que têm o direito de "matar quatro milhões de americanos,"… Há cerca de seis anos que os Estados Unidos têm sido capazes de defender as suas tentativas de nos atacar em casa. Ninguém pode garantir que não seremos atingidos novamente. … (Vice-Presidente Dick Cheney, Abertura solene da Academia Militar de West Point, Nova York, 26 de Maio de 2008)

[ênfase acrescentada]
Todas estas declarações com "autoridade" apontam o coro na mesma direcção: O inimigo atacará novamente!

"O segundo 11 de Setembro": Perspectiva histórica

A presunção de um segundo 11 de Setembro tornou-se uma parte integral da doutrina militar dos EUA. A América está sob ataque. Os militares estado-unidenses têm de responder de forma antecipada.

Imediatamente após as operações de invasão do Iraque terem sido postas em marcha, várias medidas de segurança nacional foram postas em acção, focando-se explicitamente na eventualidade de um segundo ataque aos EUA. De facto, estes procedimentos foram lançados em simultâneo com a primeira fase dos planos de guerra contra o Irão em Maio de 2003, sob a Operação Teatro de Guerra Irão a Médio Prazo (Operation Theater Iran Near Term – TIRANNT) . (Ver Michel Chossudovsky, "Theater Iran Near Term" (TIRANNT), Global Research, 21 de Fevereiro de 2007).

O papel de um "Evento produtor de vítimas em massa"

O antigo comandante da CENTCOM, general Tommy Franks, numa entrevista para uma revista em Dezembro de 2003, destacou um cenário que descrevia como um "evento produtor de vítimas em massa" em solo americano [um Segundo 11 de Setembro]. Implícito na declaração do general Franks estava a noção e crença que mortes civis eram necessárias para consciencializar as pessoas e juntar apoio público à "guerra global contra o terrorismo":

"[Um] evento terrorista, produzindo vítimas em massa, [ocorrerá] algures no mundo ocidental – pode ser nos Estados Unidos da América – que levará a nossa população a questionar a própria Constituição e a começar a militarizar o país para evitar a repetição de outro evento causador de vítimas em massa." (Entrevista do general Tommy à Cigar Aficionado, Dezembro de 2003)

Franks aludia obliquamente a um "Segundo 11 de Setembro", que seria usado para galvanizar a opinião pública dos EUA em apoio da Lei Marcial.

O "evento terrorista produtor de vítimas em massa" foi apresentado pelo general Franks como um ponto de viragem política crucial. A crise e os tumultos sociais resultantes das mortes civis facilitariam uma grande mudança nas estruturas políticas, sociais e institucionais dos EUA, levando à suspensão do governo constitucional. (Ver Michel Chossudovsky, Directiva de Bush Directive para uma "Catastrophic Emergency" in America: Building a Justification for Waging War on Iran? Global Research, June 24, 2007)

Operação Northwoods

O conceito de "evento produtor de vítimas em massa" resulta de planeamento militar. Em 1962, os chefes dos estados-maiores militares visualizaram um plano secreto intitulado "Operação Northwoods", que deliberadamente despoletaria mortes de civis entre a comunidade cubana em Miami ( i.e. "encenar o assassinato de cubanos habitando nos EUA") para justificar a invasão de Cuba:

"Podíamos rebentar um navio americano na Baía de Guantanamo e culpar Cuba," "Podíamos desenvolver uma campanha de terror comunista cubano na área de Miami, em outras cidades da Florida e até em Washington" " listas de mortos nos jornais americanos causariam uma onda de apoio e de indignação nacional." (Ver o agora liberto documento Top Secret de 1962 entitulado "Justificação para intervenção militar dos EUA em Cuba" (Ver Operation Northwoods em http://www.globalresearch.ca/articles/NOR111A.html ).

A Operação Northwoods foi apresentada ao presidente Kennedy. O projecto não foi posto em prática.

Para consultar o Arquivo Northwoods clique aqui

O artigo (na íntegra) encontra-se em Resistir.info.