"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 18 de abril de 2007

Farc: As tropas norte-americanas devem sair da Colômbia

“São uma verdadeira ameaça para a soberania, a paz e a segurança da região. Não queremos que esse território seja utilizado como base de agressão contra nenhum governo nem povo de Nossa América”, afirma seu Secretariado em Carta Aberta divulgada pela ANNCOL no dia de hoje dirigida a presidentes, primeiros ministros e chefes de Estado de todo o mundo. “Os governos democráticos do mundo devem cortar o apoio e a credibilidade a um Regime baseado na violência como é o da Colômbia que elimina seus opositores políticos, e não somente, porque também assassina e desaloja os povoadores das zonas objetos de seus investimentos e megaprojetos”, enfatiza.


Uribe Vélez, sujeito desprezível!


[ANNCOL]

Difundimos textualmente Carta Aberta completa

***

Senhores Presidentes, Primeiros Ministros e Chefes de Estado do mundo:

Queremos falar-lhes do holocausto do povo da Colômbia provocado pelo presidente Álvaro Uribe Vélez e pelo governo mais poderoso da terra, o dos Estados Unidos.

O atual governo da Colômbia é ilegítimo e ilegal porque foi imposto pelo horror do narco-paramilitarismo. As notícias emitidas desse país flagelado confirmam todos os dias essa brutalidade. O da Colômbia é um governo manchado com sangue e cocaína. Está montado sobre massacres paramilitares, desalojamentos forçados da população e fraudes eleitorais. Os chefes paramilitares proclamam abertamente que uma elevada porcentagem dos atuais congressistas foram eleitos por eles e obedece às suas orientações. É sabido que essas maiorias parlamentares alteraram a Constituição de 91 para garantir a reeleição de Álvaro Uribe. A Chanceler e o chefe da polícia secreta de Uribe tiveram que sair do governo devido às suas relações com o paramilitarismo. Concerto para quebrar a lei é a imputação da Corte Suprema de Justiça e a Procuradoria aos parlamentares e governadores uribistas que são encarcerados...

Só Washington garante – para a vergonha do povo dos Estados Unidos - que como o de Uribe não há governo mais legítimo no mundo.

Em nome do neo-liberalismo depredador, Colômbia converteu-se em um inferno. Os rapazes da Wall Street impuseram a política da “Segurança Democrática”, nova versão da terrorista Doutrina de Segurança Nacional que reprime a inconformidade social e assegura o saque das multinacionais. Reforça essa política o incremento de tropas norte-americanas em nosso solo, a utilização de tecnologia militar de ponta made in usa, o “Plano Patriota” do Comando Sul que assassina e desaparece com camponeses, arrasa cultivos de subsistência, rouba as produções, fumiga com substâncias letais o campo e provoca o desalojamento em massa da população. É terrorismo de Estado e terra arrasada, a receita de Washington para assegurar a espoliação.

As tropas norte-americanas devem sair da Colômbia. São uma verdadeira ameaça para a soberania, a paz e a segurança da região. Não queremos que esse território seja utilizado como base de agressão contra nenhum governo nem povo de Nossa América.

O que ocorre nesse país não é realismo mágico. São milhares e milhares os mortos; o esquartejamento de pessoas com moto-serras não é fantasia. São milhares os desaparecidos; mais de 4 milhões as pessoas desalojadas. Somam mais de 4 mil as valas comuns cavadas pela Procuradoria; mais de 150 mil as pessoas detidas em investidas de massa; e já beiram 500 os colombianos extraditados aos Estados Unidos para que sejam julgados com leis alheias e em outro idioma por delitos políticos e comuns cometidos na Colômbia, a milhares de quilômetros do império. Uribe e Bush com suas tropas gringas e colombianas, com seus paramilitares e com suas leis, e o financiamento da morte com dinheiro de narcotraficantes, empresários, pecuaristas e de multinacionais petroleiras, bananeiras e carvoeiras dos Estados Unidos, têm gerado uma das mais graves crises humanitárias e de violação dos direitos humanos no mundo de hoje.

Aqui a inversão social foi consumida pela guerra, enquanto crescem a pobreza, as privatizações, o desemprego, os salários de fome, a dívida externa e o país é depenado com Tratados de Livre Comércio caracterizados pelo dano.

É impossível que não se olhe para esse triste holocausto. Os governos democráticos do mundo devem cortar o apoio e a credibilidade a um Regime baseado na violência como é o da Colômbia que elimina seus opositores políticos, além de assassinar e desalojar os povoadores das zonas objeto de suas inversões e mega-projetos.

Senhores Presidentes, Primeiros Ministros e Chefes de Estado: o povo colombiano pede a solidariedade de seus governos e o acompanhamento das organizações políticas e sociais de seus respectivos países.

Agradecemos ao Presidente Evo Morales da Bolívia, suas palavras a favor do povo da Colômbia na cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro e a humanitária atitude do Presidente do Equador, Rafael Correa, que decidiu acolher em seu território os desalojados colombianos, outorgando-lhes ainda por cima, a cidadania do país irmão.

Aos governos do mundo pedimos que validem o caráter de força atuante das FARC, o que dinamizaria a busca de uma saída política ao conflito social e armado que vive a Colômbia. Não somos os terroristas que pinta a propaganda distorcida de Washington e Bogotá, mas a resistência de um povo às políticas de dominação do império e das oligarquias. Encarnamos o direito universal que apóia todos os povos do mundo a erguer-se em armas contra a opressão. Somos uma organização política e militar em luta por um novo governo que procure para o povo, segundo o mandato do Libertador Simón Bolívar, a maior soma de felicidade possível.

Um passo para a solução diplomática do conflito é a troca humanitária de prisioneiros de guerra em poder das partes envolvidas; mas isso não acontece por objeção de Uribe, que se nega a desmilitarizar um território para realizar o acordo que permita a liberação dos cativos na montanha e nos cárceres do Regime.

Acreditamos que o intercâmbio humanitário pode abrir as portas para um processo de paz; e na busca da solução política, as FARC estarão sempre prontas, na primeira fila.

Recebam nossa respeitosa saudação.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Nona Conferência

Montanhas da Colômbia, março de 2007

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