Paramilitarismo: uma política de Estado
Uribe chefe do atual paramilitarismo na Colômbia!
[Álvaro Vásquez del Real/ do Semanário VOZ/Colômbia]
A estas alturas do conhecimento público ninguém mais engole a conversa dos meios oficiais que tem durado tanto tempo, segundo a qual as evidências que comprometem os funcionários, militares e dirigentes do regime em suas estreitas relações com o paramilitarismo, são ocasionais condutas de alguns destes, que não comprometem o governo mesmo.
As inúmeras revelações que se conhecem demonstram sem nenhuma dúvida que se trata de uma política da qual são autores e responsáveis tantos os dirigentes dos grêmios empresariais como seus representantes políticos, os poderes militares e os detentores do poder de Estado.
Todo o dano espantoso que o câncer paramilitar tem causado à sociedade e particularmente ao movimento operário e popular e à sua organização, é o resultado de uma posição obtusa e revanchista que destruiu toda uma geração de lutadores sociais e políticos, calculando que desta forma poderiam apressar o passo rumo às profundas mudanças que o país precisa. Encerrados nesse círculo de seus privilégios, da perpetuação da desigualdade e do egoísmo mesquinho de classe que os caracterizam, os principais grupos que monopolizam o poder econômico e político têm utilizado, entre outras formas de dominação, este sangrento método de armar e financiar bandos terroristas.
Se este tem crescido até o ponto de dispor de fortes núcleos de funcionários, de quadros políticos e parlamentares, isso se deve, sobretudo, ao fato de que o paramilitarismo tenha se imbricado profundamente com a indústria de entorpecentes, o outro atalho no qual transitam setores da burguesia colombiana para acordar o caminho do enriquecimento desmedido, mediante a exploração de uma mais-valia extraordinária. Esta fusão narcopára tem permitido financiar um verdadeiro exército paralelo que, da sombra, tem sacrificado milhões dos melhores combatentes.
Como se estudou no seminário recente da Cátedra Gilberto Vieira, conforma-se, dessa maneira, um sistema de poder que vai engendrando um monstro de violência, terror de Estado e militarismo, cuja quintessência é o projeto de ultradireita do governo uribista com suas lendas do “estado comunitário”, que não é mais que um mecanismo de fortalecimento da arbitrariedade e a eternização no poder, em função dos interesses dos núcleos mais poderosos.
O que a situação atual exige é uma perspectiva de mudanças profundas, uma alternativa de paz, democracia e autonomia nacional, que é o que o Pólo Democrático Alternativo trata de construir e com a urgente necessidade de substituir o poder autoritário por um governo democrático de ampla coalisão social e popular.