O labirinto das relações Equador - Colômbia
[Por Manuel Salgado Tamayo, especial para ANNCOL]
Do Plano Colômbia ao Plano Patriota
Na Colômbia, desde a campanha presidencial de 1998, em que circula, nos meios acadêmicos e políticos vinculados a candidatura de Andrés Pastrana, o chamado Plano Marshall para a Colômbia, até o 5 de junho de 1999, quando é apresentado um segundo documento ao grupo consultivo do processo de paz, passando pelo terceiro documento conhecido o 16 de setembro de 1999, em ocasião da viagem de Pastrana à ONU e à Casa Branca presidida por Clinton, até a quarta versão, apresentada na audiência européia e japonesa em inícios de 2000, [1}, passaram muitas águas que modificaram de modo substantivo o panorama internacional e regional andino. O processo de paz foi frustrado, em 20 de fevereiro de 2002, pelas pressões do império e a intolerância de uma oligarquia excludente que foi progenitora de uma violência generalizada, paramilitar e narcotraficante, que demonstrou que a democracia formal não é incompatível com a mais brutal e extrema irracionalidade.
A passagem posterior da Colômbia pelas políticas - eleitas e reeleitas - do senhor da guerra, Álvaro Uribe Vélez, tem levado este povo a pagar um preçoaltíssimo, de 23.6 bilhões de dólares nos primeiros quatro anos desse governo e se afirma que em 2006 e o que já vai de 2007, a guerra interna tem custado à Colômbia 18.9 milhões de dólares diários, do total dos quais uns 4.700 milhões de dólares são o gasto do governo dos EUA, cifra irrisória se considerarmos a magnitude dos interesses defendidos com o Plano Colômbia: América Latina e o Caribe proporcionam aos EUA 31% do petróleo importado, mais que o total proveniente de todos os países do oriente médio; o comércio anual dos EUA com a América Latina e o Caribe chega a mais de 360 bilhões de dólares, quase o mesmo que o comércio com a União Européia. Esse enorme gasto serviu para diminuir os hectares de cultivos ilícitos, como afirma o NewYork times, e, no plano puramente militar, sem a intervenção massiva dos exércitos imperiais, solicitada aos gritos e sem rubor pelo próprio Chefe de Estado colombiano, o Plano Patriota só serviu para mostrar a fortaleza combativa dos grupos insurgentes e, simultaneamente, por a nu o que era um segredo de Polichinelo: a relação incestuosa entre o uribismo, o paramilitarismo sanguinário, autodestrutivo com a frieza do assassino que se sabe impune por Salvatore Mancuso; e, os cartéis do narcotráfico que acabam por ser todos da mesma ninhada. Macuso, que aparece como o mafioso crioulo à serviço do Império e da narcorepública, revelou o Acordo de San Francisco de Ralito, firmado nessa região da Colômbia, o 23 de julho do 2001, por 11 congressistas e os Chefes Paramilitares Jorge 40, Diego Vecino, Don Berna e o próprio Salvatore Mancuso. O dispositivo da atual crise que vive a Colômbia dispara quando os organismos de justiça vêem-se obrigados a ordenar a detenção de sete deputados e a investigação de outros por graves indícios de vínculos com os mais altos chefes do narcoparamilitarismo, entre eles, Álvaro Araújo, irmão da Chanceler María Consuelo Araújo, que teve que renunciar para aplacar o escândalo, em meio dos pedidos de justiça para que se investigue também a seu pai. Sabe-se que são mais de 60 as personalidades, deputados, alcaides, conselheiros, vinculados aos partidos, movimentos e organizações que tomaram parte da coalisão que apoiou a reeleição de Uribe, cujas campanhas teriam sido financiadas pelo narcoparamilitarismo, que foi utilizado também para eliminar fisicamente os rivais no melhor estilo de uma sociedade mafiosa.
Em meio a essa demolição institucional e de princípios da República, a que tem conduzido o Presidente Uribe Vélez, o povo colombiano, desafiando o panorama desolador de uma sociedade na qual toda forma de oposição civil ou democrática tem sido cooptada, comprada ou assassinada [2] decidiu desafiar o medo e construir, por suas próprias mãos, o Pólo Democrático Alternativo, que alcançou o segundo lugar nas eleições presidenciais de maio de 2006, superando o Partido Liberal e rompendo o velho bipartidarismo oligárquico, num processo de acumulação de forças e construção criativa que o transforma numa real alternativa de poder. [3]
Os limites postos pela guerra do Iraque e as mudanças na América Latina.
Álvaro Uribe Vélez ficou numa posição incômoda, como o único aliado firme de George Bush na América Latina, diante do mundo que não pode ignorar a heróica resistência do povo iraquiano na guerra de agressão criminosa e injusta que, em que pese o enorme desequilíbrio em termos militares e econômicos, tem posto prazos para o momento da retirada do prepotente Império que queria que no seu mundo unipolar ninguém pudesse resistir e pior, vencer. Enquanto o Império se atola no Iraque pagando o preço, até 8 de abril de 2007, às vésperas do 4 aniversário do início da invasão, de 3. 280 mortos em suas tropas, e a derrota eleitoral dos governos que enviaram tropas a essa guerra: José Maria Aznar da Espanha e Silvio Berlusconi da Itália, agora chegou também a fatura final à Bush que perdeu o controle das Câmaras no Congresso em seu próprio país, em meio do que parece ser um declínio irreversível do tradicional controle e influência política que tem tido as administrações norteamericanas na América Latina, fatos evidentes sobretudo desde 1998 até o momento, ao triunfar ou cercarem-se da vitória candidatos de forças sociais que têm proclamado vários níveis de autonomia, independência ou franca oposição aos projetos imperiais na Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Equador, Nicarágua, Haiti, México, Costa Rica.
Álvaro Uribe Vélez ficou numa posição incômoda, como o único aliado firme de George Bush na América Latina, diante do mundo que não pode ignorar a heróica resistência do povo iraquiano na guerra de agressão criminosa e injusta que, em que pese o enorme desequilíbrio em termos militares e econômicos, tem posto prazos para o momento da retirada do prepotente Império que queria que no seu mundo unipolar ninguém pudesse resistir e pior, vencer. Enquanto o Império se atola no Iraque pagando o preço, até 8 de abril de 2007, às vésperas do 4 aniversário do início da invasão, de 3. 280 mortos em suas tropas, e a derrota eleitoral dos governos que enviaram tropas a essa guerra: José Maria Aznar da Espanha e Silvio Berlusconi da Itália, agora chegou também a fatura final à Bush que perdeu o controle das Câmaras no Congresso em seu próprio país, em meio do que parece ser um declínio irreversível do tradicional controle e influência política que tem tido as administrações norteamericanas na América Latina, fatos evidentes sobretudo desde 1998 até o momento, ao triunfar ou cercarem-se da vitória candidatos de forças sociais que têm proclamado vários níveis de autonomia, independência ou franca oposição aos projetos imperiais na Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Equador, Nicarágua, Haiti, México, Costa Rica.
A política internacional de Álvaro Uribe tem que ser entendida nesse contexto, de uma correlação de forças regionais desfavoráveis a seu proketo essencial de militarização e regionalização do conflito como única via possível para intentar a derrota da insurgência colombiana representada na atualidade pela FARC-EP e ELN. Dos países que fazem fronteira com a Colômbia é claro que a Venezuela e o Brasil não compartilham os objetivos de Uribe e têm outras prioridades em sua agenda. O Peru de Allan García vive as seqüelas do narco estado e a guerra suja implementada com um cinismo e selvageria extremos, por Fujimori e Montesinos. Resta então o Equador, visto como um Estado em ruínas consumido numa profunda crise econômica e social, fruto em boa parte do saque perpetrado por sua própria burguesia financeira no que se considera o maior assalto bancário da historia republicana, com graves níveis de desinstitucionalização que abarcam a administração da justiça e seus aparatos armados, com sua soberania ferida pela presença da Base Militar de Manta e a dolarização e em meio das seqüelas das políticas neoliberais, impostas pelo FMI e outros organismos multilaterais, que destroçaram a economia, submeteram nosso povo à uma onda de desemprego, fome e pobreza e lançaram mais de um milhão e meio de cidadãos aos subúrbios da emigração e à destruição de milhares de famílias.
A reiterada violação dos acordos sobre a Base de Manta.
A precariedade do Estado de direito e a degradação da política nacional e internacional do Equador chegaram a seu extremo quando o governo de Yamil Mahuad e a União Democrática Cristiana renegociaram a divida externa em troca da entrega da Base de Manta, por um período de 10 anos, ao governo dos Estados Unidos da América em 12 de novembro de 1999. O pretexto da entrega era o combate ao narcotráfico. A assinatura complementar do Acordo Operativo, em 2 de junho de 2000 e os fatos posteriores demonstraram que a Base de Manta converteu-se em um Posto de Operações Avançadas, FOL, por suas siglas em inglês, que recolocou e cumpre o mesmo papel atribuído pela Base Howard no Panamá, pelo Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, de espionagem eletrônica e monitoramento do sul da Colômbia, onde se supõe estejam as principais bases operativas dos grupos insurgentes colombianos, e também a vigilância dos barcos equatorianos que transportam supostos migrantes iliegais. Sobre o papel da Base de Manta na guerra contrainsurgente colombiana o General® Oswaldo Jarrín, incentivador do Livro Branco, de sua condição de Ministro da Defesa, escreveu pouco antes de sua nomeação, no Diário “El Universo” de Guayaquil:
“A informação coletada por meio dos reconhecimentos aéreos e eletrônicos da Base de Manta, indiscutivelmente é utilizada para combater tanto o narcotráfico como a subversão na fronteira equatoriana”. [4]
Segundo informações oficiais, que se difundiram nos meios de comunicação, desde 1999 até haneiro de 2007 foram detidos pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, em “aguas territoriais” do Equador, 7.953 cidadãos equatorianos. Alguns dos barcos detidos foram afundados em nosso próprio mar territorial, segundo denuncias dos sobreviventes que repousaram no Congresso Nacional do Equador. Escutei o Ministro Coordenador de Segurança Interna e Externa do Equador, Fernando Bustamante, numa entrevista televisiva que concedia ao jornalista Gonzalo Ruiz, no sábado, 7 de abril de 2007, que não estava seguro da intervenção da Guarda Costeira dos Estados Unidos na captura de migrantes equatorianos. Aparentemente, a apertada agenda do Ministro o tem impedido de verificar denúncias, entrevistar aos denunciantes e revisar as declarações do contra almirante Dennis Sírios, do Serviço de Guarda Costas dos Estados Unidos da América, que testemunhou, em 15 de agosto de 2005, diante do Subcomitê sobre o Serviço de Guarda Costereira dos EUA. E Transporte Marítimo da Câmara de Representantes dos Estados Unidos que: “Buscas da Guarda Costeira dos EUA, patrulhando neste leste do Pacífico têm experimentado um incremento significativo no número de migrantes que passaram às escondidas do Equador a América Central e México antes de tentarem entrar nos EUA, ilegalmente por terra.” [5].
A precariedade do Estado de direito e a degradação da política nacional e internacional do Equador chegaram a seu extremo quando o governo de Yamil Mahuad e a União Democrática Cristiana renegociaram a divida externa em troca da entrega da Base de Manta, por um período de 10 anos, ao governo dos Estados Unidos da América em 12 de novembro de 1999. O pretexto da entrega era o combate ao narcotráfico. A assinatura complementar do Acordo Operativo, em 2 de junho de 2000 e os fatos posteriores demonstraram que a Base de Manta converteu-se em um Posto de Operações Avançadas, FOL, por suas siglas em inglês, que recolocou e cumpre o mesmo papel atribuído pela Base Howard no Panamá, pelo Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos, de espionagem eletrônica e monitoramento do sul da Colômbia, onde se supõe estejam as principais bases operativas dos grupos insurgentes colombianos, e também a vigilância dos barcos equatorianos que transportam supostos migrantes ilegais. Sobre o papel da Base de Manta na guerra contrainsurgente colombiana o General® Oswaldo Jarrín, incentivador do Livro Branco, de sua condição de Ministro da Defesa, escreveu pouco antes de sua nomeação, no Diário “El Universo” de Guayaquil: Segundo informações oficiais, que se difundiram nos meios de comunicação, desde 1999 até haneiro de 2007 foram detidos pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, em “águas territoriais” do Equador, 7.953 cidadãos equatorianos. Alguns dos barcos detidos foram afundados em nosso próprio mar territorial, segundo denuncias dos sobreviventes que repousaram no Congresso Nacional do Equador. Escutei o Ministro Coordenador de Segurança Interna e Externa do Equador, Fernando Bustamante, numa entrevista televisiva que concedia ao jornalista Gonzalo Ruiz, no sábado, 7 de abril de 2007, que não estava seguro da intervenção da Guarda Costeira dos Estados Unidos na captura de migrantes equatorianos. Aparentemente, a apertada agenda do Ministro o tem impedido de verificar denúncias, entrevistar aos denunciantes e revisar as declarações do contra almirante Dennis Sírios, do Serviço de Guarda Costas dos Estados Unidos da América, que testemunhou, em 15 de agosto de 2005, diante do Subcomitê sobre o Serviço de Guarda Costeira dos EUA e Transporte Marítimo da Câmara de Representantes dos Estados Unidos que: A confissão de parte relevo de provas, poderíamos dizer, o que sabemos que as Forças Armadas dos Estados Unidos, no melhor estilo imperial, patrulham também pelo seu Maré Nostrum o Oceano Pacifico territorial equatoriano. A política de vizinhança de Uribe se parece com a guerra.
Para cobrir seus fracassos miltares internos Álvaro Uribe usou três mecanismos básicos:
Para cobrir seus fracassos miltares internos Álvaro Uribe usou três mecanismos básicos: Primeiro, sua política de pacificação dos grupos paramilitares que, se saiu do libreto, quando alguns dos chefes paramilitares suspeitaram de que seu sócio de andanças podia traí-los e extraditá-los aos temidos cárceres do Império. Nesse momento ardeu Tróia e suas chamas ameaçaram aos próprios funcionários do Palácio de Nañino. O segundo mecanismo foi provocar os vizinhos com base na política de guerra, seguramente aconselhada pelos assessores israelitas e ianques, de seguir os adversários “terroristas” até o lugar onde se encontram. Para a maior efetividade dessa política servem também acordos e convênios de cooperação militar e policial com os EUA que, quase sempre, terminam fazendo uma lavagem cerebral em uma boa parte da oficialidade de nossos aparatos armados. É o que aconteceu no caso do seqüestro e extradição fulminante do Comandante Simon Trinidad em Quito, efetuado com aprovação do Coronel Presidente Luucio Gutiérrez, como denunciou logo o Coronel Patrício Acosta; e, o que voltou a acontecer - de modo insólito na Caracas do Presidente Hugo Chávez - “com a colaboração de elementos policiais curruptos” que capturaram, seqüestraram e levaram à Colômbia o denominado Chanceler das FARC-EP, Rodrigo Granda, desfechando dois golpes importantes à insurgência.
No caso venezuelano, as provocações cessaram quando o Vicepresidente Rangel afirmou que o primeiro que cruze a fronteira será recebido com bala.
No caso equatoriano não existe a mesma determinação e, como dizia o cubano universal José Martí: “Nem povos nem homens respeitam o que não se faz respeitar”. Segundo o Diário “O Comércio” de Quito [6], só desde 2006 até esta data, os governos de Palacio y Correa enviaram 11 notas de protesto ao governo colombiano por graves incidentes causados na fronteira por forças militares do Estado Colombiano, o último dos quais foi perpetrado no passado 22 de março em “El Bocano” da província de Sucumbíos, em que foi atacada uma humilde casa e capturados dois cidadãos equatorianos que logo apareceram mortos em Puerto Asis, do lado colombiano. O governo de Uribe como sempre negou que tivesse produzido tal incursão e para terminar o incidente disse que um dos capturados era colombiano e que ambos colaboravam com a guerrilha.
No Ministério de Relações Exteriores e Defesa Nacional sabe o quanto a fronteira norte é sensível para a segurança global do Equador desde que teve inicio o Plano Colômbia. De certo modo os fatos objetivos nos permitem advertir que uma força parecida à dos deuses gregos encerrou o centenário conflito territorial com o Peru, em 1998, só para abrir uma nova zona de tensão na fronteira com a Colômbia. Todo lugar limítrofe entre Estados é problemático, essa é a lição amarga na história da América Latina. Nas fronteiras terminam os âmbitos das soberanias, cruzam-se as políticas nacionais, com suas fortalezas e debilidades, convivem, geralmente em harmonia os povos de ambos os lados das fronteiras, criando seus mercados locais e suas culturas, desde as que percebem que as decisões dos governos centrais, especialmente as migratórias, militares e de aduanas, são apenas um estorvo em sua vida cotidiana.
A guerra interna da Colômbia iniciou, na fase atual, em 1964, tem, portanto, 43 anos. As guerrilhas colombianas, hoje transformadas em experimentados exércitos irregulares, não têm sido um problema para o Equador pela única razão de que suas motivações e projetos não incluem a liberação dos paises andinos, sulamericanos ou latinoamericanos. “Nós consideramos que cada povo deve construir seu próprio destino, por isso as FARC-EP, sob nenhuma circunstância, realiza operações militares fora do território da Colômbia” sustenta o Comandante Raúl Reyes. Os chefes militares equatorianos sabem e têm dito muitas vezes que o Equador faz limite ao norte com as FARC-EP e o ELN. Os mais graves incidentes têm sido com eles. As ações militares em nosso território têm sido desenhadas e executadas, nos últimos anos, pela oficialidade e as tropas das Forças Armadas da Colômbia, com a assessoria dos EUA, em operações destinadas a perseguir supostos insurgentes colombianos que ingressam e atuam no território equatoriano. Todos os especialistas militares que têm estudado o tema advertem que se trata de uma política deliberada de provocação para nos implicar no Plano Colômbia. Na última conferência de Ministros de Defesa do Continente, efetuada em Quito, o dilema foi esclarecido quando os Ministros dos Estados Unidos da América e Colômbia advogaram pela criação de uma força regional para a luta contra o “terrorismo” que foi negada e derrotada pela firme posição contrária de vários Ministros, em especial os do Brasil e Venezuela.
A guerra química.
O terceiro mecanismo de pressão e guerra do governo colombiano tem sido a fumigação aérea. O uso desta arma de guerra é justificada pelo argumento de que é uma operação extrema para eliminar as bases de financiamento das FARC-EP. Vejamos o que dizem os insurgentes:
O mecanismo de pressão e guerra do governo colombiano tem sido a fumigação aérea. O uso desta arma de guerra é justificada pelo argumento de que é uma operação extrema para eliminar as bases de financiamento das FARC-EP. Vejamos o que dizem os insurgentes: “Como parte da execução do Plano Colômbia e violando compromissos adquiridos com o governo do Equador, o Presidente Álvaro Uribe Vélez reativou a fumigação aérea com glifosato da zona fronteiriça entre as duas nações, desconsiderando a área restringida de 10 km que foi pactuada entre os dois estados desde finais de 2005.
Trata-se de um ato unilateral e arbitrário que agride a soberania da nação equatoriana e deixa vulnerável a dignidade dos povos da América Latina, em aberta rebeldia contra a dominação imperialista norteamericana.
As criminosas fumigações com glifosato de nossa selva tropical e biodiversa, com o pretexto de erradicação dos cultivos de coca, montadas na infâmia de afirmar que estes cultivos pertencem à guerrilha, são uma absurda estratégia do Plano Colômbia financiada pela Casa Branca para sustentar seus planos de dominação hegemônica sobre as nações sul americanas e o saque de seus recursos naturais. O mundo sabe que as FARC-EP nem cultivam nem comercializam estes produtos, os quais pertencem aos camponeses pobres, deslocados pela violência e pela falta de oportunidades por parte da classe dominante.
O governo do Presidente Rafael Correa Delgado que começou negando-se a conceituar como terroristas aos membros da insurgência colombiana, como o fizeram vários governos e personalidades influentes no continente e no mundo, partiu para a agressão com o anúncio de uma estratégia diplomática destinada a denunciar à comunidade internacional a agressão de que é vitima no Equador e a simultânea formação de uma comissão cientifica bilateral que investigue o tema.
O governo do Presidente Rafael Correa Delgado que começou negando-se a conceituar como terroristas aos membros da insurgência colombiana, como o fizeram vários governos e personalidades influentes no continente e no mundo, partiu para a agressão com o anúncio de uma estratégia diplomática destinada a denunciar à comunidade internacional a agressão de que é vitima no Equador e a simultânea formação de uma comissão cientifica bilateral que investigue o tema.
Neste campo não há nada que investigar ou descobrir a partir das conclusões irrefutáveis as quais têm chegado cientistas de diversas latitudes e instituições do mundo. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América e a Organização da Saúde sabem que os pesticidas que contém glifosatos são altamente tóxicos . Os glifosatos causam irritações dermatológicas e oculares; náuseas, enjôos, problemas respiratórios, aumento da pressão sanguínea, reações alérgicas, perda de consciência, dores gastrointestinais, pneumonia. Todos os habitantes das regiões campesinas da Colômbia e da fronteira norte equatoriana que têm sido fumigadas com glifosatos têm apresentado esses sintomas. Nesse aspecto ambiental foi comprovado que as fumigações com glifosato esterilizam os solos de uma a três anos, contaminam, causam a morte dos insetos e outros antrópodos benéficos, assim como a de espécies anfíbias.
Na fronteira entre Colombia e Ecuador está se fumigando com um glifosato que tem o nome de Raundup, fabricado pela empresa Monsanto, o mesmo que contém a substância tensoativa POEA (polyethoxy tallow amine que tem duas funções: aumentar a superfície de ação da gota que cai na folha de uma planta e fazer que no produto entre uma célula) que causa dano gastro-intestinal e ao sistema nervoso central de glóbulos vermelhos em humanos. POEA está contaminado com 1-4 dioxano, que tem causado câncer em animais e danos ao fígado e rins em humanos. Porém o mais grave é que na Colômbia se está fumigando com um glifosato que tem uma concentração 26 vezes maior que a usual, à qual agregam, ademais, o surfactante Cosmo - Flux 411-F, o qual pode quadruplicar a ação biológica do Roundup. A ação torna-se criminosa, perversa e violenta se considerarmos que os aviões fumegam até doze vezes um mesmo campo. Em janeiro deste ano a multinacional Monsanto foi condenada na França por publicidade enganosa sobre seu produto Roundup, usado também nas fumegações que realiza na Colômbia na fronteira com o Equador e cujo principal componente é o glifosato.
Um grupo de cientistas franceses comprovou que o glifosato provoca o câncer.
Um grupo de cientistas franceses investigou o tema desde 1998 e chegou à conclusão, em 2004, de que o glifosato formulado provoca as primeiras etapas do câncer. O professor Roberto Bellé dirigiu um grupo de cinco cientistas da Unidade Mar e Saúde da Estação biológica de Roscoff (Bretaña) como parte de um Projeto do Centro Nacional de Investigação Científica e a Universidade Pierre e Marie que publicou no Nº 82 da Revista Científica internacional Toxicological Sciences. O cientista resume as conclusões da investigação nos seguintes termos:
Um grupo de cientistas franceses investigou o tema desde 1998 e chegou à conclusão, em 2004, de que o glifosato formulado provoca as primeiras etapas do câncer. O professor Roberto Bellé dirigiu um grupo de cinco cientistas da Unidade Mar e Saúde da Estação biológica de Roscoff (Bretaña) como parte de um Projeto do Centro Nacional de Investigação Científica e a Universidade Pierre e Marie que publicou no Nº 82 da Revista Científica internacional Toxicological Sciences. O cientista resume as conclusões da investigação nos seguintes termos:
“O glifosato formulado, o que significa o Roundup tal como é vendido , ativa o que se chama o checkpoint (proteínas de controle). Cada célula tem dois checkpoints que são ativados só quando há problemas na divisão celular. Essa perturbação deve-se ao fato de que atua em interação com o ADN das células e é dessa maneira que funcionam os agentes cancerígenos.
Uma vez ativado o checkpoint existem três possibilidades: a primeira é que a célula repare o DNA; a segunda, que faça apoptose ou suicídio celular, e , a terceira, que nem sejam reparadas nem morram porque o gene danificado é um dos que regula o checkpoint, e é assim que tem inicio o processo do câncer. Se existem 10.00 células, 9.999 morrem, porem se existe uma que vive e tem o DNA danificado, que corresponde ao gene do checkpoint, e se divide, em meia hora passa a existir dois, que logo convertem-se em 4, 8, 16.
Para cegar ao câncer, entretanto, faltam outras mudanças, é necessário que uma delas adquira a propriedade de escapar do controle de um fator externo à célula. O processo continua, o tumor precisará de oxigênio e para isso vai atrair casos sanguíneos e formar novos (angiogêneses) e, então, tumores se formação no resto do corpo”.
O cientista afirma que quando se fumiga num jardim as microgotas podem recorrer entre dois ou três quilômetros, se houver vento; entretanto, ao interar-se das fumigações aéreas no sul da Colômbia, disse que isso é uma catástrofe. Está demonstrado que há areia do Saara no Pólo Norte e um grão de areia é maior e mais pesado que um microgota. As microgotas de pulverização são quase como o vapor d'água, que viaja simplesmente com o movimento da terra, como as nuvens. Por tudo isso conclui. È uma loucura pulverizar com avião. [8]
A guisa de conclusão
Desde que foram firmados os acordos da Base de Manta em 1999 os sucessivos governos e seus embaixadores abandonaram a política de defesa de soberania nacional que tinha sido uma face meritória de alguns regimes no passado. Yamil Mahuad, Gustavo Noboa, Lucio Gutiérrez, Alfredo Palacio, com a honrosa exceção de Antonio Parra Gil, terminaram enredados pelas determinações geopolíticas do Plano Colômbia. Nesse sentido o povo equatoriano recebeu com esperança e otimismo a volta à Pátria de Rafael Correa e suas frontais decisões de não qualificar como terroristas aos membros das FARC-EP, de não renovar os acordos sobre a Base de Manta e de “por na lata do lixo" o Tratado de Livre Comércio. Por desgraça, em 26 de novembro de 2006, venceu o governo e, por um erro tático, entregou-se o Congresso Nacional à direita política, enquanto a administração da justiça e o poder econômico continuam intactos em mãos da velha oligarquia e da partidocracia corrupta. Nessas circunstâncias é possível entender que o Presidente Rafael Correa não pode abrir várias frentes simultâneas, na política nacional e internacional, porém, parece-me que a área mais sensível das relações exteriores que, nas atuais circunstâncias é a Colômbia, mostra-se débil e ingênua. Não sei porque tenho a sensação de que cada vez que se nomeia uma Comissão para investigar um tema ele é sepultado. Esse é meu pressentimento no caso da crise financeira e também essa é a leitura dos acordos de Manágua sobre as fumigações. Oxalá eu esteja equivocado e a verdade e a justiça imponham-se sobre os que cometeram o maior golpe bancário da historia republicana, pois no 80 aniversario do Gabo seria 'macondiano' que a única vítima dessa tragédia financeira fosse Wilma Salgado por ter lutado contra a impunidade; e na política internacional se produza o reencontro pleno com os princípios de soberania, independência e autodeterminação e autodeterminação que devem ser sempre iirredutíveis e irrenunciáveis.
Desde que foram firmados os acordos da Base de Manta em 1999 os sucessivos governos e seus embaixadores abandonaram a política de defesa de soberania nacional que tinha sido uma face meritória de alguns regimes no passado. Yamil Mahuad, Gustavo Noboa, Lucio Gutiérrez, Alfredo Palacio, com a honrosa exceção de Antonio Parra Gil, terminaram enredados pelas determinações geopolíticas do Plano Colômbia. Nesse sentido o povo equatoriano recebeu com esperança e otimismo a volta à Pátria de Rafael Correa e suas frontais decisões de não qualificar como terroristas aos membros das FARC-EP, de não renovar os acordos sobre a Base de Manta e de “por na lata do lixo" o Tratado de Livre Comércio. Por desgraça, em 26 de novembro de 2006, venceu o governo e, por um erro tático, entregou-se o Congresso Nacional à direita política, enquanto a administração da justiça e o poder econômico continuam intactos em mãos da velha oligarquia e da partidocracia corrupta. Nessas circunstâncias é possível entender que o Presidente Rafael Correa não pode abrir várias frentes simultâneas, na política nacional e internacional, porém, parece-me que a área mais sensível das relações exteriores que, nas atuais circunstâncias é a Colômbia, mostra-se débil e ingênua. Não sei porque tenho a sensação de que cada vez que se nomeia uma Comissão para investigar um tema ele é sepultado. Esse é meu pressentimento no caso da crise financeira e também essa é a leitura dos acordos de Manágua sobre as fumigações. Oxalá eu esteja equivocado e a verdade e a justiça imponham-se sobre os que cometeram o maior golpe bancário da historia republicana, pois no 80 aniversario do Gabo seria 'macondiano' que a única vítima dessa tragédia financeira fosse Wilma Salgado por ter lutado contra a impunidade; e na política internacional se produza o reencontro pleno com os princípios de soberania, independência e autodeterminação e autodeterminação que devem ser sempre iirredutíveis e irrenunciáveis.
Quito, 10 de abril de 2007
Profesor da Universidade Central do Equador
Responsável pelas Relaciones Internacionales do Partido Socialista-Frente Ampla do Ecuador.
[1] Ver Drogas, Terrorismo e Insurgencia, del Plan Colombia a la Cruzada Libertad Duradera, Quito, 2002, Ediciones “La Tierra”, p.p. 27-44.
[2] Alfredo Molano Bravo, o Plano Colômbia e o conflito armado.
[3] Ver documento “La nueva etapa de integración latinoamericana y caribeña”, XIII Encontro do Forun de São Paulo, 11 al 16 de Janeiro de 2007, p. 13.
[4] Citação feita por Alexis Ponce do Grupo de Monitoreo dos Impactos do Plano Colômbia, 13 de marzo del 2006, numa entrevista à Rádio “La Luna” de Quito.
[5] Ver http://www.hause.gov/transportation/cgmt/06-15-05memo.html)
[6] Diario “El Comercio” de Quito, viernes 6 de abril del 2007, p.p. 1-12.
[7] Declaração formulada pelo Comandante Raúl Reyes, das montanhas da Colômbia, 16 de diciembre del 2006.
[8] Diario “El Universo” de Guayaquil, domingo 25 de febrero del 2007, p. 9
Enlace original