A sombra de Laureano
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Resta dizer que ANNCOL, agência que funciona na Suécia de maneira aberta e legal, não é a página web das FARC, ainda que reproduza vários de seus documentos e pronunciamentos. Porém, para Holguín Sardi, sucessor menor de Laureano (o grande Burundún Burundá de Jorge Zalamea), as coincidências são suficientes para fazer a acusação. Não é a consagrada prática macartista dos medíocres no poder, mas o estabelecimento aberto do delito de opinião, como o disse o senador liberal Luis Fernando Velasco no Congresso.
[Carlos Lozano Guillén*/Diretor do Semanário Voz]
O Governo Nacional decidiu estabelecer o delito de opinião na Colômbia, como se viu na segunda metade do século passado, em particular nas ditaduras conservadoras de Mariano Ospina Pérez e Laureano Gómez, o que parece repetir-se como realidade durante as duas administrações seguidas de Álvaro Uribe Vélez. Dessas ditaduras, entre outras coisas, é fiel herdeiro o ministro do Interior, Carlos Holguín Sardi, porque é onde está sua fonte ideológica, estreitamente ligada ao nazifascismo da época.
Na atualidade, na Colômbia, transitamos para o mesmo caminho de opróbio. De fato, e sem dar-se conta, assim o reconheceu o ministro Holguín Sardi no debate recente do Senado, porque com sua aguda inteligência e perspicácia encontrou “coincidências” entre os grupos armados insurgentes e os dirigentes do PDA, que julgou suficientes para dizer que são cúmplices da guerrilha. No caso do autor desta coluna, a “prova irrefutável” de que é “comandante das FARC”, como o assegurou o presidente Uribe Vélez, está em que a ANNCOL, segundo o ministro hinteligente (assim com h), a página web das FARC, reproduz seus artigos, como o faz também com os de María Jimena Duzán, Daniel Samper, Alfredo Molano e outros conotados colunistas da imprensa colombiana.
Resta dizer que ANNCOL, agência que funciona na Suécia de maneira aberta e legal, não é a página web das FARC, ainda que reproduza vários de seus documentos e pronunciamentos. Porém para Holguín Sardi, sucessor menor de Laureano (o grande Burundún Burundá de Jorge Zalamea), as coincidências são suficientes para fazer a acusação. Não é a consagrada prática macartista dos medíocres no poder, mas o estabelecimento aberto do delito de opinião, como o disse o senador liberal Luis Fernando Velasco no Congresso.
Também foi pretendido esse silenciamento institucional contra a senadora Piedad Córdoba, porque no México qualificou de ilegítimo o governo de Uribe, eleito com o mesmos esquema eleitoral dos congressistas uribistas que estão na cadeia. Assim, em Piedade ficou bem claro que não pode haver dúvidas diante da confrontação com os inimigos da democracia e da justiça social.
O país retorna à época mais terrível de Laureano Gómez, O Monstro, que assolou campos e cidades mediante o terrorismo de Estado, da mão da repressão oficial e dos terríveis pingüins paramilitares dos anos cinqüenta. Isso tudo conhece muito bem Carlos Holguín Sardi, porque é parte da dívida histórica de seu Partido Conservador com os colombianos. Aí está uma das razões principais do conflito, de palpitante atualidade, meio século depois do regime burguês-terrorista colombiano.
*carloslozanogui@etb.net.co
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