O crime organizado governa a Colômbia
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Afirmou o europarlamentar Willy Meyer diante de numeroso público na II Conferência pelos DD.HH realizada em Bruxelas esta semana. É importante “facilitar o encontro entre as partes implicadas no conflito colombiano”, disse em sua intervenção o professor da universidade de Lovaina, François Houtart. A inclusão da guerrilha colombiana na lista européia de “grupos terroristas” deixou o caminho livre para aplicação da sangrenta “segurança democrática” de Uribe Vélez.
[ANNCOL]
As intervenções dos expositores, as perguntas e questionamentos do auditório constatam a gravidade do conflito social e armado que a Colômbia atravessa. Temas como o intercâmbio humanitário, a saída dialogada para o conflito colombiano, a violação persistente aos direitos por parte do Estado, o paramilitarismo, foram a tônica predominante no evento. Faz 12 anos desde o primeiro encontro em Bruxelas e, segundo a maioria dos expositores, o conflito interno está pior.
O europarlamentar Willy Meyer assim definiu o governo de Uribe Vélez: “Quando o crime organizado se apodera dos três poderes do Estado, estamos falando de um Estado falido, e isto ocorre na Guatemala e também ocorre na Colômbia. Portanto, as forças políticas não contaminadas por esta corrupção têm a obrigação moral e histórica de refundar o Estado”. Segundo suas próprias palavras, acabava de chegar de uma visita à Guatemala.
O Embaixador colombiano Holmes Trujillo, em sua brevíssima intervenção, pretendeu apresentar como “limpa” a “segurança democrática” do atual governo e as atuações de governos passados desde a primeira conferência de 1995. Com o estilo próprio dos caciques colombianos pretendeu não somente confundir homenageando a presença de Carlos Gaviria como também os participantes do evento com frases como: “há avanços no tema dos DDHH”, “a vontade pelo intercâmbio humanitário existe, porém as Farc as rechaça”. “Na Colômbia há democracia”.
O professor da Universidade de Lovaina, Francois Houtart, destacou a importância de “facilitar os contatos e negociação entre as partes implicadas no conflito colombiano”, igualmente nessa direção o deputado sueco Jens Holm chamou a atenção dos governos europeus com respeito à sua “lista de terroristas” que no ano de 2002 incluíram a guerrilha colombiana.
“A União Européia livre de idéias preconcebidas deveria avaliar a chamada ‘lista de organizações terroristas’ para possibilitar os primeiros passos em direção a uma negociação do conflito colombiano”, disse Holm.
A esse respeito, a Escola de Cultura e Paz da Universidade Autônoma de Barcelona, em seu boletim de 2005, escreveu: “a lista da UE de grupos ou pessoas terroristas poderia prejudicar o início e o desenvolvimento de alguns processos de paz”. Sem dúvidas, nos seis anos da inclusão da insurgência colombiana nessa lista a violência estatal foi intensificada pela “segurança democrática” de Uribe ocasionando um imenso prejuízo ao povo colombiano.
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