"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 3 de abril de 2007

Plano Colômbia no Equador

Equador está sendo utilizado pelos EEUU como um centro de operações para sua política armamentista e terrorista na América Latina, porque os movimentos sociais, campesinos e indígenas da área representam um crescente desafio e perigo para o controle que os EEUU exercem na região. O ascenso da luta popular latino-americana é uma dor de cabeça para os que pretendem ser donos do mundo e se atribuem a capacidade de garantir a paz no planeta.


La Chiquita financia esquadrões da morte na América Latina e Caribe para saquear!


[ANNCOL]

O presidente Rafael Correa, do Equador, tem reiterado sua negativa a estender mais além de 2009 o convênio de concessão da Base Aérea de Manta, como posto avançado de operações das Forças Armadas estadunidenses. Esta negativa tem causado preocupação em Washington, pois se trata de uma base estratégica para a aplicação do Plano Colômbia e para proteger seus interesses militares e comerciais na região.

No entanto, o almirante Stavridis deu declarações no sentido de que se poderia prorrogar o convênio. A 15 de fevereiro a Chanceler equatoriana María Espinosa negou que se estejam produzindo conversações com o governo dos EEUU para prolongar este convênio.

Manta constitui um centro nevrálgico do sistema de defesa dos EEUU no Hemisfério Ocidental, manejado pelo Comando Sul. Alberga 220 militares estadunidenses e não menos de oito aviões simultaneamente, aviões com radar AWAC E3 e os aviões de patrulha marítima P-3 Orion. Desde alí se realiza a vigilância do Pacífico Ocidental, supostamente para evitar não só o trânsito de drogas como também de imigrantes, como o contrabando de armas e munições, que procedem dos Andes. Porém, também desde ali se vigia tudo o que sucede dentro da Colômbia: a dinâmica do conflito armado, a expansão de cultivos ilícitos, o deslocamento de pessoas, trabalho de inteligência, as ações de fumigação aérea, etc. EEUU mantém, pelo menos, 2.000 militares em diversas instalações ao largo de América Latina e Caribe.

Está localizada na costa do Pacífico e tão só a 20 minutos de vôo da Colômbia, o posto de avançado de operações (Fol, em inglês), instalado em Manta em 1999 não só conforma um cerco sobre a Colômbia junto com os Fol instalados em Comalapa em El Salvador, e Aruba e Curaçao, serve para o controle e a vigilância da Amazônia e do Oceano Pacífico.

Estados Unidos investiu 80 milhões de dólares para ampliar a pista do aeroporto Eloy Alfaro de Manta com o propósito de que possam operar aeronaves espiãs de grande tamanho (os e-awacs e kc-135) e outros tantos milhões na instalação de sofisticados equipamentos de monitoramento. Atualmente, é considerada a maior da América do Sul em seu gênero.

A utilização da Base de Manta para o Plano Colômbia se pôs em evidência com a declaração que fez o chefe estadunidense do Fol de Manta, Javier Delucca, ao jornalista Juan Carlos Calderón do diário El Expreso, na qual afirmou: “Manta é muito importante dentro do Plano Colômbia. Estamos muito bem localizados para operar nesta área. Porém, devo aclarar que nós, em Manta, só somos um apoio às missões que se decidem em Key West (Flórida), que é onde se tomam as decisões estratégicas” (Expreso, 16-08-2006). Outras informações de imprensa assinalam que militares colombianos ingressam na Base de Manta e participam nos vôos que realizam os militares estadunidenses.

As declarações de Delucca provocaram um protesto formal do Ministério de Relações Exteriores equatoriano que foi entregue à Embaixada dos Estados Unidos em Quito na qual se afirma que o “Equador não aceita este tipo de vinculação da Base de Manta e o Plano Colômbia”.

Este acordo subscrito entre Equador e Estados Unidos (em 12 de setembro de 1999), foi firmado no governo de Jamil Mahuad, sem que o plenário do Congresso o tenha aprovado; para o acesso e uso da Base de Manta se determinou que o “único e exclusivo propósito é levar adiante operações aéreas de detecção, monitoramento, rastreamento e controle de atividades ilegais do tráfico aéreo de narcóticos”. Este objetivo, no entanto, tem sido alterado e ampliado arbitrariamente pelos Estados Unidos em função do que consideram ameaças a sua segurança, tais como a luta contra-insurgente e contra o terrorismo, sem que os governos equatorianos presididos por Gustavo Noboa, Lucio Gutiérrez e Alfredo Palacio tenham apresentado observação ou reclamação alguma.

Desde que começou a operar a Base de Manta, analistas, organizações sociais e indígenas assinalaram que até 1998 o Equador se mantinha neutro a respeito do conflito armado colombiano, porém que isso mudou desde que os norte-americanos chegaram à Base de Manta.

MERCENÁRIOS, se camuflam na Base de Manta

É um fato que a Base de Manta não tem como propósito fundamental controlar o tráfico de drogas, senão que é um ponto estratégico para implementar a política armamentista e terrorista dos Estados Unidos no Equador e na região andina.

Ao subscrever o Acordo sobre a Base de Manta, em 12 de novembro de 1999, se acordou:

  1. Permitir ao pessoal dos Estados Unidos, seus dependentes, e às entidades COA (pessoas naturais ou jurídicas e seus empregados que têm estabelecido uma relação contratual com o governo dos Estados Unidos em relação com este Acordo), o acesso e uso da Base da Força Aérea Equatoriana em Manta, assim como ao porto de Manta e instalações relacionadas com a Base ou em sua vizinhança.
  2. Permitir às aeronaves, navios e veículos operados por ou para os Estados Unidos em relação com este Acordo o uso da citada Base, assim como os portos e as instalações relacionadas com a Base da Força Aérea Equatoriana em Manta ou em sua vizinhança.

Acolhendo-se ao firmado, na sexta-feira 15 de março de 2002, a transnacional DynCorp ingressou na Base de Manta com uma equipe de 134 pessoas. O Coronel Juan Maúrtua, Chefe do Posto Avançado de Operações (FOL, sigla em inglês) dos Estados Unidos em Manta, assinalou que a empresa se ocupa dos serviços de administração, manutenção de instalações, limpeza da pista, adequação de ruas da base, alimentação, protocolo e combustível e transporte. Quer dizer, trata-se de uma empresa de serviços que apóia o pessoal norte-americano em Manta. A Embaixada norte-americana se pronunciou no mesmo sentido.

Na Colômbia, DynCorp se apresentou como uma Sociedade Britânica, com sede em Aldershot Hampshire. Nos contratos com o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América aparece como uma empresa estadunidense que tem sua Casa Matriz em Reston, Virginia, e sua Base de Operações em Cocoa Beach, Flórida.

A Empresa foi criada em 1946, um ano depois do fim da II Guerra Mundial, por um grupo de pilotos norte-americanos que pensavam dedicar-se ao transporte de carga. A princípio, se chamou California Easter Airways Inc. Desde 1987 leva o nome de DynCorp. Na grande linha de trabalho que hoje desenvolvem se iniciaram na Guerra da Coréia, de 1950 a 1953. Mais tarde, participaram no Vietnã, de 1960 a 1975. Prestaram seus serviços nas guerras do Golfo Pérsico. Trabalharam na guerra contra-insurgente em El Salvador. Operaram na Bósnia e, na atualidade, participam na implementação do Plano Colômbia, entre outras atividades. DynCorp é uma das grandes empresas privadas do mundo que se ocupam da segurança e defesa. Tem uns 20.000 empregados que trabalham em uns 50 países do mundo e suas receitas superam os 400 bilhões de dólares.

DynCorp contrata mercenários para a guerra

DynCorp aparece como uma Empresa muito versátil que presta múltiplos serviços aos militares norte-americanos distribuídos numas 1.500 bases ao redor do mundo, porém, em essência, se trata de uma Cia. que recruta e contrata mercenários para o desenvolvimento de operações de guerra que, por diversas circunstâncias, não podem ou devem ser executadas pelas forças regulares dos Estados Unidos. Por exemplo, na Colômbia os Estados Unidos impulsionam oficialmente a guerra contra o narcotráfico, porém, negam a guerra contra a insurgência. No entanto, a guerra existe e dela se ocupa a DynCorp, fundamentalmente treinando e dirigindo aos batalhões contra-insurgentes e às forças paramilitares. Em julho de 1999, estourou o primeiro escândalo quando um avião espião da Armada dos Estados Unidos, pilotado por Jennifer Odom explodiu na fronteira entre Equador e Colômbia. Pereceram 5 soldados norte-americanos e 2 colombianos. A Embaixada norte-americana falou de um acidente. Porém, o esposo da piloto do avião, o Coronel aposentado norte-americano Charles Odom, assinalou que sua esposa havia sido derrubada por um operativo das FARC enquanto cumpria uma missão de inteligência para o governo norte-americano.

Mais tarde as FARC derrubaram um helicóptero Huey II da Polícia Nacional da Colômbia e constataram que o piloto era norte-americano.

Em 1999, empregados da DynCorp na Bósnia foram acusados de comprar e traficar meninas, para utilizá-las como escravas sexuais. Um dos fatos mais vergonhosos nos quais se viu envolvida a DynCorp na Colômbia ocorreu em 12 de maio de 2000 quando a polícia comprovou que um pacote com duas garrafas, enviado pela empresa à Base Patrich na Flórida, continha heroína. Nas investigações sobre o caso saiu a reluzir que outro funcionário da DynCorp havia morrido por overdose de cocaína, nesses mesmos dias.

A DynCorp ingressou no Equador em março de 2003, como empresa terceirizadora na Base de Manta, e de suas fileiras saiu o ex-bombeiro norte-americano Jeffrey Shippy, quem, supostamente por ter uma “insuficiente” renda de 4.200 dólares como remuneração por seus serviços na FOL, armou seu próprio quartel em Manta: a EPI Security & Investigation, que “se orgulha de prover homens experimentados ao calor da intensidade do conflito colombiano e que estão dispostos a cumprir missões de segurança no Iraque, por salários mensais de entre 2.500 e 5.000 dólares”, segundo consta em sua página web. Custo relativamente baixo, em relação aos contratados em outros países, e particularmente na América do Norte, onde o pagamento por este trabalho oscila entre os 20.000 e 25.000 dólares. São os encarregados de fazer o trabalho sujo em qualquer lugar do mundo, por isso se lhes denomina “cães da guerra”.

Os Mercenários são assalariados que trabalham em todo o mundo
René Vargas Grupo de Monitoramento dos Impactos do Plano Colômbia.

Estas empresas militares privadas conseguem trabalhadores das mais variadas especialidades. A DynCorp tem uma fama muito má, com julgamentos em 77 países do mundo por crimes, torturas, tráficos de meninas, pornografia infantil, entre outras coisas; presta uma variedade de serviços, desde limpeza de locais até provisão de armas e pessoal para seu uso. Dentre seus integrantes se destaca o ex-bombeiro norte-americano Shippy, que operava a companhia de segurança que recrutava mercenários para enviá-los ao Iraque. Esta situação ocasionaria uma má imagem, internacionalmente, para o país, porque desponta como país que está intervindo no Iraque, o que pode ocasionar que grupos como Al-Qaeda tomem represálias contra o Equador.

Equador está sendo utilizado pelos EEUU como um centro de operações para sua política armamentista e terrorista em América Latina, porque os movimentos sociais, campesinos e indígenas da área representam um crescente desafio e perigo para o controle que os EEUU exercem na região. O ascenso da luta popular latino-americana é uma dor de cabeça para os que pretendem ser donos do mundo e se atribuem a capacidade de garantir a paz no planeta.

Enlace original