"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 3 de abril de 2007

O paramilitar general Montoya

O problema não é se a CIA vazou ou não o difundido informe à imprensa. Colômbia e o mundo não querem mais sofismas de distração. O caso concreto e comprovado é que o comandante do exército está ligado ao paramilitarismo criminoso e deve sair da instituição. E não é um caso isolado. Perguntem aos narco-paramilitares Jorge 40 e Hernán Giraldo, que atuaram em estreita coordenação com a Primeira Divisão do Exército. E para que não faltem argumentos, o mesmo general está envolvido no envio até Caracas de uns 100 paramilitares que tinham a missão de assassinar o presidente Chávez de Venezuela. Este último o descreve até o Almanaque Mundial. Artigo enviado à redação de ANNCOL por Iván Márquez.


Os amigos do general Montoya, prova irrefutável.


[Iván Márquez*]

Essa imagem dos helicópteros Black Hawk metralhando a Comuna 13 nos cerros ocidentais de Medellín resiste desde 2002 entrincheirada na memória. A “Operação Orión” era Beirute em Medellín, e eram as crianças dos bairros Belencito e 20 de Julho batendo trapos brancos entre os escombros e a fumaça.

Do vale para cima, em cortina avançavam as tropas da Quarta Brigada do general Mario Montoya, atual comandante do Exército, e também os policiais comandados pelo general Gallego. E, na parte alta, os paramilitares fechavam o cerco. Em outubro correu o sangue dos moradores mortos e feridos por conta do exército, dos policiais e dos paramilitares. Esses aliados da morte, essas instituições unidas em concerto para delinqüir, converteram, ademais, ao Atanásio Girardot num estádio-prisão, como nas mais infernais ditaduras.

A denúncia do Los Angeles Times e outros jornais estadunidenses é incontestável. Sabe-o todo o mundo em Medellín. É hora de recolher esse idiota argumento das autoridades de que o destapamento da panela podre do narco-paramilitarismo de Estado é conseqüência da “segurança democrática”. Essa política só tem servido para ofender o povo em defesa dos astutos inversionistas. Se hoje afloram por donde queira as denúncias sobre nexos das instituições com o paramilitarismo, é porque o povo se cansou de tanto silêncio, de tanto desaforo e de tanta impunidade.

O problema não é se a CIA vazou ou não o difundido informe à imprensa. Colômbia e o mundo não querem mais sofismas de distração. O caso concreto e comprovado é que o comandante do exército está ligado ao paramilitarismo criminoso e deve sair da instituição. E não é um caso isolado. Perguntem aos narco-paramilitares Jorge 40 e Hernán Giraldo, que atuaram em estreita coordenação com a Primeira Divisão do Exército. E para que não faltem argumentos, o mesmo general está envolvido no envio até Caracas de uns 100 paramilitares que tinham a missão de assassinar o presidente Chávez de Venezuela. Este último o descreve até o Almanaque Mundial.

Chegou a hora de falar com franqueza do exército e do paramilitarismo como estratégia contra insurgente do Estado. Os senhores comandantes de Brigada não estavam cegos para não ver os pavorosos massacres do paramilitarismo, o incêndio de casarios, o deslocamento forçado da população, o roubo de terras e gados... O general Rito Alejo del Río, por exemplo, embarcou em dois aviões, no aeroporto de Apartadó, aos paramilitares que perpetraram o massacre de Mapiripán. Ao coronel Velásquez o descartaram por denunciar a estreita coordenação desse general carniceiro com o paramilitarismo. E foi quase pública a repreensão por parte dos generais Bonett e Mora ao coronel. O grupo La Terraza de Medellín denunciou Mora Rangel como o verdadeiro chefe das AUC. Em Urabá, o general Carreño da 17ª Brigada sempre apoiou com helicópteros artilhados aos paramilitares atacados pela guerrilha. E o general Carlos Alberto Ospina foi ferido numa perna quando se dirigia a Murindó a apoiar um grupo paramilitar assediado pelas FARC. Que não se esqueça dos generais Yanine, Millán, Ramírez Quintero... Todos eles são apenas a ponta do iceberg.

E, desde logo, há que dizê-lo com toda justiça: nem todos os oficiais do exército estão envolvidos em tão lamentáveis crimes de lesa-humanidade.

Sentimos que se aproxima o dia em que a guerrilha bolivariana das FARC e os militares que sentem a pátria e o sofrimento do povo teremos que estreitar nossas mãos e projetar com a gente simples e as organizações políticas e sociais, democráticas e revolucionárias, o futuro da Colômbia em liberdade, independência, soberania, justiça social e paz.

* Integrante do secretariado das FARC-EP

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