"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

El Caguán, 10 anos depois

El Caguán segue vivo na memória dos colombianos como uma região rica em propostas para resolver o conflito interno colombiano. Mas a oligarquia colombiana e o império não quiseram isso.

Anncol

A grande imprensa oligárquica está fazendo barulho com a comemoração dos 10 anos de início dos Diálogos de Caguán porque, diz, Andrés Pastrana ficou só nos primeiros estágios da ação. Os fatos são conhecidos, mas vale a pena recordá-los. As FARC capturaram um oficial de 'inteligência' que informou de um atentado naquele mesmo dia para matar Manuel Marulanda, por ordem morte do presidente Pastrana. Mais tarde, trocas de diálogos entre Pastrana e Marulanda demonstraram que esse episódio era caso superado.

Mas o que não fazem os meios midiáticos de aterrorização é analisar o significado real do Caguán nas tentativas de levar paz aos colombianos. Para começar temos que dizer que esta, como toda 'negociação', esteve marcada pelo tira e põe, mas que também deixou a Agenda Comum para discutir e dialogar as causas que originaram - e originam ainda hoje - o nascimento da insurgência armada e do conflito interno como reação à oligarquia e ao império norte-americano. Precisamente quando devia começar-se a discutir o primeiro ponto da Agenda Comum, o governo de Pastrana recebeu a ordem dos estadunidenses de “virar a mesa”, já que tinham cumprido o objetivo de ganhar tempo para fazer a 'reengenharia' de alguns grupamentos militares sem força de combate e que tinham sofrido importantes baixas por parte das FARC.

Esse primeiro ponto foi precisamente a questão do desemprego, problema que continua igual ou pior atualmente mesmo se olharmos somente as maquiadas e manipuladas taxas de desemprego que apresenta o DANE, na tentativa de mostrar o que realmente não podem, isto é, que o desemprego diminuiu. A verdade é que 70% da população vive na pobreza (o 'governo' narcoparamilitar de Uribhitler diz que há 49,5% de pobres).

Outro ponto no qual se comprometeu o presidente Pastrana foi o seu combate ao narcoparamilitarismo, que, como sabemos, ficou só no campo da possibilidade. Aí estão as cifras que mostram a posição governamental. Ao contrário, as estruturas do narco-paramilitarismo seguiram crescendo de 8 mil durante o 'governo' Samper a 12 mil no 'governo' Pastrana e chegaram a 40 mil no de Uribhitler e sua camarilha, com a quantidade de vítimas produzidas pelas forças militares-narcoparamilitares que a Colômbia e o mundo já sabem. Igualmente desde o início sabe-se das 'conexões ocultas' entre forças militares e narcoparamilitares, o que foi ampla e suficientemente denunciado.

Além disso, o Caguán legou a todos os colombianos um imenso Laboratório de Paz. Às Audiências Públicas concorreram todos os setores da sociedade colombiana. Negros, indígenas, camponeses, operários, empregados, mulheres, crianças, etc. Até os presunçosos representantes dos 'ricos'. Todos expuseram a classe de país que queriam - e querem - e as medidas desejadas para solucionar o conflito interno colombiano.

O comandante-em-chefe das FARC, Manuel Marulanda, fez duas propostas fundamentais nessa direção. Uma foi adiantar um plano piloto em Cartagena del Chairá para a erradicação manual de cultivos ilícitos e a substituição destes, o que se estenderia a todo o país com apoio e financiamento das Nações Unidas. A segunda foi a proposta de Troca de Prisioneiros, ou, como apelidaram depois, Intercâmbio Humanitário. Nenhuma das propostas foi levada em conta.

A troca de prisioneiros ou intercâmbio humanitário segue hoje apenas como possibilidade, 10 anos depois, sem solução pelo regime narco-paramilitar de plantão, o de Uribhitler, da mesma forma que aconteceu na administração Pastrana. Como testemunhas mudas estão os prisioneiros em poder das FARC há mais de 8, 10 anos, e os prisioneiros guerrilheiros nas prisões do regime e do império estadunidense.

El Caguán segue vivo na memória dos colombianos como uma zona rica em propostas para solucionar o conflito interno colombiano. Mas a oligarquia colombiana e o império não quiseram assim. Por isso a guerra continua.

Isso não significa que devemos cruzar os braços. Não. Iniciativas altamente valorizadas pelas FARC, como a dos COLOMBIANOS PELA PAZ, devem ser fortalecidas porque quando um 'governo' não se interessa em resolver os problemas que a população exige, é esta mesma população que deve 'agarrar o touro pelos chifres' e impor soluções. Não há outra saída.

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