"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

SAUDACAO DE FIM DE ANO DAS FARC-EP

Quarta, 31 de Dezembro de 2008

"Ao povo colombiano propormos-lhe que trabalhemos por um Novo Governo, Patriótico, Democrático, Bolivariano com rumo ao Socialismo, que desenvolva a Plataforma Bolivariana, trabalhe por uma Constituinte na qual participem todos os setores de nossa nacionalidade, que discuta temas que foram vedados na Constituinte de 1991, cujas decisões sejam respeitadas, e que seja a base da paz democrática que anseia a grande maioria dos colombianos".

ANNCOL.EU

Ao povo Colombiano:

Culmina outro ano vergonhoso para os colombianos caracterizado como nunca por uma sucessão de crimes, corrupção e gravíssimos escândalos, nas mais altas esferas do poder. Um ano que será lembrado pela infame cadeia de assassinatos, violência e terror cometidos pela Força Pública contra nosso povo, ratificando assim uma verdade que temos gritado ante o mundo inteiro desde há mais de 40 anos: Colômbia tem um regime de Terrorismo de Estado.

Não obstante, este 2008 também será recordado como o ano no qual se foi desvendando o imenso e enganoso fraude que tem significado os seis anos do governo fascista encabeçado pelo ditador Álvaro Uribe Vélez; porque foi uma fraude sua reeleição alcançada por meio de enganos, subornos, falcatruas e traições; foi uma fraude sua promessa de acabar com o paramilitarismo que, pelo contrario, cresceu e mostrou que seus tentáculos e ramificações dominam, não só organismos de inteligência como o Departamento Administrativo de Segurança –DAS-, mas que alcançam à própria casa de Nariño; foi uma fraude sua política de acabar com a corrupção e a politicagem, pois não conhece na história da Colômbia administração mais corrupta que a atual.
Passar-se-ão os anos e esse Congresso será lembrado na posteridade como um Parlamento, (com honrosas exceções da oposição) infestado de delinqüentes confessos, mafiosos e paramilitares com as mãos salpicadas com o sangue de compatriotas assassinados.

Foi uma fraude sua política anti-drogas, pois nesses anos aumentou a produção de cocaína e se debelou com meridiana claridade que os paramilitares são uma máfia do narcotráfico nunca combatida pelas forças militares, que contaram e contam com a proteção oficial e que em nefasta aliança assassinaram sem compaixão milhares de inocentes em campos e povoados do país. Foi uma fraude sua proclamada vitória contra a insurgência. As exageradas cifras de mortos enganosamente apresentadas à opinião como provas dos supostos triunfos contra a guerrilha alcançados por seus falsos "heróis," têm sua origem no horrendo massacre de milhares de humildes compatriotas, assassinados em uma orgia de morte, chegando ao extremo de legalizar cadáveres e criar cartéis para cobrar recompensas por eles, ou, em sua degradação moral, utilizá-los para obter uma folga ou sair de férias. Por trás da hipócrita denominação de "falsos positivos" esconde-se um nauseabundo e espantoso crime de lesa humanidade contra os colombianos, que apenas dá uma idéia da profunda dimensão de um genocídio executado sem trégua contra nosso povo e que clama não por destituições compensadas com embaixadas, mas para que sejam levados à Justiça e punidos exemplarmente os responsáveis dessa atrocidade. Propor coisas, como a manifestada por Uribe, consistente em que as Unidades militares recebam as denúncias sobre violação dos DD.HH, é como se Hitler houvesse pedido às SS que receberam as queixas dos abusos cometidos pela Gestapo.

Essa enganosa saída não é mais que outra estafa à dor de milhares de colombianos que clamam por conhecer a verdade, sobre a sorte corrida por seus familiares assassinados pelas Forças Militares do regime. O Governo pretende iludir sua responsabilidade sobre a questão fundamental de todos esses crimes, para não responder pelo assassinato de milhares de nossos compatriotas, nem pelo motivo real pelo qual foram demitidos 27 altos comandos militares incluídos vários generais, ao tempo que outros renunciaram, incluindo o Comandante do exército. O quê, ou como, ou quando e o porquê de toda essa tragédia, são perguntas que ainda continuam sem resposta.

Não pode ser casual nem conjuntural uma crise que se repete ciclicamente e durante anos. Estamos perante a evidencia de um feito denunciado, mas também, negado mil vezes. Escândalos que se tapam com outros escândalos produto de crimes e de massacres: Mapiripán, La Rochela, El Aro, San José de Apartado, Urabá, El Naya, Jamundí, Guaitarilla, Cajamarca são nomes ligados já pela memória coletiva a outras tantas tragédias e aos nomes de generais como Rito Alejo del Río, Uscátegui, Manosalva, Montoya, Yanine, Iván Ramírez, Bedoya Pizarro, Mora Rangel, Ospina e ao mesmo presidente Uribe. A cascata de mentiras secará quando mais cedo do que tarde brilhe a verdade plena, para bem da Pátria.

É a concepção mafiosa da Segurança Nacional e do Estado, o que está nas entrelinhas. Está em jogo, também, a legitimidade de umas Forças Militares, que reclamam o monopólio das armas da República, para com elas assassinar seu próprio povo. É a própria legitimidade do Estado a que está sendo questionada porque por trás da mentirosa retórica da mal chamada "Segurança Democrática" esconde-se a guerra suja contra o povo. Eis o terrorismo do Estado! Está comprovado que as Forças Militares atuando conjuntamente com os paramilitares têm enxotado mais de quatro milhões de pessoas, desaparecido mais de 25 mil compatriotas, jogado seus corpos nos rios, convertendo-os assim em cemitérios sem tumbas, ou em ocasiões lançando-os vivos para que serem devorados pelos jacarés famintos, como era seu costume nas fazendas de Miky Ramírez no Estado Bolívar e "Villa Sandra", em Puerto Asís (Putumayo). Nos últimos cinco anos, têm assassinado mais de 1.800 indígenas e 2.570 sindicalistas.

As 'confissões' dos chefes paramilitares sobre suas horripilantes matanças, de suas estreitas relações e seu financiamento por parte de empresas nacionais e multinacionais surpreenderam o país, mas não o estabelecimento. Empresas como Postobón, Bavaria, Coca-Cola, Carbones del Caribe, Brasilia, Copetran, Vikingos, Palmicultores del Magdalena, Cafeteros de la Sierra Nevada, Carboneras del Cesar, Ecopetrol, Prodeco, Pizano, Maderas del Darién; Maderas de la Cuenca del rio Truandó, Transportadores de Carbón del Monte, Bancol, Drumond, Hyundai, Corcel, Club Vacacional Mendihuaca, Caribbean Resort, alguns contratistas de Gases del Caribe, Chiquita Brands (deu de presente 3.000 fuzis para os paramilitares), Dole, Probán, Unibán e Sociedad Emilia Hazbún e Cia., têm utilizado o paramilitarismo para impor relações trabalhistas precapitalistas e em outros casos, para realizar seus grandes projetos extinguindo completamente povos cujos moradores são pobres ou indígenas, como é o caso da Sierra Nevada de Santa Marta, para a construção da usina sobre o rio Bessote; a usina de Urrá em Córdoba, onde sem contemplação alguma enxotaram todos os indígenas Embera katíos; e em Urabá, para o desenvolvimento dos projetos de palma africana e banana, onde o mesmo paramilitar H.H. reconheceu sem rubor ter assassinado mais de 3.000 pessoas.

O monstro da narco-para-política apoderou-se da Colômbia. Para isso comprometeu toda a cúpula do Estado, desde o próprio Uribe, cabeça principal do paramilitarismo, o Vice-presidente Francisco Santos, inspirador do "Bloque Capital", a Comandância do Exército e da Policia (os Montoyas, os Padillas e os Naranjos), o ministro da defesa, Juan Manuel Santos (que conspirou com Carlos Castaño), o ex-chefe do DAS, Jorge Noguera e, até mais do 35% do Congresso. Esse regime terrorista do grande capital e do latifúndio gera uma profunda corrupção. Nunca antes as instituições tinham-se enlameado tanto por descender tão baixo, nem tampouco a delinqüência organizada tinha subido tão alto, até o ponto, que a augusta Casa de Nariño conhecida historicamente como residência presidencial e sede do governo de turno, tem sido convertida pelo presidente Uribe em algo assim como o "Lixão de Dona Juana", de cujo fundo emanam tóxicos e pestilências que dia após dia envenenam o organismo da Nação e contaminam o ambiente além das fronteiras de nossa Pátria. Porque tudo nesse governo fede. Como o imoral caso da Yidis política, que estremeceu o país quando se conheceu que a aprovação da primeira reeleição no Congresso foi produto de propinas dadas à Yidis Medina e a Teodolindo Avendaño pelos Ministros da Proteção Social e do Interior, Diego Palacios Betancourt e Sabas Pretelt respectivamente e, que hoje se repete agigantada a imoralidade que pretende uma repudiável segunda reeleição de Uribe, por meio de armadilhas, narco-dinheiros, subornos e enganos à população.

A queda das pirâmides, das que faz parte a família presidencial e cujos custos tratam de descarregar sobre os ombros da gente humilde, é outra mostra do engano, a corrupção e das falcatruas da narcotizada classe política colombiana. Todo isso acontece em meio à uma crítica situação social deteriorada até o extremo pela Reforma Trabalhista uribista que cerceou as conquistas obtidas pelos trabalhadores após anos de intensas lutas e que generalizou o escravista sistema das Cooperativas de Emprego para explorar mais ainda, os operários e empregados. A situação está piorando porque uma importante quantidade de hospitais têm sido fechados, muitas universidades públicas carecem de orçamento e outras foram paramilitarizadas, as empresas estatais mais lucrativas foram vendidas a preço de banana para o capital transnacional (gringo e espanhol), o desemprego segue sua linha ascendente, os salários são baixos e o empobrecimento é permanente, o déficit de moradas aumenta, a cobertura social do sistema de saúde é absolutamente precária, as insuficiências educativas são crescentes, grande porcentagem dos municípios do país carecem de água potável, o arrasamento do equilíbrio ecológico pressagia catástrofes, os danificados pela violência padecem o esquecimento oficial; continua a desnutrição secular de milhares e milhares de crianças colombianas, todo isso como manifestações da política de um Estado e de uma oligarquia voraz, que só pensa em seus interesses e como se fosse pouco, pretende comprometer o pais no oneroso e inaceitável tratado comercial (TLC) com os Estados Unidos. Entretanto, essa miséria social cresce, o Governo colombiano gasta anualmente 22. 21 bilhões de pesos, 6,5 por cento do produto interno bruto (PIB) que ascende a 351,2 bilhões de pesos. Se o Estado destinara para a educação e a saúde o total do gasto militar, com esses recursos poderiam se construir 3.666 escolas e 220 hospitais de terceiro e quarto nível.
Mas não. Todo o que possa levar à melhoria de vida do povo não cabe nos planos do Governo. Só a guerra. E é mais, pois a tão avultados recursos para do orçamento militar sumam-se os perto de 10 bilhões de dólares gastos pelo governo dos EUA durante os últimos 6 anos em sua guerra contra o povo colombiano através do imperial, inútil e fracassado Plano Colômbia. Porque a verdade é que nossa soberania está completamente esfarrapada, já que a ingerência norte-americana aumenta dia após dia e segue sendo maior a submissão de Uribe, a quem o império designou-lhe na América Latina o mesmo papel de Caim que joga Israel no Oriente Médio. Por isso conspira e provoca buscando desestabilizar os governos de Chávez e Correa.

Vale lembrar que o capitalismo mundial vive sua pior crise em muitos anos e que os efeitos do colapso neoliberal e do capitalismo selvagem atropelam a milhões de seres humanos e ao mundo, sem que o sistema vislumbre em seu horizonte nenhuma perspectiva para superá-lo, mesmo que nos Estados Unidos tenham eleito como Presidente a Barack Obama, quem apesar das expectativas que tem gerado, dificilmente poderá satisfazer as esperanças que muitos têm depositado nele. Só a iniciativa criadora dos povos e suas lutas podem corrigir o rumo do atual caos, e o Socialismo se ergue outra vez, como o único que pode humanizar o planeta e enveredar a sociedade pelos caminhos da paz, a igualdade, a justiça, o desenvolvimento, o melhor estar e a felicidade social. Esse é o ensinamento que surge dos processos em marcha sob a influencia atuante das maiorias, no Velho Mundo, em nossa América Latina e no Caribe.

Nesse grande contexto nacional e mundial germinam em nosso país fundadas razões para o otimismo. Levantam-se com inesgotável força, grandes manifestações sociais de campesinos, trabalhadores, indígenas, estudantes, do movimento popular e das forças democráticas, como essa formidável corrente de opinião que constituem os "Colombianos pela paz". A todos eles desde aqui, nosso saúdo combativo pleno do irrevogável compromisso pela solução política, rumo a uma verdadeira paz com justiça social. Nessa gesta heróica, os Comandos e Combatentes das FARC-EP estaremos, como desde Marquetalia, acompanhando o povo em seus mais altos empenhos até alcançar a Nova Colômbia, porque os guerrilheiros farianos nos nutrimos e inspiramos das invencíveis lutas de nosso povo, das certezas que nos têm acompanhado durante 44 anos de luta revolucionária, do exemplo e sacrifício de Raúl, Iván, Felipe, Camilo, Dago e tantos outros caídos e especialmente do exemplo e dos ensinamentos do invencível e legendário condutor de guerrilhas, Comandante em Chefe, Manuel Marulanda Vélez.

Saudamos e manifestamos-lhes nossa solidariedade militante nos cárceres do regime aos guerrilheiros e a todos os presos políticos, a Sonia, Simón e Iván Vargas, a todos lhes reiteramos que não deixaremos de lutar pelo Acordo Humanitário. Saudamos os guerrilheiros e guerrilheiras das FARC-EP, as Milícias Bolivarianas, Partido Clandestino, Movimento Bolivariano, outras organizações revolucionarias, organizações de massas, forças democráticas, a nossos simpatizantes e amigos os convidamos fraternalmente a redobrar esforços. Os colombianos não podemos ter como destino as atuais desgraças, porque o futuro nos pertence é que devemos construí-lo desde sempre, e isso só será possível mediante a unidade e a convergência do esforço coletivo.

Ao povo colombiano propormos-lhe que trabalhemos por um Novo Governo, Patriótico, Democrático, Bolivariano com rumo ao Socialismo, que desenvolva a Plataforma Bolivariana, trabalhe por uma Constituinte na qual participem todos os setores de nossa nacionalidade, que discuta temas que foram vedados na Constituinte de 1991, cujas decisões sejam respeitadas, e que seja a base da paz democrática que anseia a grande maioria dos colombianos.

Em Bolívar nos encontramos todos

Honra e glória a nossos combatentes caídos!

Até a vitória sempre!

Temos jurado vencer e venceremos!

Secretariado del Estado Mayor Central de las FARC-EP.
Montanhas da Colômbia, Dezembro 22 de 2008.