Chegou a vez da mídia em Havana
Fonte: La Silla Vacía
O Fórum sobre a Participação Política organizado pela ONU e a
Universidade Nacional para prover dados para Havana concluiu ontem. Ainda que o
tema da Assembléia Constituinte roubasse toda a atenção mediática, houve um
bloco completo de discussão sobre os meios de comunicação, o que dá uma medida
de que esta etapa da negociação com as FARC irá muito mais longe do que a
discussão sobre algumas cadeiras no Congresso para os chefes guerrilheiros.
Nenhum dos grandes meios assistiu o evento, a não ser a revista Semana. Caracol,
RCN, El Tiempo e nem El Espectador acolheram o convite. Então, enquanto o Estabelecimento
esteve mal representado, os meios alternativos e de esquerda, como Canal Capital,
representado por Hollman Morris; Voz, por Carlos Lozano; Prensa Rural, entre
outros, marcaram o evento.
Surgiram dezenas de propostas: criar uma plataforma tecnológica para que
os camponeses tenham telefonia celular com acesso a dados; democratizar a pauta
pública; dar um canal de TV, emissoras de radio e uma revista nacional para a
oposição. Mas, houve um debate que teve grande eco no auditório: o tema da
concentração dos meios de comunicação e a necessidade de frear sua integração “vertical”
com outros meios e, “horizontal” com outros negócios. A idéia seria proibi-las
ou limitá-las.
“Acredito que um debate que tem que acontecer no país é sobre o impacto
na qualidade da informação e na democracia o fato de que os grandes grupos econômicos
sejam os donos dos meios”. “Quais são os conflitos de interesse?” “Minha proposta
foi criar uma lei antimonopólio, sem esse nome, principalmente que propicie o
debate sobre o assunto”, disse o jornalista e diretor de Canal Capital, Hollman
Morris.
Sua proposta – que segue a tendência de leis polemicas propostas por mandatários
de esquerda no continente, como Cristina Kirchener na Argentina e Rafael Correa
no Equador – arrancou muitos aplausos no auditório e, mais cedo do que tarde,
chegará a Havana.
Provavelmente será um debate que pulará para fora da Mesa porque toca as
fibras mais intimas do poder. Dos cinco conglomerados de mídias que existem na
Colômbia, três seriam afetados: os dos três homens mais ricos do país, Luis
Carlos Sarmiento Angulo, Alejandro Santo Domingo e Carlos Ardila Lülle.
A seguir, eis a situação atual dos cinco grandes conglomerados de mídia
que existem no país.
- Organização Ardila Lülle
Meios de Comunicação:
·
RCN Televisão; RCN Rádio; Editorial Televisa
Colômbia.
Outros
negócios:
·
Bebidas
não alcoólicas: A coroa do seu império são Postobón, Lux y outras de refrigerantes.
·
Açúcar:
Controla os engenhos Providência e Cauca e empresas relacionadas como Ciamsa y
Sucromieles.
·
Embalagens:
Possui empresas como Peldar, Crown Colombiana e Iberplast.
·
Futebol:
É proprietário do Atlético Nacional.
·
Automóveis:
É dono da concessionária Los Coches
- Grupo Santo Domingo
Meios de Comunicação:
·
Caracol TV; El Espectador; Blu Radio; Cromos.
Outros
negócios:
·
Cervejas:
É um dos principais acionistas da multinacional SAB Miller.
·
Petóleo:
Possui investimentos em empresas como Latco Drilling e Integral.
·
Construção
Civil: atua nesta área através de recentes investimentos em Terranum e Prebuild
Construcción e Ingeniería.
·
Entretenimento:
É dono de Cine Colombia.
·
Comunicações:
Possui investimentos em empresas como Canal Clima, Data IFX e a nova Virgin
Mobile Colombia.
·
Comércio:
recentemente vem investindo em plataformas eletrônicas como Linio e Dafiti, e
no grupo Koba.
·
Tecnologia:
Possui a ICCK Net.
·
Logística
e Transporte: Controla Ditransa, Naviagro e Sugranel.
·
Plásticos:
É o proprietário de Biofilm.
·
Agroindústria:
Possui empresas como Reforestadora de la Costa e plantações em La Orinoquía.
·
Financeiro:
É possuidor de 3% de Corpbanca, no Chile.
- Publicaciones Semana
Meios de Comunicação:
·
Semana;
Dinero; Soho; Fucsia; Jet Set; Arcadia.
Outros Negócios: Não possui. O grupo
de Felipe López cresceu em volta da revista Semana e se mantém como um grupo editorial.
- Organização Luis Carlos Sarmiento Ângulo
Meios
de Comunicação:
·
El
Tiempo; City TV
Outros
Negócios:
·
Financeiro:
Com o Grupo Aval possui os bancos de Bogotá, Occidente e AV Villas, além de
várias companhias de financiamento e fiduciárias. É o maior jogador deste ramo.
·
Serviços
Públicos: Tem importante participação, através de diferentes empresas, em Tibitoc
e na Empresa de Energia de Bogotá.
·
Transportes:
Possui concessões rodoviárias e participação em concessões aeroportuárias.
·
Aposentadorias:
Com a empresa Porvenir é o maior representante do setor.
·
Logística:
Controla, através de suas entidades financeiras, Almaviva e Almapopular.
·
Construção
Civil: Através de Construcciones Planificadas, é um forte representante do
setor.
·
Hidrocarbonetos:
É proprietário de Promigás.
·
Hotelaria:
controla a rede de hotéis Estelar.
·
Agroindústria:
Possui 16 mil hectares semeados em La Orinoquía.
- Grupo Galvis
Meios de Comunicação: Vanguardia
Liberal; La Patria (em sociedade com a família Restrepo); El Nuevo Dia; El
Universal; La Tarde; Q’Hubo (juntamente com El Colombiano e El País)
Outros
Negócios: Não possui. Os Galvis Ramírez, proprietários históricos de El Liberal,
têm comprado participações importantes em diferentes jornais regionais e não incursionaram
em negócios de outros setores.