Delegação de paz FARC-EP_Valora a posição do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em apoio aos diálogos de paz
A Delegação de Paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia valora a posição do Conselho de Direitos Humanos da ONU que apoia os diálogos de paz entre o Governo e nossa organização insurgente, pois fortalece o sentimento nacional que clama pela saída incruenta do conflito social, político e armado que durante décadas tem sofrido Colômbia.
Os
desafios
de uma
nova situação
de reconciliação estão diretamente relacionados com a solução
dos profundos problemas derivados da acumulação capitalista, o
despojo sofrido pelas maioria da população e a pertinaz
criminalidade de um Estado que historicamente tem sido conduzido
pelas elites excludentes que
têm imposto a guerra para impedir a participação democrática do
povo e o desfrute de seus direitos fundamentais.
Aplaudir o processo de paz, entendemos que significa sublinhar a superação das profundas desigualdades sociais, a miséria crescente que padece Colômbia e, a continuada violação dos direitos humanos, o qual implica uma profunda restruturação do regime de terror imperante, instaurando a verdadeira democracia e transformando aspectos fundamentais como a tenência e o uso da terra por serem as causas fundamentais do conflito. E é essencialmente sobre aspectos desse tipo que seguramente surge a necessidade da “não repetição”, assunto que transcende a simples desmobilização como caraterística de uma paz estável e duradoura.
São,
sem dúvida, a participação cidadã e o brilho da verdade pura e
limpa, condições
fundamentais
para que um processo como esse que hoje se desenvolve em busca da
reconciliação, seja um sucesso. Em tal sentido, temos insistido as
FARC-EP em assinalar o Estado como vitimário fundamental e fator
último de impugnação
que deve assumir a responsabilidade histórica que por ação e por
omissão lhe corresponde no desenvolvimento da violência e a pobreza
que nos ensanguenta e destrói.
As
FARC-EP compartem a ideia de Nações Unidas no sentido de que quando
o conflito está acabando, fazer uma expansão da jurisdição
militar implica uma contradição. Por isso mesmo consideramos muito
importante atender a preocupação que o Conselho de Direitos Humanos
de Nações Unidas tem expressado sobre a reforma que impõe o foro
militar, ao indicar que situa as forças de segurança sob a
jurisdição militar, aumentando com isso o risco da impunidade. E,
dizemos, em tempos de
busca da
paz, de forma absurda entrega patente de corso a quem têm executado
terríveis crimes de lesa humanidade em desenvolvimento de políticas
de Estado que devem cessar e reparar-se sem mais demora.
Nosso
reconhecimento tanto aos 76 países por recomendar à Colômbia tomar
medidas para reduzir os níveis de impunidade e, estender a justiça
social, quanto à ONU pela firme posição de reconhecer os direitos
dos camponeses, pelo menos na dimensão em que reconhece aos povos
naturais da Nossa América.
Delegação
de Paz das FARC-EP
La
Habana, 30 de abril de 20131