"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Ernesto Yamhure, uma ferramenta barata do Uribismo

Por Dick Emanuelson*

terça-feira, 25 de dezembro de 2007
O fato é que ele foi flagrado quando estava fotografando seus compatriotas exilados na Suécia, que exerciam o direito universal de realizar um protesto pacífico.

Yamhure vai ao ponto quando me ataca, porque sabe que não vai acontecer nada em razão da impunidade reinante na Colômbia.

O fato é que ele foi flagrado quando estava fotografando seus compatriotas exilados na Suécia, que exerciam o direito universal de realizar um protesto pacífico. Protesto que é permitido em Estocolmo, mas que seria punido com a morte na Colômbia.

As ameaças abertas de Yamhure a um correspondente estrangeiro como eu, permitidas pelo periódico El Espectador, deixam muito claro à opinião pública internacional o que passam os jornalistas e cidadãos comuns na Colômbia, que se atrevem a protestar ou denunciar o que ocorre com o governo do presidente Uribe.

A histeria e paranóia dos círculos governamentais na Colômbia são essencialmente contra a democracia. Usam, os uribistas, uma combinação entre as técnicas do líder nazista Goebbels, “se esculpires suficientemente uma pedra ao final estará molhada” e o anticomunismo dos manuais do senador estadunidense Joseph McCarthy.

É essa tática que tem utilizado o AGENTE 000, ex-chefe da inteligência militar (sob o olhar do “Primeiro Secretário”) da embaixada colombiana em Estocolmo, Ernesto Yamhure, para obter êxito em sua estratégia nos países nórdicos, de silenciar a oposição colombiana e todas aquelas pessoas e organismos questionam a política de guerra de Uribe.

No mesmo dia em que o El Espectador avaliza nova ameaça de morte a este jornalista por parte do senhor Yamhure[1], o jornal enloda a memória de seu próprio ex-diretor, Guillermo Cano Isaza, assassinado pelo Cartel de Medelin.

Cano foi assassinado porque não e dobrava às ameaças de Escobar e seguiu exigindo o direito de livre expressão e por isso o mataram. Foi muito ousado.

O curioso é que agora se descobre que “pessoas muito amigas” de José Obdulio Gaviria – primo de Pablo Escobar Gaviria e assessor político de Uribe – através de seu irmão, sacaram os cheques com que pagaram os pistoleiros que mataram Cano.

“Escorregadio mensageiro do secretariado”

No sábado, 15 de dezembro, El Espectador deu outra vez espaço ao señor Yamhure para que escrevesse que eu sou um “coordenador da agitação midiática a favor das FARC na Europa e ‘embaixador’ desse grupo terrorista”.

Ocorre que nem vivo nem trabalho na Europa desde 2000, mas sim na América Latina, continente em que faço a cobertura em tempo integral como jornalista. É bastante divertida essa contradição de Yamhure.

“Esta semana soubemos que um grupo de sindicalistas dinamarqueses anunciaram a doação de dois mil dólares para as FARC. Esta operação ilegal, suponho, foi coordenada e instigada por Emanuelsson, como me pôde confirmar uma fonte de altíssima credibilidade”.

Que capacidade a minha, encontrar-me na América Latina e ao mesmo tempo coordenando doações para a guerrilha das FARC, de sindicalistas do outro lado do planeta.

“Ele não é um jornalista. É um escorregadio mensageiro do secretariado (órgão máximo das FARC-EP). Se disfarça de repórter que publica suas notas em pasquins e em meios eletrônicos que não contam com recursos para lhe pagar algum salário”.

Não diga! Pasquins? Minhas reportagens sobre a maioria dos países latino-americanos, que cubro desde 1980 para o jornal sueco FLAMMAN (fundado em 1904) são de conteúdo social e político.

Também colaboro com o semanário Libetación e MANA (Malmó, Suécia), Argenpress (Buenos Aires), Punto Final de Chile, no diário Dagblet Arbejderen (Dinamarca), o semanário LO-Tidningen, da central de trabalhadores sueca, LO, com uma tiragem de quase 100,000 exemplares e de vez enquando publicam também no Rebélion (Espanha) e no centro do (Eje del Mal), a agencia de notícias independente ANNCOL, a que tanto temem, mas que lêem diariamente, Uribe, Yamhure, os militares, os paramilitares colombianos e eus asseclas. Não em vão têm tratado de tentar removê-la do cyber-espaço, mas ela continua lá, firme como um carvalho.

Não há “nenhum agente secreto”?

“Lamentavelmente, nossa política externa prevê o uso de agentes secretos capazes de encontrar os terroristas que conspirem contra o Estado no outro lado do oceano. Que bom serua que, com efeito, se pudesse identificar os agitadores do estilo de Emanuelsson para poder prendê-los quando tentarem entrar na Colômbia.”

Quem estava atuando como agente secreto no cargo de Primeiro Secretário da embaixada da Colômbia em Estocolmo era o senhor Yamhure. Por isso foi tão grave que o surpreendesse tirando fotografias de exilados colombianos. Esse trabalho é ilegal em países onde existam verdadeiras democracias e respeito pelos direitos das pessoas de protestar. Também, ninguém acredita na história de que na Colômbia não existam “agentes secretos”, quando existem 3,5 milhões de agressões, segundo o Ministério da Defesa, onde o presidente Uribe possui um organismo pessoal que se chama DAS (Departamento Administrativo de Segurança) que é a Polícia Política Secreta e onde seu braço direito, o ex-chefe do DAS, Jorge Noguera, entregava listas com nomes de sindicalistas que seriam assassinados pelos matadores a serviço do Estado, ou seja, os paramilitares ou agora chamados “forças desmobilizadas” para que não respinguem em seu chefe e principal benfeitor, o presidente Uribe.

Confissão da parte: Yamhure confirma a coordenação da inteligência

Disse o AGENTE 000 Yamhure, que “Emanuelsson era um dos conjurados” quando chegou ao porto de Estocolmo o navio da marinha colombiana “Gloria”, em julho de 2005.

“Se teve conhecimento a través de um membro da colônia colombiana, que os foragidos planejavam tomar de assalto o navio”.

Pois o mesmo Agente 000 confirma que teria um informante, “um membro da colônia colombiana”, portanto ele coordenava a inteligência a partir da embaixada através da “Rede de 100.000 amigos da Colômbia no exterior”, uma das primeiras atitudes da administração uribista quando assumiu a presidência em agosto de 2002. As acusações sobre “a tomada do Gloria” só podem ser explicadas pelo desespero de Yamhure aonde está “com o traseiro descoberto”.

O fato é que foi flagrado quando estava fotografando seus compatriotas exilados na Suécia, que exerciam o direito universal de realizar um protesto pacífico. Protesto que é permitido em Estocolmo, mas que seria punido com a morte na Colômbia.

“Opiniões de Yamhure são pessoais”

Disse Yamhure que a seu lado estava “uma importante funcionária do governo sueco que sabia das intenções dos terroristas”. Mas ocorre que as ameaças e mentiras publicadas em 15 de dezembro no El Espectador foram objeto de um confronto entre a chancelaria sueca e o embaixador da Colômbia em Estocolmo, onde o diplomata da Colômbia no Reino sueco lavou as mãos dizendo que as “opiniões de Yamhure são pessoais”. Quer dizer, nem mesmo seu velho patrão defende Yamhure de suas perigosíssimas acusações contra mim, o eurodeputado Jens Holm, a colônia colombiana em exílio (a Associação Jaime Pardo Leal) e a Rede Colombiana na Suécia.

Yamhure me acusa de ser a raiz de todo o mal e que meu chefe pessoal é o “comandante Raul Reyes”. Tenta misturar cifras e dados para confundir e criar uma incerteza em todos os setores que de uma ou outra maneira me conhecem por todo o meu trabalho jornalístico através de longos anos, e onde se encontram milhares de artigos, textos e reportagens sobre a Colômbia e a América Latina.

Ameaças de prisão

E para coroar sua atividade criminosa, me ameaça dizendo:

“Todavía está em tempo de desmobilizar-se, delatar os seus camaradas, acolher-se da lei de justiça e paz e cumprir sua condenação em algum dos centros de reclusão a que serão enviados os chefes das AUC.”

Com razão que a embaixada colombiana em Estocolmo não quer saber publicamente de um personagem sinistro como Yamhure, pois por trás dele podem estar não só o DAS, as AUC, o E-5, como também uma quantidade de psicopatas que acreditam que ao assassinar opositores ou jornalistas que apenas cumprem seu trabalho, considerando-os como “guerrilheiros vestidos de civis”, se “faz à pátria um favor”.

Tenho coberto o conflito colombiano durante 27 anos e acreditava que se havia entendido as razões de seu caráter armado. Quando a morte quase penetra o corpo de alguém, é quando esse alguém se dá conta da dimensão deste. As ameaças abertas de Yamhure contra um correspondente estrangeiro como eu, permitidas pelo jornal El Espectador, deixam muito claro à opinião pública internacional o que ocorre com os jornalistas e cidadãos comuns na Colômbia que se atrevem a protestar ou denunciar o que acontece com o governo do presidente Uribe.

Poderia ir à Colômbia para continuar cobrando as notícias sob pena de cair morto por balas assassinas dos que pensam e atuam como Yamhure?

Agora entendo os camponeses de Cundinamarca na década de sessenta, quando viram as cabeças que os fazendeiros haviam colocado como troféis daqueles camponeses que se atreveram a gritar as palavras “Reforma Agrária!”. Foram eles, os de Marquetália, os milhares de camponeses perseguidos, os que estavam na luta legal por uma nova e melhor Colômbia. Foram eles que se armaram para a justa defesa de suas vidas. Assim nasceram as FARC, segundo os mesmos historiadores colombianos. Agora, mais do que nunca, os entendo.

Autocensura ou morte

Existem pouquíssimos jornalistas colombianos que se atrevem a relatar e descrever a realidade em seu país. A maioria é vítima de sua própria autocensura, um assunto que tocou um desses excelentes jornalistas colombianos: Alfredo Molano Bravo.

Em uma crônica de 7 de novembro de 2005, pontuou, baseando-se em uma investigação especial do Comitê Para a Proteção de Jornalistas (http://www.cpj.org/), organização independente que tem sede em Nova Iorque e que vela pela liberdade de imprensa no mundo, que que foi apresentado por Chip Mitchell:

“Entrevistas com dezenas de jornalistas demonstram como os meios de comunicação e os repórteres em todo o país se autocensuram... Em certas ocasiões uma notícia confirmada é eliminada, em outros casos, os jornalistas que investigam são assassinados ou presos, ou se vêm forçados a fugir”.

Morano sublinha que “a afirmação não é, supostamente, do agrado do Governo, embora Uribe em sua tônica habitual o ratifique, ao pedir aos meios de comunicação um “autocontrol”. O escritor colombiano cita outro exemplo, desta vez do vice-presidente Francisco Santos que, embora sendo co-proprietário do jornal El Tiempo como seu ex-diretor, não vacila em suas exigências ao comunicadores sociais.

“Em razão de um ataque das FARC contra o Exército, o vice-presidente afirmou que os meios de comunicação ‘criaram uma caixa de ressonância aos feitos terroristas que, sem dúvida, foram mais eficazes que a própria utilização de explosivos’”. A irresponsável declaração é idêntica, em essência, ao que disse em relação a minhas colunas de opinião, Carlos Castaño (q.e.p.d.) na Revista Semana há alguns anos atrás: “Molano nos tem causado mais prejuízos que a própria guerrilha”. Foi uma das razões que me obrigaram ao exílio”, adverte Molano.

E se compararmos essas declarações, Uribe, Santos, Castaño, com as do Agente 000, Ernesto Yamhure no El Espectador, podemos dizer que Yamhure me ameaça abertamente. Por que autocensura? Porque, como escreve Molano, “trinta jornalistas consagrados já tombaram na última década e a grande maioria por crimes que permanecem na mais absoluta impunidade”.

É dizer, Yamhure vai ao ponto quando me ataca, porque sabe que não lhe vai acontecer nada com a reinante impunidade da Colômbia.

“A Policía e o Exército redigem as notas informativas”

E por que ameaçam? Porque, como cita Molano, o que se procura esconder são “as violações contra os direitos humanos, é o conflito armado, a corrupção política, o narcotráfico e os vínculos de funcionários com grupos armados ilegais”.

A natureza do que se quer esconder fala da origem e sentido dos crimes e pressões que impõem a mordaça “voluntária”.

E a liberdade de expressão?

“Pesa contra a liberdade de expressão o fato de que – sobretudo nesse governo – deveriam alertar ao país? O controle crescente da informação por ordens públicas por parte do executivo. São a Polícia e o Exército as instituições que no fundo redigem as notas informativas”, menciona Molano e cita Jorge Otero, do semanário Cuarta Opinion de Montería, pergunta: “Se atacarem a brigada XI, temos que nos calar porque segundo o Governo isso nunca aconteceu?”

E o outro exemplo e, talvez, o mais contundente: “Adonai Cárdenas do El País de Cali disse sobre os 12 mortos de Buenaventura (19/04/2005):

Os jornalistas se inteiraram rapidamente sobre o que os paramilitares haviam feito, ‘todo o bairro sabia o que havia ocorrido, mas não podíamos publicar por medo... só se pôde publicar o que informa a polícia””.

E essa é a imprensa escrita que hoje na Colômbia tem perdido muitos leitores. Mas a televisão tem um peso muito mais forte, mas está sob um controle absoluto, sustenta Ignácio Gómez, do Noticias Uno: “Cada dia é mais extensa a rede de emissoras regionais que possuem o Exército nacional e a Polícia”; cobrem quase todo o país e opinam – dão a descrição sobre o divino e o humano.

E conclui Molano: “Naturalmente, desde seu mais puro interesse corporativo. A militarização não é apenas territorial, se amplia e se aprofunda na arte mais sensível da democracia, a liberdade de expressão.”

Ernesto Yamhure é somente um instrumento nesse mundo de mentiras e meias verdades da mídia colombiana. É uma ferramenta barata de Uribe. E isso e seu contexto podem verificar os leitores.
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*Dick Emanuelsson é jornalista sueco, na América Latina desde 1980.


[1] http://www.elespectador.com/elespectador/Secciones/Detalles.aspx?idNoticia=19263&idSeccion=25


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