"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Cumplicidade Transnacional



Nestes dias, a ONG holandesa PAX iniciou uma campanha chamando os holandeses a que não utilizem a energia de Essent, Nuon, E.ON, Electrabel em Delta; se trata de empresas de energia que compram o carvão diretamente das empresas transnacionais Drummond [EUA] e Prodeco [Propriedade da Anglo-Suíça Glencore] na região do Cesar [Colombia]. A campanha se chama STOP BLOEDKOLEN [“Parem o carvão manchado de sangue”]. PAX também pediu a estas empresas que deixem de comprar carvão das empresas mineiras Drummond e Prodeco.
Desde há muitos anos, Drummond é tristemente famosa em Colômbia por suas violações aos direitos humanos, pela contaminação irresponsável do meio ambiente e seus vínculos com estruturas paramilitares. Entre 1996 e 2005, 3.100 pessoas foram assassinadas e 55.000 campesinos deslocados pelos paramilitares no Cesar, que foram financiados e apoiados por Drummond e Prodeco. As vítimas continuam à espera de uma indenização. (ler reportagem PAX em Inglês)
A resposta de Nuon, uma das empresas holandesas, foi que se eles deixassem de comprar carvão em Colômbia, outros, sim, o comprariam e, portanto, se perderia totalmente o controle sobre a situação local. A companhia declarou que quer trabalhar, através de Bettercoal, para melhorar a situação da população no Cesar. Bettercoal é uma iniciativa europeia que tem desenvolvido um protocolo de seguimento e avaliação das minas de carvão que abastecem a Europa.
Porém, as conclusões de Bettercoal não são vinculantes, as empresas não estão obrigadas a informar sobre a origem de seus abastecimentos e as pessoas que se veem diretamente afetadas pelas políticas das empresas mineiras [como os milhares de campesinos deslocados em Colômbia] não têm voz nem voto; são só três das muitas razões dadas por PAX para demonstrar que a iniciativa não tem um impacto real sobre a situação da população no Cesar.
Por outra parte, Nuon afirma em seu comunicado de imprensa que são o governo colombiano e o sistema de justiça os que devem prestar contas. “Nós não devemos nem podemos sentar-nos na cadeira do juiz. Nós não devemos julgar as empresas, essa é uma tarefa do Estado colombiano e de seu sistema jurídico”.
No entanto, um professor holandês de direito internacional, Van Genugten, disse que, segundo os princípios do Pacto Mundial da ONU, as empresas holandesas que continuam comprando carvão destas multinacionais apoiam as violações aos direitos humanos em Colômbia. Se continuam empenhadas em tirar proveito econômico, apesar de conhecerem plenamente os abusos que se cometam, se tornam cúmplices da situação, simples assim.
Então: PAX diz que as empresas holandesas devem assumir sua responsabilidade. Por outro lado, as empresas holandesas dizem que é o governo colombiano quem deve responsabilizar-se. O governo colombiano, por sua vez, trabalha em conjunto com as empresas transnacionais e com os paramilitares sob a palavra de ordem “Impunidade para todos”. É o lucro econômico o objetivo último de todos?
A estratégia do avestruz lhes tem funcionado até hoje. Os colombianos, no começo da cadeia energética, foram assassinados, ameaçados, deslocados de suas terras, sem sequer terem recebido indenizações por isso. Os holandeses, no extremo final da mesma cadeia, compram o carvão que financia incontáveis crimes que vitimizam a uma população humilde e necessitada, aparentemente sem saber. O chamado de PAX aos holandeses para boicotar as empresas que compram carvão manchado de sangue é o último recurso.