"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Carta aberta dos Camponeses Bolivianos a Ingrid Betancourt

A seguinte carta foi enviada pela Federação Departamental Única dos Trabalhadores Camponeses de La Paz – Tupac Katari, aderida também pela Federação Departamental de Mulheres Camponesas de La Paz – Bartolina Sisa, e pela Coalizão de Movimentos Sociais da Colômbia, a Ingrid Betancourt, por conta da sua viagem a La Paz para encontrar-se com Evo Morales sobre a questão dos seqüestrados e detidos em poder das FARC-EP. Esta viagem realizada pela Sra. Betancourt em grande parte da América Latina entrega uma visão distorcida da realidade colombiana e é importante que o movimento popular confronte com toda clareza, cuja finalidade é limpar a imagem do regime mafioso e genocida de Álvaro Uribe Vélez.


Sra. Ingrid Betancourt.

De nossa consideração.

Saudamos sua visita ao nosso presidente, Excelentíssimo Sr. Evo Morales Ayma, para tratar do grave problema do seqüestro por parte das FARC-EP na Colômbia. Nosso povo, na figura de nosso presidente, está disposto a fazer todo o possível para facilitar um Acordo Humanitário que permita o feliz regresso aos seus lares de todos aqueles que se encontram detidos nas selvas colombianas.

Entretanto, causa-nos estranheza o seu silêncio a respeito das vitimas de crimes de lesa-humanidade na Colômbia. Desde o inicio dos anos ’80, sabemos que:

§ 4,5 milhões de camponeses têm sido deslocados de suas terras;
§ Pelo menos 15.000 pessoas estão desaparecidas;
§ 70.000 pessoas foram assassinadas por motivos políticos;
§ Um partido político de esquerda, a Unión Patriótica, com seus 4.000 militantes, foram exterminados;
§ Mais de 2.600 sindicalistas foram assassinados (mais de 45 deles somente no inicio deste ano);
§ Mais de 250 pessoas encontram-se seqüestradas atualmente por grupos paramilitares de direita;
§ A oposição e as organizações populares têm sido submetidas a ameaças, aniquilamento e perseguição por parte de paramilitares de direita e agentes do Estado;

Recentemente, a greve dos cortadores de cana em Cali foi selvagemente reprimida, assim como também se reprimiu o Encontro Indígena convocado por diferentes organizações de povos autóctones e que terminou com o triste saldo de, pelos menos, 3 mortos.

Também sabemos que desde que o presidente Uribe está no poder, pelo menos 1.015 rapazes foram mostrados pelo exército colombiano como guerrilheiros mortos em combate, sendo que na realidade, foram jovens assassinados a sangue frio para insuflar êxitos na luta contra-insurgente. Esta prática brutal, que veio a público com os 11 desaparecidos de Soacha, é estimulada pelo Plano Colômbia, desenhado nos Estados Unidos e pela política de Segurança Democrática do presidente Uribe.

Toda esta violência contra os camponeses e a classe trabalhadora, não tem outro objetivo do que desarticular o tecido social dos pobres e expropriar suas terras para beneficio dos mesmos caciques de sempre.

Gostaríamos de conhecer a sua posição a respeito dos delitos do paramilitarismo e do terrorismo de Estado. Sabemos que estes são responsáveis por 80% das violações do direito internacional humanitário na Colômbia.

Como indígenas, como operários, como camponeses, cuasa-nos profunda dor que o drama dos indígenas, negros, camponeses e operários colombianos seja silenciado. E este silêncio dói mais quando se sabe, graças à para política, que os beneficiários desta violência de classe se encontrem hoje no poder e no governo.

Sabemos que quando um pobre é assassinado, a mídia reage de forma diferente do que se a vitima fosse das classes privilegiadas. O silêncio da mídia internacional e, quiçá o seu próprio silêncio, é uma opção política e de classe.

Pedimos que ponha a sua mão no peito e que manifeste o seu rechaço a estas atrocidades. De outra maneira teremos argumentos para pensar que seus lamentos sobre os seqüestrados em poder das FARC-EP não são sinceros. E assim, sem honestidade, sem sinceridade, como meias verdades, jamais haverá reconciliação e paz sustentável na Colômbia.

Federación Departamental Única de Trabajadores Campesinos de La Paz - Tupaj Katari aos dois dias do mês de dezembro de dois mil e oito.
Federación Departamental Única de Trabajadores Campesinos de La Paz - Tupaj Katari
• Juan Marca Poma, Secretário Executivo• Germán Mamani Patana, Secretário Geral• Silverio Fernández Romero, Secretario de Relações• Joaquín Herrera Fernández, 2do. Secretário de Imprensa e Propaganda• René Cruz M., Secretário da Juventude e Esportes• Feliciano Jarqui Ayala, Secretário de Ciências, Tecnológia e Geografía• Ángel Laura Yujra, Secretário de Transferência y Tecnológia Agropecuaria.

Federación Departamental de Mujeres Campesinas de La Paz – Bartolina Sisa
• Jimena M. Leonardo Choque, Secretária Executiva.

Coalición de Movimientos Sociales de Colombia
• Fabio Serna, Secretário Técnico.

Enlace original