Nota do Partido Comunista Paraguaio sobre a repressão policial e judicial
O PARTIDO COMUNISTA PARAGUAIO DENUNCIA:
REPRESSÃO MILITAR-POLICIAL-JUDICIAL
SE PARECE MUITO COM O "PLANO COLÔMBIA"
Condenamos o assassinato dos dirigentes camponeses Martín Ocampo, em meio ao rastreamento repressivo que aterroriza a população do Departamento de San Pedro, assim como a criminosa execução do companheiro Juan Pedro González, em Itakyry (Alto Paraná), que participava da recuperação de terras em mãos de latifundiários usurpadores. Por terra, água e ar avançam as forças armadas contra o campesinato trabalhador e pacífico.
Por isso, condenamos as torturas feitas contra os camponeses, denunciadas por eles mesmos, por suas organizações e pelo Bispo de Concepción, Zacarías Ortiz.
Não são mafiosos os mortos e torturados. Não são capangas dos grandes traficantes de maconha, de drogas, de armas. Estes últimos gozam de suas terras e bens ilicitamente adquiridos. Parece que eles são os que comandam estas operações contra os camponeses, para conservar os seus latifúndios, onde se planta e se comercia maconha empresarialmente.
Martín Ocampo era dirigente da Organização Camponesa do Norte (OCN) e foi assassinado em 12 de janeiro, por ser, segundo os repressores mais "peças-chaves" do Exército do Povo Paraguaio, o suposto responsável pela incursão armada e pelo incêndio do posto militar de Tacuati, que servia de guarda privado da propriedade de Mary Llorens.
Juan Ramón González sonhava e lutava pela terra própria e por isso foi assassinado com balaços disparados pelo aparato repressivo do velho regime, que ainda está quase intacto.
Quem são os responsáveis por estes novos crimes que enlutam a família paraguaia, para a "segurança" da minoria privilegiada antipopular?
São os poderes efetivos, os que mandam de fato, que têm seus agentes metidos no governo, na oposição, em toda a sociedade, corrompendo e minando tudo o que de saudável se orienta no sentido da mudança democrática.
O povo exige uma investigação das causas, a natureza e o sentido desta militarização, desta perseguição judicial e policial, destes novos crimes contra os camponeses, contra nosso povo, contra o projeto e o programa de mudanças democráticas, patrióticas progressistas e populares pelas quais vimos lutando e que triunfou eleitoralmente em 20 de abril de 2008.
O povo que votou em 20 de abril de 2008 pela mudança e que levou Fernando Lugo à Presidência da República exige uma investigação, uma explicação, e o castigo dos responsáveis por este criminoso rebrotar repressivo. O Presidente Lugo, como Comandante em Chefe das Forças Armadas, deve ao povo, que lhe elegeu, uma explicação e uma investigação contra estes graves atentados aos direitos e à vida de nossos compatriotas. É inconstitucional utilizar os militares em conflitos sociais internos. A função dos militares é a de custodiar nossas fronteiras, contra a invasão das transnacionais, contra os traficantes de drogas e de armas que passeiam tranquilamente por nosso território.
Em 20 de abril elegemos a soberania e não a submissão ao "Plano Umbral" ianque, ao USAID intervencionista, os diversos rostos da CIA de espionagem, provocação e repressão. Em 20 de abril elegemos a mudança e não o "Plano Colômbia", aberração e arma ianque do presidente terrorista Álvaro Uribe, que massacra ao povo colombiano. Elegemos a democratização e não a repressão do nosso povo! Nosso povo é paciente, mas não é manso.
O Presidente Lugo deve dar uma explicação e realizar uma investigação sobre a repressão, deve promover o julgamento e a aplicação das penas aos culpados! De onde partiu a ordem para este descomunal exercício de força? O que tem a dizer Filizzola, o Ministro do Interior, e o general Bareiro Spaini, Ministro da Defesa?
O povo exige o fim imediato da repressão militar-policial-judicial.
Unidade contra a máfia e os corruptos terroristas! Contra eles deve apresentar-se uma justiça renovada! Só a mobilização popular unida salvará o Paraguai!
Comissão Política
Partido Comunista Paraguaio
14 de janeiro de 2008
(tradução, Rodrigo Oliveira Fonseca)