"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

15º Grito dos Excluídos – 2009

Por Waldemar Rossi
Fonte: www.correiocidadania.com.br

Os trabalhadores brasileiros organizam seu 15º Grito dos Excluídos. É o momento certo para dizer um sonoro "Basta!" aos desmandos econômicos, políticos e éticos que são praticados no país.

Nascido das Semanas Sociais Brasileiras, organizadas pelos setores pastorais da CNBB, contando com a participação de inúmeros movimentos sociais, o Grito dos Excluídos vai se tornando uma realidade nacional e sul-americana. De início, restringiu-se à cidade de Aparecida, no estado de São Paulo, em conjunto com a Romaria dos Trabalhadores, e mais algumas cidades espalhadas pelo Brasil. Já no ano seguinte, o Grito se espalhou e hoje se realiza na maioria das cidades grandes e médias do país. Seus temas são sempre os que estão relacionados com a população mais marginalizada, daqueles que não conseguem ser ouvidos pelos poderosos que governam a nação. São os gritos dos sem terra, dos sem moradia, dos moradores de rua, dos menores abandonados, dos sem trabalho, dos sem serviços de saúde e educação públicas, dos discriminados por serem negros ou mulheres.

Enfim, têm sido os gritos dos marginalizados por essa sociedade hipócrita, exploradora, concentradora das riquezas socialmente produzidas, discriminadora, corrompida e corruptora em todos os seus "Poderes".

Entre os temas mais constantes dos Gritos está o despertar da consciência para a importância da organização e da ação popular como força transformadora da nação. Outro tema central tem sido a Defesa da Vida como dom maior de toda a Humanidade e não um privilégio de uma minoria sem escrúpulos.

Neste ano os temas vão também na direção de "A vida em primeiro lugar" e "A força da transformação está na organização popular".

O primeiro tema quer nos fazer compreender que os interesses do capital não podem continuar a se sobrepor ao direito à vida. Direito à vida em todas as suas dimensões: física, cultural, de saúde, de moradia decente, trabalho bem remunerado, lazer sadio, assistência social plena, enfim, de vida que traga felicidade. Neste sentido clama por trabalho para todos, por justa distribuição de rendas, por políticas públicas voltadas para atender às básicas necessidades do povo todo. Aos governantes compete pôr em prática políticas que incluam a todos e todas, e não as que só satisfazem à avidez dos gananciosos. Defender a vida, portanto, deve ser o centro permanente de nossas ações políticas.

O segundo chama a atenção para a importância da organização popular, porque sem organização não haverá ação coletiva e sem ação coletiva não haverá transformação da sociedade. O Grito procura mostrar que historicamente as mudanças só aconteceram quando povos despertaram para a dura realidade de exploração e dominação a que estiveram submetidos; quando descobriram que sua força estava na organização e na ação coletiva.

Assim também aconteceu no Brasil, quando a consciência popular despertou para a compreensão de que a ditadura militar, apesar de todo o poderio das armas, poderia ser derrotada pela pressão do conjunto do povo. A soma das mobilizações populares foi tamanha e tão perseverante que não mais seria possível continuar a reprimi-las. Foram os movimentos nascidos nas comunidades da periferia lutando contra o alto custo de vida; foram os universitários ocupando as ruas das cidades clamando pelo seu fim; foram os intelectuais condenando o regime e exigindo a volta da legalidade; foi a constante condenação das igrejas às violências e à falta de liberdade e ao próprio regime de exceção e, somando-se a tudo o mais, foram os trabalhadores da cidade e do campo com suas greves e movimentos de ocupação que precipitaram o fim do regime de exceção.

Portanto, todos os trabalhadores do Brasil devem se sentir os responsáveis pelo êxito e pela força do Grito dos Excluídos, porque é a classe trabalhadora – incluídas suas famílias, é claro – que vem pagando pelos crimes cometidos pelos que ocuparam os poderes, por aqueles que deveriam governar obedecendo à norma constitucional de que "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido".

"A vida em primeiro lugar" deve ser nosso brado retumbante e "A força da transformação está na organização popular" deve ser o leme a guiar nossos objetivos imediatos e de longo alcance. Trabalhador consciente, não importa qual seja sua profissão ou ocupação, não pode ficar de fora: participe, FORTALEÇA e faça seu o GRITO DOS EXCLUIDOS!

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.