O Mundo Multinuclear: O Novo Mundo.
Linhas de Chávez
I.
Depois de concluir a larga viagem pelo mundo fora são muitas as conseqüentes e valiosas reflexões que dela se desprendem e nas que devemos aprofundar.
Regressei plenamente convencido que é absolutamente possível e, ademais, necessário, derrubar a hegemonia política, econômica, cultural e militar que o Império ianque pretende impor ao mundo. Não se equivoca Noam Chomsky al propor radicalmente o grande dilema de nosso tempo: hegemonia ou sobrevivência. Se não derrubamos a hegemonia imperial, o mundo irá rumo à barbárie.
Não podemos continuar a reproduzir cegamente a miserável lógica que atenta contra a ordem ecológica e as condições mínimas da vida em sociedade: uma lógica que nos arrebata o porvir e reduz a pó nossas identidades. É a lógica imperial, capitalista. Estamos obrigados a transitar outras trilhas, sem renunciar aos particulares processos de cada povo.
Ante tantos intentos para desviar a gente do caminho iniciado devemos criar novas formas de mancomunidade e à vez propiciar nossas próprias estratégias de resistência. Resistência em criação múltipla para poder converter o destino em consciência, como dizia o escritor francês André Malraux.
Por isso mesmo, Venezuela segue e seguirá lutando com a mesma conseqüência de sempre, pela criação de um Mundo Multipolar. Agora bem, o mundo multipolar que queremos não está na voltada esquina.
A viagem realizada permitiu olhar com maior clareza o panorama.
Quero retomar o dito na Universidade da Amizade dos Povos em Moscou: hoje podemos dizer que o mundo tem deixado de ser unipolar. Mas, não se tem reproduzido, ainda, um cenário bipolar, nem há indícios tangíveis da marcha rumo à conformação de quatro ou cinco grandes pólos de poder mundial. É evidente, por exemplo, que a estruturação de Nossa América como um só bloco político não se vê no horizonte imediato: não será uma realidade no curto prazo. Mas, igual passa em África, Ásia e Europa.
O que sim começa a serem visível é um conjunto crescente de núcleos geopolíticos sobre o mapa de um mundo ao que podemos chamar, agora sim, o Novo Mundo. Trata-se de um mundo multinuclear como transição rumo à multipolaridade.
A aceleração da transição rumo à multipolaridade dependerá da clareza, a vontade e a decisão política dos países-núcleo.
Aqueles que aspiram a nos deixar na retaguarda da historia gostariam de nos manter dispersos, seguindo o mesmo jogo perverso que bem conhecemos por seus nefastos resultados para a Humanidade. Porém, com essa larga viagem cruzando fronteiras de três continentes e abrindo o coração libertário ao mundo, cumprimos com o agrado dever de aprofundar o pacto inexorável entre os povos que corremos com sortes comuns, apostamos em desafios iguais e compartimos a mesmas esperanças.
Será-lhes difícil silenciar esse canto plural entoado por múltiplas nações, que frente à globalização hegemônica imposta pelo capitalismo tem começado a edificar globalizações contra – hegemônicas, em ternos do pensador português Boaventura de Souza Santos, quando em seu livro Uma Epistemologia do Sul, propõe pensar em um novo movimento democrático transnacional. Nesse sentido, senti no espírito compartido entre os povos irmãos de Líbia, Argélia, Síria, Irã, Turkmenistán, Bielorrusia, Rússia e Espanha, ante a crise mundial não bastam esforços isolados.
As afinidades que encontramos nos países irmãos vão a contribuir na marcha conjunta. Igualmente, os novos e múltiplos acordos que assinamos são uma mostra a mais de que estamos dispostos, com todas as forças que nos exige a historia, a crescer mantendo sempre a bússola na direção certa, com indeclinável firmeza, rumo à conquista da felicidade de nossos povos.
O compromisso é tão imenso quanto o nosso empenho em não deixarmos tragar pelas forcas escuras que pretendem acumular o máximo de riqueza para uns poucos, ao custo da desgraça de milhões de seres humanos. Essa assimetria descomunal e desumana deve ser mudada radicalmente, caso contrário, não haverá vida para ninguém num futuro não tão distante.
II
Nesta semana que conclui féis 36 anos a tragédia chilena. Acho que uma das lições deixadas para nós é: para o imperialismo e as classes dominantes o fundamental é preservar o sistema capitalista, assim seja necessário destruir a democracia. O companheiro Salvador Allende foi um democrata exemplar, e porem, contra ele e seu povo perpetraram o mais monstruoso dos crimes aquele 11 de setembro de 1973.
Allende foi o grande precursor do câmbio de época que a América do Sul vive hoje. Se equivocam, então, os que têm dito que a via proposta pela Unidade Popular era errônea. O Socialismo não significa ruptura da democracia e do Estado de Direito, mas, sua plena realização.
Também, há 8 anos que aconteceu o outro 11 de setembro: o de 2001. Impossível esquecer que aquele dia começou a mais brutal das arremetidas imperialistas. O mundo todo questiona a versão oficial, dada pelo Governo de Bush, sobre os trágicos acontecimentos ocorridos na cidade de Nova York. E o mais terrível é que foi tomada como pretexto para desencadear a “guerra ao terrorismo” que tem permitido ao império atropelar impunemente povos e soberanias. Assim sucedeu com Afeganistão e com Iraque. Ali está, também, o doloroso apartheid que padece o povo palestino por parte do Estado de Israel como demonstração de quem são em realidade e verdade, os praticantes do terrorismo em escala mundial.
III
Tomando como iníquo pretexto seu rechaço à Lei Orgânica de Educação (LOE), certos setores minoritários pretendem sabotar o inicio do ano escolar. O que há por trás disso? Os mesquinhos interesses de um grupinho de máfias que, desde sempre, têm entendido a educação como um negócio lucrativo. E que por isso não querem que o Estado docente exerça plenamente seu papel.
Está claro: a contrarrevolução se vale de qualquer coisa em seu vão intento de perturbar a ordem pública. E fracassarão mais uma vez.
O povo venezuelano, nós os pais, vocês as mães, as professoras e professores e sobre tudo a juventude estudantil, não vamos a permitir que seja colocado em risco o normal desenvolvimento do ano escolar.
Conclamo o povo à defesa ativa da LOE: a conhecer bem essa Lei e difundi-la, também. É um instrumento legal necessário para alcançar o mais transcendente dos fins: a educação como práxis libertadora e transformadora.
E a seguir pela senda que nos deixou o nosso pai Simón Bolívar: “As Nações marcharão rumo à sua grandeza ao mesmo passo com que caminha a educação”
Pátria, Socialismo o Morte!
Venceremos!
Hugo Rafael Chávez Frias