"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A OPERAÇÃO CONDOR CONTINUA VIGENTE...



A Operação Condor continua potencialmente latente. Os novos centros norteamericanos contra os direitos dos cidadãos do mundo, como Guantánamo, as prisões flutuantes nos navios da marinha de guerra dos EUA que perambulam pelos mares do planeta ou os cárceres secretos habilitados clandestinamente, inclusive na Europa, são manifestações contemporâneas de uma gigantesca Neo-operação Condor.

Fonte: TeleSur


A Operação Condor – também chamada Plano Condor ou Operativo Condor – foi um esquema multinacional de eliminação de dirigentes da esquerda sulamericana idealizado e executado pelos EUA e as ditaduras do Cone Sul da América (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) que atingiu seu clímax nos anos 70, no século passado. Mas continua vigente e multiplicada, é claro que com outros nomes e em diferentes latitudes.

A Operação Condor (O.C) introduziu e multiplicou na região episódios tão cruéis como o sequestro e assassinato em Paris do dirigente marroquino Mehdi Ben Barka, um dos organizadores da Conferência Tricontinental de Havana no ano de1966, que pereceu em 1965 numa criminosa operação de inteligência na capital francesa.(1) Poderia parecer que tudo isto pertence ao passado, mas os grandes meios de informação ocultam que os EUA realizam uma


Nova Operação Condor planetária, com sequestros, execuções secretas, centros de tortura ilegais, como Guantanamo, e prisões clandestinas flutuantes e em terra firme em diferentes lugares do mundo.

A O.C praticou sequestros e assassinatos ao “estilo Ben Barka” em todo o Cone Sul e inclusive seus tentáculos frequentemente chegavam mais longe, como no atentado a bomba no carro do ex-chanceler e ex-ministro da defesa de Salvador Allende, Orlando Letelier del Solar, morto por ordem de Augusto Pinochet em 21 de setembro de 1976, em Washington – DC, nas barbas da Casa Branca, da CIA e do FBI. O assassino principal foi o norteamericano Michael Townley, que fabricou o artefato explosivo eletrônico ajudado por uma equipe de terroristas de origem cubana como Dionísio Suárez Esquivel e os irmãos Ignácio e Guillermo Novo Sampoll, entre outros comparsas de Luis Posada Carriles. Nos dias de hoje todos estão em liberdade e impunes para continuar delinquindo. (2)

Só em Buenos Aires, a O.C seqüestrou, matou e/ou desapareceu com personalidade notáveis exiladas na Argentina, como o general Juan José Torres, ex-presidente da Bolívia, morto em 2 de junho de 1976 por ordem do ditador Hugo Bánzer Suárez, e cujos restos tiveram que ser levados ao México para receber as honras fúnebres. Outra vitima foi o ex-comandante em chefe do exército chileno durante o mandato de Salvador Allende, general Carlos Prats González, assassinado com bomba junto da sua esposa Sofía Cuthbert, a mando do ditador Augusto Pinochet. A bomba foi instalada pelo mesmo assassino de Letelier, o agente da CIA-DINA (Dirección Nacional de Inteligência), Michael Townley. Mas a O.C também seqüestrou, transferiu secretamente de um país para outro, torturou e exterminou numerosos dirigentes de menor relevância, inclusive a simples militantes políticos, como os uruguaios Rosário del Carmen Barredo e William Whitelaw, entre muitos outros.

A O.C também deu cobertura midiática a assassinatos secretos cometidos no Chile pela DINA, dirigida por Manuel Contreras, um militar próximo de Pinochet e atualmente preso, como o que ocorreu com 119 homens e mulheres detidos e desaparecidos cujo trágico destino foi “mascarado” em 1975 por duas publicações – a revista Lea de Buenos Aires e o jornal O Dia, de Curitiba, Brasil – como se tivessem se matado entre eles num falso enfrentamento de facções chilenas rivais “no pampa argentino”. Esta diabólica invenção, conhecida como “Caso dos 119”, envolveu a mídia – grandes jornais, emissoras de TV, rádios e agencias de noticias internacionais – e a jornalistas chilenos que publicaram a falsa “noticia” e que também participaram da farsa, chamada “Operação Colombo”, uma montagem da O.C que foi divulgada como um fato autentico em todo o mundo.


Massacre de latinoamericanos

Também em Buenos Aires, a mando do então presidente do Uruguai, Juan María Bordaberry, os agentes da O.C sequestraram, em 18 de maio de 1976, e mais tarde assassinaram ao senador e jornalista uruguaio Zelmar Raúl Michelini Guarch e ao seu amigo Héctor Gutiérrez Ruiz, ex-presidente da Câmara de Deputados do Uruguai, cujos cadáveres foram encontrados juntos em 21 de maio. Em 17 de maio de 2002, a revista uruguaia Brecha publicou testemunhos até então desconhecidos que descrevem uma reunião entre Bordaberry, seus ministros do Interior e da Defesa, os três comandantes em chefe das Forças Armadas e um coronel argentino, na qual se combinou a morte de Michelini e Gutiérrez. (3)

Margarita Michelini, filha do senador, foi sequestrada em 13 de julho de 1976 em Buenos Aires, aprisionada no centro clandestino de detenção conhecido como Automotores Orletti e transferida depois para um centro no Uruguai, junto com outros 21 cidadãos uruguaios. Margarita esteve desaparecida quatro meses, até que foi “limpa” e processada pela justiça militar uruguaia diante da pressão internacional. Seu irmão Rafael Michelini, hoje senador (2005 – 2010) da Frente Ampla do Uruguai, ao dar seu testemunho – em 2002 – num caso que investigava a O.C na Argentina, revelou diante do juiz Jorge Urso que, em outubro de 1976, o então coronel uruguaio Nino Gavazzo apareceu em sua casa para lhe mostrar que no seu carro estavam sua irmã Margarita e seu marido Ricardo Altuna, ambos com vida.

O senador Michelini Filho assegurou também que o ex-presidente uruguaio Jorge Batlle (2000 – 2005) revelou-lhe que Maria Claudia García Irureta Goyena de Gelman, foi sequestrada com seu marido em Buenos Aires quando tinha 8 meses de gravidez. Transferida clandestinamente ao Uruguai, Maria Claudia deu a luz no cativeiro, mas os militares tomaram seu filho e a mãe foi assassinada depois por policiais uruguaios. A neta de Juan Gelman, que nasceu em 1976, finalmente foi encontrada por seu avô quando tinha 23 anos. Em 5 de junho de 2000, saiu o resultado de um exame de DNA o que permitiu a mudança legal de identidade, de Maria Macarena Taurino Vivian para Maria Macarena Gelman García, filha de Marcelo e Maria Claudia. O corpo de Marcelo Gelman apareceu na Argentina nos anos 80, quando da volta da democracia a esse país. Tudo isso ocorreu quando governava o ditador argentino Jorge Rafael Videla.

Na sua declaração diante do juiz Urso, o hoje senador Michelini explicou que, além dos 22 uruguaios que foram transferidos em julho de 1976 de Orletti até Montevidéu, entre setembro e outubro do mesmo ano, outros 27 cidadãos desse país saíram do mesmo cárcere bonaerense, cujo encarregado era o repressor Aníbal Gordon, para um centro clandestino do Serviço de Inteligência e Defesa (SID) do Uruguai, do outro lado do Rio da Prata. Revelou que depois da fuga de dois detentos que provocou o fechamento de Orletti, Gordon pediu a Gavazzo que retivesse no Uruguai a cinco cidadãos argentinos, entre eles a Beatriz Saes, que poderia estar grávida. O senador revelou também que o ex-chefe do exército argentino Martín Balza, num encontro que tiveram em 1995, reconheceu que houve coordenação entre as ditaduras do Cone Sul na década de 70 e assegurou que Zelmar Michelini não era um “alvo” dos repressores argentinos, mas que “deve ter havido uma zona liberada para que se atuasse com a impunidade que se atuou”. (4)


Mais vitimas da Operação Condor

Outra vitima chilena desta operação transnacional, foi o sociólogo chileno Jorge Isaac Fuentes Alarcón, dirigente do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionário) aprisionado e torturado em Assunção, Paraguai, em 1975, e transferido secretamente para o Chile, onde foi visto por prisioneiros que sobreviveram ao campo de extermínio da Villa Grimaldi, em Santiago, convertendo-se até hoje em prisioneiro desaparecido, cujos restos nunca apareceram. Outro chileno que sofreu uma sorte parecida foi Edgardo Enríquez Espinoza, terceiro homem na hierarquia do MIR e irmão do já assassinado secretário geral, detido em 1975 ao sair de uma reunião em Buenos Aires. Nesta ação a Polícia Federal argentina e agentes do Departamento Exterior da DINA chilena, foram detidos a jovem brasileira Regina Marcondes, também desaparecida, e vários outros chilenos do MIR. Enríquez foi transferido sucessivamente aos campos de concentração argentinos de El Olímpo, Campo de Maio e Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), todos em Buenos Aires.

A ditadura chilena jamais admitiu a detenção de Enríquez, mas a Comissão Nacional da Verdade e Reconciliação, mais conhecida como Comissão Rettig, baseada em documentos e testemunhos fidedignos concluiu que o prisioneiro – que tinha a proteção do Alto Comissionado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) – foi transferido para a Villa Grimaldi em Santiago. Esta convicção fundamenta-se num documento confidencial da DINA dirigido ao seu serviço exterior com sede em Buenos Aires, que a Comissão pode examinar, que diz que em 23 de dezembro de 1975, ou seja, quatro meses antes da sua captura, a DINA já tinha armado o cerco ao redor do dirigente do MIR e de vários dos seus colaboradores e ordena aos seus agentes no estrangeiro “a sua transferência ao Chile, depois de capturados”. Outro testemunho para a Comissão deu fé de que, efetivamente, existiu uma mensagem por telex que deu por cumprida a missão.


A obra de Martín Almada

A O.C tem sido o tema central de numerosos livros e investigações jornalísticas que por de mais de duas décadas desenharam esta monstruosa atividade transnacional. Muitas pessoas participaram desta tarefa, mas um homem chave foi o advogado paraguaio Martín Almada, detido e torturado pela polícia paraguaia em 1974, junto com sua esposa, a professora Celestina Pérez de Almada. Depois de perder seu cônjuge, que pereceu na tortura, Almada dedicou sua vida aos direitos humanos e chegou a descobrir, em 1992, o que hoje se conhece como o “Arquivo do Terror” do Paraguai, uma documentação valiosa equivalente a meia tonelada de papeis oficiais da O.C. Anos mais tarde, seguindo outra pista, em 2005 deu com o “Arquivo do Terror II”, em Formosa, Argentina, mais um tesouro de informações de origem paraguaio, mantido num deposito ao lado do rio Paraguai. Por se trabalho o advogado recebeu o Prêmio Nobel Alternativo de Direitos Humanos em 2002.

Almada chegou à conclusão de que “há mais de 120 paraguaios desaparecidos na Argentina” por ordens do ditador Alfredo Strossner. “Há milhares de famílias destruídas que ainda não podem preparar seu luto. Não é o passado o que divide os paraguaios, mas sim a falta de justiça. Sem justiça o passado é um doloroso presente”. Quando o advogado esteve detido, reconheceu entre seus algozes a militares de outros países latinoamericanos. Também soube da prisão do chileno Jorge Fuentes e do argentino Amílcar Santucho.

O advogado paraguaio obteve um documento em que Manuel Contreras, chefe da DINA, do Chile, agradecia a Pastor Coronel, chefe do Departamento de Investigações do Paraguai, a “cooperação prestada para facilitar as gestões relativas à missão do meu pessoal na irmã República do Paraguai”, quer dizer, a recepção física “secreta e ilegal” do prisioneiro chileno Fuentes, aprisionado em território paraguaio juntamente com o argentino Amílcar Santucho que sobreviveu e que veio a falecer em 1995 (Documento 00022F 0152, de 25 de setembro de 1975, Arquivo do Terror).

Almada descobriu documentos demonstrativos de que Contreras, sendo chefe da DINA, convidou, em outubro de 1975, ao então chefe da Polícia do Paraguai, general Francisco Britez Borges, a assistir a fundação da Operação Condor, num conclave secreto e hoje famosa reunião multinacional de inteligência, realizada em Santiago do Chile entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 1975, para estruturar a rede da O.C, segundo consta do documento 00022F 0153 do Arquivo do Terror do Paraguai.


Teoria e prática "Condor"

O coronel Contreras, junto com o convite, enviou um resumo com as propostas “teóricas” para conformar a rede Condor, a saber: a) Fundamentos, b) Propostas, c) Países participantes, d) Sede do sistema e visão geral, e) Proposta de Esquema orgânico, f) Mecânica de consulta, g) Programa geral, h) Programa de trabalho, i) Informações para os assistentes e j) Senha (Documento 00022F 0155 a 00022F 0165). Segundo outro documento descoberto por Almada (Documento 00022F 0154, Assunção, 6 de novembro de 1975), o portador do convite e do plano de trabalho repressivo foi o coronel chileno da Força Aérea Mario Jahm, subdiretor da DINA, que se entrevistou com o Chefe da Polícia de Assunção, general Francisco Britez Borges.

Fuentes Alarcón, conhecido por seus amigos como “O Trosko Fuentes”, foi transferido ao Chile como um objeto. Almada citou o informe 00048F 19999, de 6 de junho de 1975, em que Francisco Bogado F., diretor de Políticas e Afins do Paraguai, “remeteu ao coronel Juan Ramón Escobar, comandante da Guarda de Segurança, o prisioneiro político chileno”. Em outro papel do mesmo arquivo (Documento 00021F 1532, de 12 de abril de 1976), o general Alejandro Fretes Dávalos, chefe do ESMAGENFA II, Departamento das Forças Armadas, informa (Pedido de Busca Nº. 11/76): “Tem-se conhecimento de que o governo alemão teria aceitado oficialmente a entrada nesse país dos extremistas Amilcar Latino Santucho e Jorge Fuentes Alarcón. Sobre a libertação dos mesmos, teriam pressionado o governo da República do Paraguai, as organizações internacionais Anistia Internacional e Comissão Internacional de Juristas”.

O defensor paraguaio dos direitos humanos fez saber ao juiz chileno Juan Guzmán, que processou Pinochet e Contreras, que “segundo o Informe Nº. 267, de 12 de setembro de 1978, chegou a Assunção o general Héctor Orozco Sepúlveda, Diretor de Inteligência do Estado Maior Geral do Chile”. Portanto, raciocinou o jurista, “com mérito nas provas coletadas peço a ampliação do Sumário Criminal envolvendo no expediente aos generais chilenos Augusto Pinochet e Manuel Contreras, autores morais e materiais da ‘Operação Condor’. Prover de conformidade será um ato de estrita justiça”.


A Escola das Américas II

Almada, junto com outros lutadores pelos direitos humanos, atualmente está empenhado no desaparecimento da nova versão da Escola das Américas, um centro chave de formação de torturadores da O.C. Estabelecida no Panamá em 1946, a fatídica SOA, foi transferida para Fort Bennig, na Georgia, EUA, em 1984, onde atualmente funciona com outra designação. Os protestos contra esta escola do crime também é feita por cidadãos norteamericanos decentes, dentre outros se destaca o organização SOA Watch. O jurista Almada está pedindo ao governo de Fernando Lugo que o Paraguai pare de enviar militares para a escola de assassinos e torturadores do exército dos EUA em Fort Bennig, atualmente chamada Westen Hemisphere Institute of Security Cooperation (Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança, WHINSEC), com filiais em El Salvador e Peru. Deveria se exigir o mesmo da maioria dos governos latinoamericanos.

A WHINSEC prepara pessoal de segurança latinoamericano nas mesmas disciplinas de “contrainsurgência” que a Escola das Américas, como pretexto da luta contra o narcotráfico. Entre os 60.000 graduados da SOA constam os responsáveis da O.C e dos maiores crimes contra os direitos humanos na América Latina, como Hugo Banzer, da Bolívia, Leopoldo Galtieri e Roberto Viola, da Argentina, só para cita r alguns. Em 1996, o Pentágono foi forçado abandonar os manuais de treinamento em torturas e execuções da SOA que seus graduados de menor nível aplicaram no assassinato do arcebispo Oscar Romero, de El Salvador, e o massacre de 900 civis em El Mozote, no mesmo país.

Na tentativa de desviar as criticas públicas e desassociar a Escola da sua reputação, a SOA foi rebatizada em 2001 como WHINSEC. O nome foi mudado pelo Departamento de Defesa (Pentágono) para conseguir autorização para um orçamento no ano 2001 e impedir que os opositores da SOA aprovassem uma legislação para desmontar a escola. A mudança do nome foi decidida quando a Câmara de Representantes esteve a ponto de abrir uma investigação no Congresso que perdeu por apenas dez votos.


Crimes aqui e agora...

Atualmente assistimos a uma gigantesca O.C de nova fatura que se expande em nível planetário. Existem evidências de que a CIA utiliza como prisão secreta para suspeitos uma base aérea dos EUA na ilha britânica de Diego Garcia e trabalha com o governo de Londres para impedir a volta dos habitantes originários que foram forçados a abandoná-la no fim dos anos 60. O general de quatro estrelas norteamericano da reserva, Barry McCaffrey indicou que Diego Garcia foi utilizada para manter suspeitos de terrorismo. As mesmas denuncias foram feitas por um senador suíço, pelo relator especial para a tortura da ONU, por prisioneiros anteriores e pela ONG Reprieve, do Reino Unido, que dedicou vários anos investigando as misteriosas detenções em prisões secretas.

O ministério das Relações Exteriores britânico continua apelando diante da Corte Suprema pela expulsão ilegal dos 2.000 habitantes originários da ilha. Os EUA dizem que se permitirem o regresso dos ilhéus isso representaria um “risco inaceitável” para sua base. Somente reconhecem que em 2002 houve vôos que transportaram prisioneiros para Diego Garcia.

São inúmeras as denuncias de que os EUA operam “prisões flutuantes” secretas que mantêm um número desconhecido de prisioneiros da sua guerra secreta antiterrorista. Segundo advogados dos direitos humanos, os EUA também têm tentado encobrir o número e o paradeiro destes prisioneiros. Reprieve denunciou mais de 200 novos casos de apreensão desde 2006 e advertiu que Washington pode ter utilizado até 17 navios da marinha de guerra como “prisões flutuantes” desde 2001, entre outras o USS Bataan, USS Peleliu, USS Ashland, USNS Stockham, USNS Watson, USNS Watkins, USNS Sister, USNS Charlton, USNS Pomeroy, USNS Red Cloud, USNS Soderman, USNS Dahl; MV PFC William B. Baugh, MV Alex Bonnyman, MV Franklin J. Phillips, MV Louis J. Huage Jr y o MV James Anderson Jr. Os prisioneiros foram interrogados a bordo destes navios e enseguida embarcados em outros navios, frequentemente, sem revelar localizações, afirma a denuncia.

Reprieve também divulgou sua preocupação com as atividades do USS Ashland na Somália, no inicio de 2007, num suposto esforço para capturar terroristas da Al-Qaeda. Nesse tempo, mais de uma centena de pessoas foram sequestradas por forças somalis, etíopes e quenianas, numa operação sistemática que incluiu interrogatórios por indivíduos considerados membros do FBI de da CIA. Por sua própria omissão, o governo dos EUA atualmente mantém pelo menos a 26.000 pessoas prisioneiras sem julgamento em prisões secretas e a informação sugere que até 80.000 passaram “através do sistema” desde 2001. O governo dos EUA está começando a ser pressionado para que entregue listas com nomes e a informar a localização de todos os prisioneiros. (5) Também existem relatórios de que a administração Bush operou um “anel executivo de assassinatos” que dava contas diretamente ao vice-presidente Dick Cheney. No mandato de Bush, as operações militares especiais de assassinato foram realizadas em muitos países – não somente no Iraque e Afeganistão, mas também na América Latina e ao redor do mundo – mas os sicários não falavam com os embaixadores nem com o chefe do escritório da CIA no local. Chegavam ao país buscando um nome de uma lista, o encontravam, o matavam e iam embora.

A unidade especial de assassinos atuou sob o Comando de Operações Especiais fora da sua sede na Florida. Uma das unidades que atuaram protegidas pelo manto deste Comando é conhecida como Joint Special Op-JSOC, uma tropa de elite especial também conhecida como “Unidade Negra”, que é formada por assassinos treinados nos Seals da Marinha e na Força Delta do exército. Os alvos, ou vitimas, foram ordenados através do escritório do vice-presidente Cheney. O autor da denuncia, Seymour Hersh, do The Nation, não sabe se o grupo de assassinos ainda continua atuando sob as ordens do presidente Barack Obama. (6)

A O.C continua potencialmente latente. Os novos centros norteamericanos contra os direitos dos cidadãos do mundo, como Guantánamo, as prisões flutuantes em navios da marinha de guerra dos EUA que perambulam pelos mares do planeta ou os cárceres secretos habilitados clandestinamente, inclusive na Europa, são manifestações contemporâneas de uma gigantesca Neo Operação Condor. Da mesma forma que na Escola das Américas do Panamá, a pantomima ou hipocrisia dos EUA, não permitem torturar no seu próprio território “para não violar a lei”, mas é exportada e globalizada. A ameaça do Condor, por tanto, continuam latente...



NOTAS

1) No sequestro e posterior assassinato participaram os serviços de inteligência da França (provavelmente, sem o conhecimento do então presidente Charles de Gaulle) e o Mossad israelense. O ativista foi torturado a assassinado na presença do então ministro do interior do Marrocos, general Muhammed Oufkir, que posteriormente foi ministro da defesa do rei Hassan II... Mas morreu por ordens do seu próprio amo, depois de tentativa de golpe frustrada, em 16 de agosto de 1972. O general apareceu morto pelas costas, metralhado, mas a versão oficial dava conta de que se tratou de suicídio. Para a conexão do Mossad e a inteligência francesa consulte “Mossad, a história secreta”, de Gordon Thomas, 528 pp, Editora Byblos, 2005.
2) Letelier por conta do departamento de Justiça dos EUA, escreveu em parceria com Taylor Branch, a obra “Laberinto” (Laberynth,Penguins Books, Nova Iorque, 1983, 623 pp), que contem os primeiros antecedentes conhecidos sobre a O.C e constitui uma verdadeira enciclopédia sobre as ações do terrorismo promovidas pelos EUA com agentes de origem cubana, tais como Luis Posada Carriles e Orlando Bosh Ávila, dentre muitos outros.
3) Página 12, sábado, 18 de maio de 2002.
http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-5276-2002-05-18.html
4) Para maior informação sobre o “capítulo uruguaio” da O.C, ver:
http://www.pvp.org.uy/oliveracondor.html
5) Resumos de histórias jornalísticas ocultadas pela grande mídia dos EUA e do mundo, eleitas entre centenas de noticias estudadas pelo Projeto Censurado da Universidade Sonoma State da Califórnia, para a seleção final de 25 histórias relevantes a ser publicadas no anuário Censored 2009/2010, em ser publicado em breve.
6) “Secret US Forces Carried Out Assassinations in a Dozen Coutries” Democracy Now! March, 31, 2009
http://www.democracynow.org/2009/3/31/seymour_hersh_secret_us_forces_carried