"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Engendro Ianque-colombiano


Nenhum soldado ianque na nossa América.

Por N. I. Conde. República. Dominicana
Fonte: www.desacato.info


Às vezes duvido de que se tenha captado desde a “primavera democrática” latino-caribenha a verdadeira natureza e o papel dado neste “continente da esperança” pelo imperialismo estadunidense e o sub-imperialismo israelense, ao regime colombiano que preside Álvaro Uribe Vélez.

Tomara que tudo o relacionado com a instalação de cinco novas bases militares e o re-forçamento das outras dois existentes, possibilite valorar a profundidade o real significado desse Estado em governos e sociedades da nossa América.


# Essência e evolução do poder colombiano.

Trata-se de algo realmente funesto, nefasto, de alta periculosidade.

Esse regime não é somente uma das democracias representativas da direita tradicional.

Não é simplesmente um governo de direita.

Não é exclusivamente um regime pró-oligárquico e pró-imperialista.

Não é só uma ditadura encoberta por um manto democrático-eleitoral.

Nem sequer pode definir-se só como um governo sustentado em um Estado com forte vocação terrorista a respeito de tudo o que se lhe opõe.

É isso tudo e muito mais em quanto à sua gestão de poder dentro da sociedade colombiana e frente aos processos democrático-soberanos que se desenvolveram na atualidade em escala continental.

É um Estado-governo narco-paramilitar-terrorista, instrumentalizado e gerenciado por uma oligarquia feroz e voraz, por uma “classe política” mafiosa e por um generalato criminoso; apadrinhado por um imperialismo decadente e pentgonizado, impelido pelas suas próprias carências em planos de e operações de conquistas e reconquistas pela via militar; assistido, além do mais, pelas altas técnicas do terror sionista e estadunidense, e inspirado também em seus próprios ânimos agressivos e expansionistas.

É um poder montado sobre sessenta anos de guerra suja, de múltiplos exercícios terroristas e variadas misturas políticas com as máfias das drogas e seus cartéis paramilitares.

Rico na cultura do Norte, em práticas terríveis e em dinheiro sujo. Combinação das barbáries mais antigas com as técnicas guerreiras mais modernas e pós-modernas, estas últimas subministradas pelos EUA e Israel; mistura grotesca do picadinho de seres humanos com facões afiados e seu corte em fatias com moto-serras, de massacres próprios da idade média e da robotização da guerra suja. Amálgama granítica e aberrante de inúmeros métodos de terror e extermínio de fontes e épocas diversas


# Engendro pra dentro e pra fora


Sua malvada evolução se centrou primeiro no espaço territorial colombiano para enfrentar com supina crueldade a longa e heróica resistência civil e militar desse povo irmão; aferrada a oligarquia santanderista, a partidocracia tradicional e, sobretudo, o imperialismo estadunidense, ao seu domínio sobre uma vasta e rica região situada na entrada da apetecida Amazônia.

Mais tarde, –agora com maiores ímpetos que antes - esse engendro se sentiu cutucado pela necessidade de contra-restar o avanço do bolivarianismo e de sua formidável onda de transformações redentoras (Venezuela, Equador, Bolívia...), reforçando assim sua vocação sub-imperialista inspirada na experiência judeu-estadunidense no Meio Oriente.

O Estado colombiano, o poder oligárquico e pró-imperialista que o sustenta, o governo gangsteril que o administra, tem devindo não só em um conjunto despudoradamente opressor, punitivo, violento e agressivo contra sua própria sociedade e dentro de seu próprio território, senão ademais progressivamente estruturado como plataforma de agressão imperialista contra a “primavera democrática” continental e muito especialmente contra os processos libertadores da Venezuela, Equador, Bolívia... e os formidáveis movimentos sociais do Brasil e do Peru.

Plataforma do neosantanderismo decadente contra o neobolivarianismo em auge.

Plataforma em ultramar de um imperialismo senil, militarizado, em crise e carente de recursos naturais essências: petróleo, carvão, água, biodiversidade, minerais estratégicos... que apetece demais com gula insaciável.

Plataforma de agressão a partir de uma rede de bases militares estadunidenses encaminhadas a relançar o plano contra-revolucionário regional e o plano de ocupação militar da Amazônia, para o que, de imediato, se propõem tentar arrochar uma insurgência popular e uma resistência civil inquebrantáveis, reverter os processos transformadores na Venezuela, no Equador e na Bolívia, mudar a correlação de forças no Brasil em favor da direita dura e conter a possibilidade de virada à esquerda no Peru.

Plataforma de poderosas bases imperialistas, reforçadas por contingentes e unidades altamente especializadas procedentes das forças regulares dos EUA e dos corpos privatizados que serão localizados na Colômbia dotados de sofisticadas técnicas de guerra.

Plataforma também das forças autóctones muito volumosas e fanatizadas, experimentadas durante décadas em guerras de baixa e mediana intensidade. Agora com dupla tarefa: externa e interna, com muitas unidades paramilitares em processo de reativação e ampliação, e com um montão de recursos sujos disponíveis.


Isso não é qualquer uma coisa.

Isso é um verdadeiro engendro localizado precisamente na cabeça do Norte da América do Sul, exatamente onde se situa o vórtice da onda de mudanças à nova independência e à nova democracia.

O engendro de um imperialismo em fase de putrefação agressiva, decidido a operar agressivamente em pleno desenvolvimento desta crise mundial da civilização burguesa; de um imperialismo capaz de submeter aos seus desígnios e negócios militares inclusive à triunfante expressão do desejo de mudança em sua própria sociedade representada pessoalmente nas passadas eleições por Barack Obama.

Estamos agora ante um “bushismo” sem Bush, criador –antes de Obama e acompanhado de Obama- de um monstruoso engendro colombo-gringo dentro do cenário de um país não soberano, para agredir a soberania de terceiros.

Na calçada de enfrente isto requer de todos os esforços –tal e como está fazendo o comandante Chávez- para o fortalecimento e modernização dos exércitos das nações escolhidas como vítimas, através de convênios militares apropriados para tão delicadas circunstâncias (com a Rússia, a China...). Mas, exige, sobretudo de um desenho e uma preparação para a guerra de todo o povo (ou de todos os povos ameaçados) que dissuada aos agressores de seus planos de guerra ou lhe impeça impor-se se ousam desatá-la.

Porque ademais da importância e do valor relativo dos esforços para reduzir a enorme brecha tecnológica desde a lógica da guerra entre exércitos regulares, está demonstrado que só desde uma visão de guerra assimétrica, de resistência popular bolivariana (venezuelana, equatoriana, colombiana...) seria possível contra-restar, reduzir a efetividade e finalmente empantanar e inutilizar a enorme superioridade técnico-militar dessa superpotência já instalada mediante grandes bases de guerra na Colômbia.


# O uribismo é muito funcional ao engendro.

A esse engendro, cuja gestação data de bastante tempo atrás, tem lhe caído como luva a “liderança” fabricada de Álvaro Uribe Vélez, produto da podridão modernizada, informatizada e digitalizada destes tempos pós-modernos.

Ele e os seus tem substituído o partidarismo tradicional decadente.

Ex - sócio do narco-capo Pablo Escobar Gaviria, experto nas associações com o pára-militarismo e seus cartéis, carente de escrúpulos para favorecer seus massacres em alianças com um generalato feroz, inteligente por maldade, estudioso das gerências modernas, entreguista, audaz, hábil, agressivo, teatral, conhecedor das manobras mediáticas mais eficazes... tem lhe impresso corporativismo, eficiência, mística reacionária e neo-fascismo à gestão governamental colombiana. Sensível à chantagem desde Washington pelo seu passado e expert na chantagem dentro da sua “classe política”, tem todos os atributos para elevar-lhe a posição a esse engendro da re-colonização neoliberal.

Uribe é a nova cara política do monstro localizado no ambicionado paraíso amazônico, agora com papéis precisos indicados em nível nacional-colombiano, regional e mundial.


# O quê fazer com o engendro?


O quê fazer com este engendro anti-bolivariano, contra-revolucionário, contra-reformas, antidemocrático?

Tratá-lo com uma “democracia” porque no seu território se fazem “eleições” e existem instituições “eleitas”?

Considerá-lo como um “respeitável” Estado e um governo de um país irmão?

Tratá-lo como a um “bom vizinho”?

Como a um país soberano cujas decisões devem ser respeitadas?

Acredito ter chegado a hora de analisar as coisas com mais profundidade.

Tal engendro não deve ser tratado em função de suas simulações, nem desde as simples formalidades diplomáticas.

Esse engendro deve ser condenado, repudiado, isolado e politicamente acossado por todas as forças amantes da paz, a liberdade, a democracia, a justiça e a soberania. Estejam essas forças nos governos ou fora deles, sejam políticas, sociais, culturais ou religiosas, pensamos que elas deveriam dispor-se a derrotá-lo em suas duas versões: estatal e paraestatal.

As atrocidades do Estado narco-para-terrorista colombiano e do uribismo como tal devem ser profusamente difundidas em escala mundial por todos os meios possíveis.

Além de todas as formalidades institucionais e do seu próprio e enganoso formato liberal-representativo, esse regime é realmente oprobrioso; e seu presidente, que gosta tanto de qualificar aos seus adversários de “bandidos”, é uma espécie de gangster político hiper-modernizado.

Esse engendro deverias ser isolado desde o ponto de vista diplomático, econômico e político; tanto desde os governos e Estados com vocação revolucionária, progressista e democrática, como desde as organizações sociais, políticas, religiosas, culturais e artísticas de todos os países da região.

Está demonstrado que qualquer condescendência a ele se traduz em mais agressividade e perversidade de sua parte.

Há que contribuir para sua derrota por todas as vias e meios necessários, e isso implica em respaldar, acompanhar e aliar-nos a todas as forças, cívicas, políticas, político-militares, sociais, culturais, religiosas, movimentos étnicos que na Colômbia se opõem a esse engendro guerreirista.

Isso implica em confluir com as forças insurgentes e não insurgentes, de esquerda, populares, democráticas, progressistas decididas a produzir uma mudança política na Colômbia. Uma mudança que a liberte desse engendro e impeça novas agressões contra as novas democracias do continente.



# Convergência solidária com a Colômbia e Honduras


Honduras é ponto de partida de uma grande receita para as contra-reformas e contra-revoluções de novo tipo; e Colômbia é a plataforma sul-americana desse acionar contra a Venezuela, o Equador, a Bolívia, o Brasil... contra toda a primavera democrática continental.

A questão de Honduras ameaça de imediato a El Salvador e a Nicarágua e persegue estimular a revogação dos avanços na América Central e além, procurando à vez facilitar o Plano Puebla-Panamá (agora Puebla-Bogotá).

Já na Colômbia acontece o relançamento em escala maior do Plano Colômbia-Iniciativa Andina contra as possibilidades de mudanças nesse país, contra as mudanças políticas registradas na sua vizinhança e em favor da conversão desse país em uma grande plataforma de agressão militar contra outros países e processos do continente.

Sim há razões poderosas para clamar pelo isolamento e pela derrota do golpe de Estado e do governo de Pinochetti em Honduras, sobram os motivos para contribuir tenazmente aos esforços dirigidos a produzir o mais rapidamente possível uma mudança política democrática na Colômbia.

Não é questão para inibir-se pela simples formalidade institucional (embora isso tenha peso), senão de essências e problemas de fundo. Entre Honduras e a Colômbia –enquanto estado de terror e potencial contra-revolucionário oligárquico-imperialista-mafioso- se tem vantagens de uma sobre outras são muito a favor da Colômbia.

O passo dado por Uribe aceitando as bases militares estadunidenses no seu território não só coincide com o golpe em Honduras e com o reinício nesse país da era do Estado repressivo-terrorista, senão que é parte da mesma estratégia de re-colonização imperialista para voltar a submeter os países vizinhos que se lhe escapuliram das mãos e evitar mudanças progressistas em gestação em outras nações sul-americanas.


# Unidade revolucionária continental.



Vamos fazer o quê?

Resignar-nos a que Zelaya não possa retornar e a que o engendro colombiano siga crescendo em forma ominosa e perigosa?

Isto não é questão que deva decidir só o povo de Honduras ou só o povo da Colômbia, principais vítimas do relançamento da estratégia imperial que conta com o apoio aberto e/ou semi-encoberto dos governos da Colômbia, Panamá, Honduras, México e Peru, e com o apoio mais matreiro ou a atitude escorregadia ou timorata de outros Estados.

Acredito que seja momento para recolocar a estratégia das forças bolivarianas, morazanistas, martianas, guevaristas... do continente.

Penso que desde as grandes lideranças dos Estados e povos venezuelano, equatoriano, boliviano, cubano, nicaragüense, salvadorenho, uruguaio, brasileiro… há autoridade e influências para criar –junto a muitos outros, e sobretudo aos grandes, medianos e pequenos movimentos políticos, sociais, culturais, religiosos, étnicos, meio-ambientais, feministas –uma nova situação baseada em uma linha de denúncias, mobilizações, greves, protestas civilistas, cesse de relações, medidas de isolamento, rebeldias... capazes de debilitar ao máximo, acossar, cercar e derrotar os engendros oligárquico-mafioso-imperialista- colombiano e hondurenho.

Isso é possível. Só falta a vocação política para fazê-lo, sobretudo da parte das lideranças mais influentes na região e no mundo, e das forças com mais recursos e melhor posicionadas.

E é possível, sobretudo, se vai-se mais além dos acordos e espaços intergovernamentais e interestatais e se recorre ao poder dos povos e dos seus movimentos sociais e políticos coordenados, somando-lhe as capacidades logísticas institucionais e o poder mobilizador e carismático dos líderes estadistas.

Penso que é hora para uma grande convergência de Estados, governos, forças políticas e sociais não governamentais, povos empobrecidos, comunidades originárias... para propor-se desde uma atitude beligerante, mobilizadora, consistente e firme, isolar, acossar, e derrotar os regimes da Colômbia e de Honduras, peças chaves de uma parte da contra-ofensiva gringa instrumentalizada através de ambos os cenários ocupados.

Há que acompanhar as intervenções nos cenários governamentais multilaterais com uma linha de ação desde as bases da sociedade, desde a aliança das forças governamentais e não governamentais mais avançadas, desde os povos e suas expressões institucionais e não institucionais.

Tirar o uribismo do governo na Colômbia e derrotar esse engendro maior. Deslocar do poder os golpistas em Honduras e impedir a consolidação desse engendro menor. Relançar com vigor a campanha nenhum soldado ianque na nossa América, são ao meu entender tarefas atuais de primeira ordem e de sentido estratégico.

Não é hora para ambigüidades e meias-tintas. Empenhemo-nos em pressionar nessas direções e convencer aos nossos povos e à diversidade de suas forças condutoras dessa imperiosa necessidade.

Versão em português, Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.