Ex-diretor do DAS confirmou colaboração colombiana em planos contra a Venezuela
Dentre as atividades ilegais do DAS, García citou as interceptações telefônicas de lideranças da esquerda colombiana e a participação numa conspiração contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
TeleSUR _ Hace: 10 horas
TeleSUR _ Hace: 10 horas
O ex-diretor do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) da Colômbia, Rafael García assinalou que o órgão, através do Bloco Norte dos paramilitares arrolados nas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) e junto ao Ministério do Interior colombiano, participou de uma conspiração promovida por setores da oposição venezuelana contra o Governo do presidente Hugo Chávez.
“Houve toda uma conspiração contra o Governo venezuelano, da qual, até onde eu sei, participaram facções do Bloco Norte e do DAS. Também era estimulada pelo Ministro do Interior colombiano, Fernando Londoño”, afirmou.
“Inclusive, reuniram-se com militares venezuelanos, não sei se as reuniões aconteceram na Colômbia ou na Venezuela, mas sei que as houve”, acrescentou García, numa entrevista difundida por TeleSur.
García explicou que o ex-diretor do DAS, Jorge Loguera, lhe contou que na conspiração participavam cidadãos venezuelanos, e nomeou em particular à “família Lapi, do Estado de Yaracuy” (centro da Venezuela) e “a um político de sobrenome Marin”.
O ex-alto funcionário dos serviços de inteligência colombiano explicou que a conspiração tinha vários objetivos, como causar danos ao sistema produtivo venezuelano, gerar comoção entre a população e, em última instância, assassinar o presidente Chávez.
García assegurou que o plano incluía assassinar a José Vicente Rangel, naquela época vicepresidente, ao ministro do Interior, Jessé Chacón e ao Promotor Geral Isaías Rodríguez.
Vínculos de Uribe com paramilitares
García assegurou que o plano incluía assassinar a José Vicente Rangel, naquela época vicepresidente, ao ministro do Interior, Jessé Chacón e ao Promotor Geral Isaías Rodríguez.
Vínculos de Uribe com paramilitares
Ao entregar importantes cargos políticos vinculados aos paramilitares das AUC, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, distribuiu o aparelho do governo entre setores desse grupo irregular, disse García em outro trecho da entrevista dada a Noticias Uno, da Colômbia.
García reiterou que se produziu um alto grau de infiltração das AUC no governo de Uribe, quando o DAS era dirigido por Jorge Noguera, que chegou a esse órgão para colaborar com o grupo paramilitar.
García reiterou que se produziu um alto grau de infiltração das AUC no governo de Uribe, quando o DAS era dirigido por Jorge Noguera, que chegou a esse órgão para colaborar com o grupo paramilitar.
“Quando o presidente Uribe distribuiu a burocracia entre eles, indiretamente a repartiu entre as Autodefesas, porque esses senhores tinham sido indicados pelas AUC. Em muitos casos, consultaram os chefes das AUC para saber quem seria indicado, quer dizer, a burocracia no primeiro governo do presidente Uribe, sem dizer que foi consciente disso, foi repartida entre os chefes das AUC”, sustentou García.
Argumentou que essa situação derivou-se do fato de que políticos que apoiaram a campanha presidencial de Uribe já tinham conseguido colocações no Congresso graças ao apoio de grupos paramilitares.
“A maioria desses políticos, como posteriormente se demonstrou na Justiça colombiana, foram apoiados por grupos das AUC na sua aspiração de chegar ao Congresso”, afirmou García.
Ele ainda revelou que, ao chegar ao DAS junto com Noguera, foi notificado de que seu trabalho no órgão ia ser o de colaborar no recolhimento de informação de interesse para as AUC.
Ele ainda revelou que, ao chegar ao DAS junto com Noguera, foi notificado de que seu trabalho no órgão ia ser o de colaborar no recolhimento de informação de interesse para as AUC.
“No meu caso, informaram-me antes de ir a Bogotá: “A missão é obter informação e plena colaboração”, não só no DAS, obviamente porque lá estaríamos, mas também ter presença ou infiltração na Procuradoria Geral e na Medicina Legal, esse foi a tarefa que me deram”, detalhou.
Explicou que, ao assumir o cargo da direção de Informática do DAS, devia se encarregar, a mando de Noguera, da Plataforma Esperanza, processo pelo qual se grampearam telefones de lideres de partidos de esquerda na Colômbia e representantes de ONGs.
Expressou que essa ação foi realizada graças a um acordo entre Noguera e o Promotor Geral colombiano daquela época, Luis Camilo Osório, que autorizava reuniões de funcionários dessa autarquia com representantes do DAS, entre eles García, para fornecer informação técnica.
“Tenho o caso concreto da Plataforma Esperanza, que é a plataforma de interceptação. Certo dia, Jorge Noguera me diz: ‘Combinei com o Promotor Geral, temos que obter toda a informação da Plataforma Esperanza. Você vai-se reunir com os funcionários lá, isso já foi ordenado pelo Promotor’. Eu fui com o chefe de Comunicações do DAS daquela época”, relatou.
Sobre a influência de paramilitares do Bloco Norte das AUC, liderados por Rodrigo Tovar Pupo, vulgo Jorge 40, García indicou que no DAS procedeu-se à restituição aos seus cargos de funcionários que anos antes tinham sido destituídos por condutas irregulares.
“Lembro-me que, através de mim, os próprios chefes das AUC mandaram pedir que se reincorporasse a Emilio Vence Zabaleta, e também, nesse mesmo sentido, chegou um petição para que Rômulo Betancourt também fosse reincorporado. Anos antes ambos tinham saído do DAS por vínculos com grupos paramilitares”, expôs o ex-funcionário.
“Lembro-me que, através de mim, os próprios chefes das AUC mandaram pedir que se reincorporasse a Emilio Vence Zabaleta, e também, nesse mesmo sentido, chegou um petição para que Rômulo Betancourt também fosse reincorporado. Anos antes ambos tinham saído do DAS por vínculos com grupos paramilitares”, expôs o ex-funcionário.