As FARC solicitam a o Governo a que avance no dialogo e propõem uma reforma agrária integral
Fonte: www.pazfarc-ep.blogspot.com.es
As Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo (FARC-EP), comunicam:
1.
A sua
reiteração em exigir celeridade na analise profunda e integral – pensando nos
interesses das maiorias nacionais – do Acordo geral para o fim do conflito e a
construção de uma paz estável e duradoura. Nesse sentido, pedem ao governo de
Juan Manuel Santos o fim da retórica belicista que acompanha de falsas promessas
de solução aos problemas sociais, e se comprometa publicamente a apresentar
soluções rápidas, tangíveis, sem demagogia, para os problemas de miséria que
tem gerado o terrível confronto que desagrada ao país.
2.
A Delegação governamental que dialoga com as
FARC-EP, deve demonstrar vontade para avançar, apresentando à Mesa propostas
claras que indiquem ao país que o governo não prolongará indefinidamente no
tempo as soluções para o grave problema do latifúndio e dos despojos da terra
por métodos violentos ou disfarçados de legalidade, que tem aprofundado a
guerra gerando deslocamentos, massacres, luto e desolação, para favorecer às
elites e às transnacionais que saqueiam a pátria.
3.
As FARC-EP
tem estudado com atenção as propostas que o povo apresentou em eventos como as
Mesas Regionais de Paz estimuladas pelas Comissões de Paz do Senado e Câmara, o
encontro internacional Povos Construindo a Paz, o Fórum Política do
Desenvolvimento Agrário Integral (enfoque territorial), as propostas enviadas
para a página web disponibilizada pela Mesa de Conversações, entre outras
iniciativas que devem motivar a máxima participação e a presença direta da
cidadania no processo de paz.
4.
Do estudo
de tais propostas e reflexões, temos tomado a conclusões centrais para esboçar
uma posição preliminar referida ao primeiro ponto do Acordo Geral, a qual
aponta para resolver a injusta estrutura latifundiária da posse da terra, causa
fundamental da miséria e da guerra que a Colômbia padece. Nossa proposta, que
iremos apresentando para consideração dos nossos compatriotas no decorrer deste
novo ciclo de interlocuções. A chamamos de “Dez propostas para uma política de
desenvolvimento rural e agrário integral com enfoque territorial” e em relação
a ela apresentamos paulatina e publicamente os argumentos de sustentação que
estão construídos observando as iniciativas da população.
5.
As FARC-EP,
em exercício da sua soberania política e no desenvolvimento de sua interlocução
constante com o povo colocam, para conhecimento do país, a primeira dessas dez
propostas:
PRIMEIRA
PROPOSTA. Realização de
uma reforma rural e agrária integral, socioambiental, democrática e
participativa, com enfoque territorial, fundamentada nos seguintes propósitos:
a.
Superação
das condições políticas, econômicas, sociais e culturais que geram o exercício estrutural
da violência por parte do Estado e forças paramilitares nas zonas rurais, e que
provocam o levante armado guerrilheiro para enfrentar essas condições.
b.
Transformação
das relações rurais, que contribua para a democratização real do poder
territorial, da sociedade, do Estado e do modelo econômico em seu conjunto,
assim como das boas condições de vida da população.
c.
Erradicação
da fome, da desigualdade e da pobreza rurais; restabelecimento da dignidade e
reconhecimento dos camponeses e camponesas como sujeitos políticos, e garantia
e desfrute efetivo de seus direitos políticos, econômicos, sociais e culturais,
incluída a correspondente provisão de recursos do orçamento e infraestrutura
social.
d.
Construção
de um novo ruralismo baseado na justiça territorial e na democratização das
relações urbano-rurais.
e.
Desconcentração
e redistribuição da propriedade sobre a terra através da erradicação do latifúndio
improdutivo, inadequadamente explorado ou ocioso.
f.
Promoção
ao acesso e ao desfrute do direito à terra e ao território dos camponeses sem
terra e, especialmente, das mulheres.
g.
Proibição
ou estabelecimento de limites estritos, segundo o caso, à estrangeirização da
terra.
h.
Reparação
integral da população vitima do deslocamento forçado e do despojo.
i.
Proteção
e melhoramento das condições de propriedade e produção dos pequenos e médios proprietários.
j.
Reconhecimento
e respeito dos territórios coletivos de comunidades indígenas,
afrodescendentes, comunidades ‘raizales’ e ‘palenqueras’, assim como dos
territórios camponeses de Áreas de Reserva Camponesa e de futuras Zonas de
Produção de Alimentos.
k.
Ordenamento
territorial e definição de usos da terra que garantam a proteção dos
ecossistemas, a sustentabilidade socioambiental, o direito à água, a produção
de alimentos e a soberania alimentícia.
l.
Estimulo
à economia camponesa, especialmente à produção de alimentos, considerando a coexistência
de diferentes modelos de produção, atendendo a regulamentação estrita das
cadeias produtivas.
m.
Favorecimento
de uma política de pesquisa e desenvolvimento técnico - cientifica, de proteção
de sementes nativas e do conhecimento próprio.
n.
Suprimento
de meios de produção, de infraestrutura física de transporte e comunicações, de
áreas de irrigação, de armazenamento e comercialização, de recursos de credito
e de outros meios de financiamento, privilegiando as economias camponesas e de
produção de alimentos.
o.
Denuncia
ou revisão de tratados, acordos e de todo tipo de regulamentações de livre
comércio, investimento ou propriedade intelectual que afetem a soberania alimentícia
e as condições de nutrição e alimentação da população.