Farc decidem não renovar cessar-fogo unilateral na Colômbia
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) decidiram não prorrogar o cessar-fogo de dois meses determinado em novembro, em meio às negociações de paz com o governo colombiano.
O fim da trégua foi anunciado na noite de quarta-feira (9) pelo negociador-chefe da guerrilha, Iván Márquez, em entrevista coletiva em Havana, onde ocorre o diálogo com a administração do presidente Juan Manuel Santos.
Márquez disse que só terminará os combates se o governo se comprometer a fazer um cessar-fogo bilateral, que foi recusado por Santos há dois meses. "Apenas a assinatura de um cessar-fogo bilateral seria possível, se o governo considerar viável tal medida".
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recusou-se a aceitar a trégua e decidiu manter a pressão militar sobre os guerrilheiros para forçar as Farc a aceitarem o acordo de paz. Durante a trégua unilateral das Farc, pelo menos 34 rebeldes morreram em ações do governo.
Ao mesmo tempo, as forças militares e policiais da Colômbia acusaram as Farc de atacarem tropas e alvos de infraestrutura. A guerrilha disse, no entanto, que as ações eram de grupos isolados que não acataram a determinação do comando central.
Negociações
O cessar-fogo das Farc foi um dos pontos das negociações, iniciadas em 18 de outubro, em Oslo, na Noruega. Os governos de Cuba e Noruega atuam como fiadores dos diálogos de paz, enquanto Chile e Venezuela são os colaboradores.
Os primeiros detalhes da negociação foram definidos em reuniões preliminares em Havana em novembro. Após os encontros, foram mantidos os cinco pontos do diálogo -- reforma agrária, participação política, drogas ilícitas, abandono das armas e vítimas.
No mês passado, foram definidos os princípios para a devolução de terras, ponto exigido pelos rebeldes para conseguir a paz. Na quarta (9), o governo e a guerrilha receberam mais de 400 propostas sobre a distribuição agrária, entregues por uma comissão da ONU (Organização das Nações Unidas).
Os documentos são os dados que serão usados para retomar as negociações sobre o tema, na próxima segunda (14), em Havana.