Oito propostas mínimas.
Delegação
de Paz FARC-EP.
Havana,
Cuba. Sede dos diálogos pela paz com justiça social para Colômbia.
06 de fevereiro de 2013
Oito
propostas mínimas para o reordenamento e uso territorial:
Diante de um ordenamento autoritário do território, concebido como um mero instrumento para a a obtenção de avultado enriquecimento, mediante a extração depredadora dos recursos naturais, ou inscrito dentro de estrategias militares de consolidação para proteger os grandes capitais, ou para impor relações de poder baseadas no exercício da violência estatal e paramilitar, as FARC-EP propõem:
1.
Ordenamento social e ambiental,
democrático e participativo do território. Referido ao ordenamento
territorial fundamentado na mais ampla democracia e participação
social, para construir uma sociedade que supere a injustiça e a
desigualdade, capaz de atender seus requerimentos alimentários,
estabilizar suas comunidades e realizar um manejo sustentável de seu
território em busca do melhor-estar da população.
Propormos, convocar um grande debate nacional acerca da reorganização espacial e territorial e dos impactos sócio-ambientais que está impondo a exploração mineiro-energética. Abougamos ademais, pelo reconhecimento e estímulo do direito à consulta previa, livre e informada.
2.
Reordenamento territorial e usos da terra
para a soberania alimentar e o abastecimento nutricional e
alimentário da população. Há de se fundamentar o uso da terra
considerando sua vocação agro-ecológica, a
sustentabilidade sócio-ambiental e a garantia da soberania
alimentária, o qual implicará a atualização e definição
precisa das zonas de reserva florestal e de parques naturais, a
proteção especial das nascentes das águas e seu uso racional. Nos
processos de substração de territórios e zonas de reserva florestal
se deverá favorecer às comunidades camponesas, indígenas e
afro-descendentes.
O reordenamento territorial deve desestimular a pecuária extensiva, liberando não menos de 20 milhões de hectares para propósitos agrícolas. Se definirá o fechamento da fronteira agrícola, aumento da produção alimentária, frear a desflorestação e as atividades de extração minero-energética, especialmente a mineração a céu aberto.
Ao respeito se deverá criar um ente de ampla participação de decisão popular encarregado de traçar e estabelecer pautas gerais de ordenamento territorial, definir os usos da terra e resolver os conflitos que de ele se derivem.
3.
Sostenibilidade sócio-ambiental, direito à
água e proteção das nascentes hídricas e dos eco-sistemas
frágeis. Reconhecimento do direito humano à água e definição de
medidas de proteção especial ou restauração, segundo o caso de
eco-sistemas frágeis e estratégicos, das bacias, páramos,
umidades, fontes e recursos hídricos em geral, assim como das zonas
coralinas, entre outros. Abougamos
por assuntos de interesse nacional como a suspensão definitiva de
projetos de represas e hidroelétricas, orientados à exportação de
energia, como o megaprojeto de El Quimbo.
4.
Definição de territórios de produção
agrícola e de alimentos. No marco do reordenamento territorial
colocamos como primordial o propósito da produção agrícola que
garante o abastecimento nutricional e alimentário da população.
Propormos o aumento das áreas efetivamente cultivadas, pelo menos a
20 milhões de hectares e reivindicamos a
economia campenesa e seus territórios (Zonas de Reserva Camponesa e
Zonas de produção camponesa de alimentos) como principais
produtores e abastecedores de alimentos que são. Os territórios
indígenas e de afro-descendentes também devem ser considerados
territórios de produção de alimentos e ser estimulados com
programas específicos.
5.
Criação de novos assentamentos rurais
para a produção agrícola y de alimentos. O reordenamento
territorial deve contemplar a construção de novos assentamentos
para a organização da produção de bens agrícolas. Tais projetos
se fariam em espaços próximos aos centros de consumo.
6. Recursos naturais não renováveis em função do interesse nacional e do melhor-estar da população. O novo ordenamento deve pôr freio à expansão desordenada e anárquica das economias minero-energéticas e estrativistas, estabelecendo proibições, limites ou regulações estritas segundo o caso. Significa tomar medidas como a de suspender a entrega de títulos mineiros e de concessões para a exploração e a extração petroleira. Se deve derogar a Resolução 0045 de junho de 20012, por meio da qual se declaram como áreas estratégicas para a grande mineração uma importante parte da região amazônica e um alta porcentagem de zonas de tradição e vocação agrícola.
6. Recursos naturais não renováveis em função do interesse nacional e do melhor-estar da população. O novo ordenamento deve pôr freio à expansão desordenada e anárquica das economias minero-energéticas e estrativistas, estabelecendo proibições, limites ou regulações estritas segundo o caso. Significa tomar medidas como a de suspender a entrega de títulos mineiros e de concessões para a exploração e a extração petroleira. Se deve derogar a Resolução 0045 de junho de 20012, por meio da qual se declaram como áreas estratégicas para a grande mineração uma importante parte da região amazônica e um alta porcentagem de zonas de tradição e vocação agrícola.
7.
Mineração artesanal digna. Pequena e
media mineração com sustentabilidade socio-ambiental.
Acompanhamento e proteção da mineiração artesanal para garantir o
melhor-estar das comunidades rurais, cuja economia se concentra em
essa ancestral atividade. Deverão ser reconhecidos e legalizados os
títulos de mineração que estão nas mãos de pequenos e meio
mineradores.
8.
Plantios de uso lícito de maconha, popula e
folha de coca e substituição de plantios de uso ilícito. Com o
propósito de melhorar as condições de vida e de trabalho de
comunidades rurais que atualmente dedicam sua atividade econômica,
por razões de subsistência, aos chamados plantios de uso ilícito,
se propõe cessar a política de criminalização e perseguição,
suspender as pulverizações aéreas e outras formas de erradicação
que estão gerando impactos negativos socio-ambientais e econômicos.
Tem que ser reorientado o uso da terra rumo às produções agrícolas
sustentáveis e incluso considerar planos de legalização de alguns
plantios de maconha, popula e folha de coca com fins terapéuticos e
medicinais, de uso industrial ou por rações culturais.
DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP