O Presidente Juan Manuel Santos afirma que não se levantará da Mesa de Conversações de paz. As Farc também.
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Por Horacio Duque
O processo de paz
iniciado pelo governo da Colômbia e as Farc, não obstante as
naturais dificuldades que se desprendem de dialogar em meio ao
conflito, avança por bom caminho. O debate do primeiro ponto da
Agenda, que já completa mais de três meses, sobre o tema do
desenvolvimento rural criou um ambiente favorável e produz
resultados promissores.
Nos atos pelo dia do
jornalista, o Presidente Juan Manuel Santos afirmou, de maneira
categórica, que não vai se levantar da Mesa de Conversações de
Havana até alcançar os resultados que permitam superar o conflito
social e armado e fixar as bases de uma paz estável e duradoura.
Se está negociando de boa
fé, se vê a vontade do movimento guerrilheiro e não vou me
levantar da Mesa, disse Santos. Dialogar em meio ao conflito foi uma
decisão que tomou e tem sido difícil. As Farc, em sua própria
lógica, seguirão em sua luta, porém isto é parte do custo que se
tem que pagar pela negociação em meio ao conflito.
Sustenta que, apesar das
dificuldades e da oposição de setores recalcitrantes, tomou a
decisão de conseguir a paz para a Colômbia e dessa maneira superar
a guerra civil que já se prolonga por mais de meio século com
graves prejuízos para todos os habitantes da Colômbia,
especialmente para os campesinos e os grupos mais frágeis da nação.
Chamou todos os cidadãos a cicatrizar as feridas.
A vontade do Presidente da
República é um sinal positivo porque expressa a potência do Estado
e o compromisso de um amplo campo cidadão da nação. Não se trata
de uma voz isolada, mas sim a da representação geral de todo um
país que resulta absurdo e estúpido desconhecer, como é a
pretensão de grupos extremistas encarnados pelo senhor Uribe Vélez,
empenhado na sabotagem dos diálogos e dos acordos com a resistência
campesina revolucionária.
Ao Presidente, o acompanham
os setores-chaves do Estado, como o órgão legislativo, que, sob a
Presidência do Senador Roy Barreras, organizou múltiplos foros nas
regiões para tratar dos temas agrários e da justiça, tal como se
projeta desde o próximo 9 de abril com 10 eventos nas principais
cidades do país.
Não obstante, há núcleos
do governo que desentoam, como as vozes que se emitem, com muita
frequência, desde o Ministério de Defesa, onde seu titular,
acompanhado de militares desatinados, tem por ofício atacar e
desqualificar com adjetivos, infâmias e arengas altissonantes a Mesa
de Conversações de Havana, distorcendo, dessa maneira, a explicação
fundamental do Presidente que trabalha pela paz.
É que, neste setor da
sociedade política, ainda existe o colonialismo do chefe do Ubérrimo
[AUV] com seus postulados neofascistas e totalitários. As doutrinas
militares vigentes são as da doutrina da segurança nacional, a
guerra de baixa intensidade, as operações contra insurgentes e a
estratégia dos drones e ataques aéreos que o Departamento de Defesa
dos Estados Unidos patrocina, desde suas 8 bases militares instaladas
no território nacional, onde se deposita material nuclear e armas de
destruição massiva, porque assim o permitem os convênios com o
imperialismo norte-americano, firmados pelos senhores Bush e Uribe.
De outro lado, as Farc,
através de seu Comandante Geral Timoleón Jiménez, têm reiterado
que sua disposição se encaminha em iguais termos. Não se
levantarão da Mesa até chegar a um pacto que estabeleça a paz.
Essa é uma decisão política tomada de tempo atrás e no
desenvolvimento da mesma morreram os comandantes Alfonso Cano e Jorge
Briceño.
A vontade das Farc foi
reiterada numerosas vezes. No discurso de Timoleón Jiménez para
anunciar a assinatura do Acordo Geral para a paz, sua voz foi
afirmativa pelas conversações e a paz. De igual maneira, Iván
Márquez, o chefe da delegação plenipotenciária da insurgência da
insurgência revolucionária em Havana, sustentou, na instalação
dos diálogos em Oslo, que o compromisso do movimento guerrilheiro é
trabalhar sem descanso até conquistar os melhores resultados para a
paz e a terminação do conflito social e armado.
E assim tem sido, como o viu
o país e o mundo. O trabalho dos delegados guerrilheiros tem sido
sensato, equânime, inteligente e ponderado. Determinaram uma trégua
unilateral por dois meses com resultados muito positivos; têm feito
propostas sistemáticas, inovadoras e profundas para resolver o
problema agrário de milhões de campesinos; e têm contribuído para
criar os espaços adequados para a participação da sociedade civil
e das organizações comunitárias, civis e religiosas, com o fim de
que suas propostas e iniciativas façam parte do conteúdo das
conversações.
As Farc tampouco se
levantarão da Mesa de conversações. É sua firme determinação.
A decisão do Presidente
Juan Manuel Santos e das Farc é um bom dado que materializa, pelo
demais, o estabelecido no texto do Acordo especial de Havana firmado
desde agosto do ano anterior.
Ali se dispõe o seguinte:
a) a decisão mútua de pôr fim ao conflito como condição
essencial para a construção da paz estável e duradoura. Atendendo
o clamor pela paz; b) iniciar conversações diretas e ininterruptas
sobre os pontos da agenda estabelecida com a finalidade de alcançar
um acordo final para a terminação do conflito que contribua para a
construção da paz estável e duradoura; e c) garantir a efetividade
do processo e concluir o trabalho sobre os pontos da agenda de
maneira expedita e no menor tempo possível, para cumprir com as
expectativas da sociedade sobre breve acordo.
Mais claro não pode ser. Já
sabemos de onde vem a obscuridade.