"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DECLARAÇÃO DO ESTADO-MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP

Os avanços na Mesa de diálogo de La Habana, os primeiros passos para a construção do Acordo de Paz, não podem arriscar-se desfigurando a verdade em torno da responsabilidade histórica da acumulação violenta da terra, como uma das causas do conflito. A verdade pura e limpa deve guiar os passos de Colômbia para o bem superior da paz como direito. Discursos pensados para repontar nas pesquisas, ditados por veleidades eleitorais, ou pelo prurido de desprestigiar o interlocutor insurgente, não se correspondem com a majestade deste anseio nacional.
Se “o medidor sobre os avanços ou não do processo de paz está em Cuba, não em cartas nem declarações” como assegura Santos, tampouco está em discursos infelizes como o de San Vicente. Resulta surpreendente ouvir que, se não há avanços em Havana, o governo se levanta da mesa, quando as FARC apresentaram mais de 40 propostas para dinamizar o processo.
Frente a esta circunstância, em sintonia plena com seu chefe, o Estado-Maior Central das FARC-EP declara:
  1. De forma mal-intencionada e perversa se pretende desviar a atenção acerca das causas certas e dos verdadeiros responsáveis do despojo de terras em cerca de 8 milhões de hectares, ocorrido em nosso país nas últimas duas décadas, fruto da violência estatal e paramilitar. Como é de amplo conhecimento, tal despojo foi concebido como política de Estado para facilitar a entrega de boa parte do território nacional às transnacionais que hoje exploram, graças a contratos leoninos, nossos recursos mineiro-energéticos, produzindo, ademais, severos danos ambientais.
  2. A ocupação de terras ociosas do Estado por parte de colonos campesinos, seja em forma individual ou organizada, isto é, a reforma agrária de fato realizada por campesinos sem-terra ao longo de várias décadas para reivindicar suas aspirações pela terra e por uma vida melhor, quer ser apresentada hoje como uma ação criminal e de enriquecimento por parte das FARC-EP, distante de toda verdade e realidade. O Estado-vitimário e despojador pretende transformar-se no Estado-vítima despojado.
  3. Após as afirmações assinaladas, se encontra, em realidade, o pretexto de realizar um novo ciclo de despejo, acompanhado da criminalização de campesinos que, durante décadas, tiveram a possessão sobre estas terras, declarando-os como testas de ferro de propriedades, cujos títulos nem sequer existem.
  4. Tal como expõe o comandante Timoleón em sua carta ao presidente Santos, propomos a ativação da uma comissão de alto nível para que esclareça a verdade sobre o suposto despojo das FARC-EP, integrada por representantes do governo nacional, dos campesinos, das FARC-EP e da comunidade internacional, para que, de maneira imediata, se defina uma rota de trabalho e se apresente na maior brevidade possível um informe sobre nossas supostas propriedades e os supostos testas de ferro. Por nossa parte, sugerimos como vedores internacionais a CELAC e o ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter.
  5. A referida Comissão deverá ocupar-se também da investigação e verificação das múltiplas denúncias e depoimentos acerca do despojo que compromete a grandes terra-tenentes, empresários, funcionários do Estado e empresas transnacionais.
  6. Reiteramos, frente à sociedade colombiana, nosso compromisso por não poupar esforços na Mesa de diálogos de Havana para contribuir com o sonhado acesso à terra que as classes dominantes têm negado aos campesinos sem-terra, aos trabalhadores e operários agrícolas, aos despossuídos das cidades e às mulheres de Colômbia.


Esperamos que ao governo não se lhe ocorra chutar a mesa. Chamamos ao povo de Colômbia a mobilizar-se em defesa do processo de paz, a não permitir que se nos arrebate esta esperança. Em nome das FARC-EP, nossa saudação e voz de estímulo às Constituintes pela Paz, que hoje têm lugar em todo o território nacional.
 

Estado-Maior Central das FARC-EP
Montanhas de Colômbia, 26 de fevereiro de 2013