"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

As vítimas do Terrorismo.

ANNCOL

Ingrid Betancourt falou nas Nações Unidas. Acredito que um pouco confusa, ainda, propôs a necessidade de dar um status às vítimas do Terrorismo. Expus algumas coisas que têm sido já propostas, uma e mil vezes, na Colômbia. "O maior perigo para as vítimas do Terrorismo é que sejam esquecidas", salientou.

Desde meados do século passado isso tem acontecido na Colômbia. Na época da chamada 'Violência', houveram 300.000 mortos e mais de um milhão de deslocados. Essas vítimas do Terrorismo de Estado foram esquecidas e são lembradas como uma cifra mencionada nas pesquisas, só.

Um pouco antes de 1964 iniciou-se a Segunda Violência. Mais uma vez, o Terrorismo de Estado foi aplicado, deixando inúmeras mortes. Planos e Planos militares sendo concebidos e postos em prática pelos sucessivos presidentes através das Forças da repressão.

Ingridzinha lembra desses Planos?

Estatuto de Segurança, Guerra Integral e Total, Plano Colômbia, Plano Patriota e Plano Consolidação. Todos com 'segurança democrática'.

Todos esses Planos militares têm produzido 147.000 vítimas, segundo o representante da OEA, Sergio Caramagna. Vítimas que foram enterradas em covas comuns que impressionaram o olfato do Juiz Garzón. Ainda, mais de 5,4 milhões de colombianos têm sido vitima da condenação em vida do deslocamento forçado (entre registrados e não registrados nas pesquisas). Todas essas vítimas têm se tornado invisíveis. E todas elas são vítimas do Terrorismo de Estado, praticado pelo Estado colombiano (a imensa maioria por ação e, por omissão, a ínfima minoria).
E se falarmos em nível mundial nos atinge o corpo uma tremedeira gerada pelo horror.
A ditadura argentina, paraguaia, uruguaia, chilena, brasileira... Governos ditatoriais e ditaduras francas (Somoza), na América Central. Invasões militares: Granada, Panamá, Cuba, Afeganistão, Iraque. Quantas vítimas esquecidas? Nao sabemos. No Iraque mais de um milhão de vítimas inocentes, civis desarmados. Um milhão! Alguém toca nesse assunto na ONU?

Por isso não entendo –desculpe se sou um pouco retardado- por que tu queres um status para as vítimas do Terrorismo, mas sem fazer referência alguma dos vitimarios. A eles favorece o esquecimento. E o primeiro esquecimento, Ingridzinha, consiste em esquecer quem mandou matar tantos e tantos inocentes; quem ordenou sua morte. O esquecimento é muito mais cruel quando se fala das vítimas, -e se pede status para elas-, e um dos vitimários é parabenizado. Não dá para entender. E esse esquecimento leva ao silêncio cúmplice ou pelo menos cômodo. Nem o Juiz Garzón, nem a Fiscal da CPI, nem ninguém lembra quem é ou quem são os culpados. Um deles é Álvaro Uribe Vélez. Um deles. Durante seus primeiros quatro anos de governo, foram 10.282 mortos 'fora de combate', segundo o Observatório de Direitos Humanos.

Os autores de 85% dessas mortes são as forças militares-narco-paramilitares do regime colombiano. Mas, há milhares de vítimas no registradas. Por exemplo, as vinte mil crianças que morrem ano após ano na Colômbia por beber água não potável, -porque os dinheiros do Estado são para uma guerra inútil e desnecessária-. Ou aqueles que morrem porque não são atendidos nos hospitais. E tudo, por quê? Porque a classe dominante necessita matar mais e mais colombianos para que não seja derrubada do trono (o poder) e possa continuar enchendo suas abastadas contas com dinheiro do narcotráfico e do erário publico (de todos os colombianos).

Sim, Ingridzinha, os culpados, também são narcotraficantes, ladrões de colarinho branco, são todo o mal que você possa pensar. Por isso, escuta bem, quero te dizer que também devemos denunciar os culpados. E assim recuperaremos nossa memória histórica.

Gostaria que fosse iluminada pelo seu Deus e aproveitasse os cenários internacionais que, por incrível que pareça, te abrem a porta, pelo fato de ter sido 'detida' pelas FARC, para que diga todas essas verdades. Como fazem já Piedad Córdoba e Gloria Cuartas. Verdades que aos poucos vão sendo conhecidas. Verdades como essa que também expõe, porém de forma diferente. Para te relembrar: A solução política do conflito social e armado que existe na Colômbia.

E olha, são mulheres as que estão propondo soluções. Seria interessante vê-las juntas, lutando unidas pela Paz da Colômbia. Pela Paz com Justiça social. Veja bem, agindo desse jeito estariam em perfeita sintonia com as FARC e com todas as organizações do povo colombiano.

O que estou falando? Não, não, não acredito!

APL