Bogotá: vitimas gritam: nem perdão nem esquecimento, punição para os assassinos
Na última sexta-feira, 5 de setembro, dezenas de vítimas e representantes de organizações defensoras dos direitos humanos se concentraram diante do bunker da Promotoria Geral da República para exigir justiça e punição para os responsáveis por mas de três mil assassinatos na região bananera de Urabá, em Antioquia.
Por Hernán Durango/Colombia
Nem perdão nem esquecimento: punição para os assassinos. Justiça, verdade e reparação, gritavam homens e mulheres levando cartazes frente à sede da instituição investigativa. Eles estavam amontoados na entrada principal e ali estenderam fotografias e cartazes alusivos ao desaparecimento de seus familiares, líderes cívicos, sindicalistas, dirigentes da União Patriótica e do Partido Comunista Colombiano (força que predominava em Urabá e foi exterminada a balaços em meio a uma feroz perseguição das instituições oficiais através de facções paramilitares), detenções de líderes, atentados com dinamite às sedes sindicais e uma série de repressões às forças vivas da região.
Iván Cepeda Castro, diretor do Movimento Nacional de Vítimas de Crimes de Estado (MOVICE), se pronunciou exigindo efetividade e rapidez na investigação contra o importante oficial do exército colombiano e anunciou que suas organizações e os familiares das vítimas estavam dispostos a apresentar documentos e provas para que se condenem os responsáveis por tantos crimes.
“A detenção do general Del Rio é um dos atos mais importantes contra a impunidade na Colômbia. Ele conduziu as operações na região de Urabá, uma das mais golpeadas pelo paramilitarismo, convertendo-se em um dos principais aliados dos criminosos” afirmou ao jornal Cepeda.
RITO ALEJO, RIO DE SANGUE O QUE CORREU EM URABÁ
Os familiares das vítimas erguiam e agitavam seus cartazes cada vez que algum veículo se aproximava da porta principal da Promotoria, como se quisesse dizer ao general reformado do Exército colombiano Rito Alejo del Río todas as verdades e condenações pela morte de tantos filhos na região bananera da Colômbia localizada a noroeste, na fronteira com o Panamá.
- Rito Alejo, rio de sangue que inundou Urabá! General do rio de sangue, assassino! - gritavam elas sem parar. Muitas pessoas, repórteres da imprensa nacional e internacional viram e gravaram essas imagens e sons.
Os trabalhadores da Promotoria que preparavam um protesto em defesa dos seus direitos também ouviram a mensagem das vítimas:
- A justiça está do lado das vítimas! - bradavam, em uníssono, os manifestantes.
Sob o comando do general na 17ª Brigada em Carepa, Antioquia, os paramilitares cometeram vários massacres de civis na sua jurisdição, incluído o triste massacre de Mapiripán. Também desapareceram humildes camponeses e houve vários raptos nas estradas da região. O “general do rio” não trouxe pacificação a esta terra, é um verdadeiro açougueiro e carrasco dos habitantes de Urabá que deve ser punido exemplarmente pela justiça colombiana, sustentam porta-vozes de organizações de vítimas do terror oficializado.