Manifestação em Brasília: apoio à Bolívia e repúdio aos EUA
por Márcia Xavier
A Bolívia não está só, nós estamos com ela. A frase foi a tônica das palavras de ordem, dos discursos e da carta entregue ao embaixador da Bolívia no Brasil pelos manifestantes que fizeram ato de apoio ao País vizinho, na manhã desta sexta-feira (26), em Brasília. Na embaixada da Bolívia, eles entregaram ao embaixador René Ocampo uma carta de solidariedade e na Embaixada dos Estados Unidos fizeram manifestação contra a “ingerência” daquele País na tentativa de golpe contra o governo de Evo Morales.
Entre os dois prédios – no Setor de Embaixada – os manifestantes fizeram o percurso como em procissão, carregando cruzes que simbolizavam os camponeses mortos durante as disputas separatistas no território boliviano. 30 camponeses foram assassinados na noite do último dia 11 de setembro, por ordem de Leopoldo Fernández, governador de Pando, que faz oposição ao governo.
As cruzes foram fincadas nos jardins do prédio da Embaixada Americano, sob os olhares de dezenas de policiais que cercavam o prédio para evitar a aproximação dos manifestantes. Foi feito um minuto de silêncio em homenagem aos mortos. Eles vem se juntar aos milhares de latino-americanos que morreram lutando por um vida melhor, destacaram os oradores.
Do alto do carro de som, os líderes enviavam, por alto-falante, as palavras de protesto contra o governo estadunidense: “Bush, fascista”. Os manifestantes a pé, sem microfone, mas com a vantagem de estarem em grande número, respondiam, também em tom alto: “Você é terrorista”.
Do alto do carro de som, os líderes enviavam, por alto-falante, as palavras de protesto contra o governo estadunidense: “Bush, fascista”. Os manifestantes a pé, sem microfone, mas com a vantagem de estarem em grande número, respondiam, também em tom alto: “Você é terrorista”.
No começo da manhã, uma comissão de representante das entidades promotoras do evento, esteve em audiência com o embaixador boliviano, a quem entregou carta onde declara apoio as decisões do presidente Evo Morales. “Sabemos que a ação dos governadores e de seus apoiadores oposicionistas, em conluio com o imperialismo norte americano, é uma reação à decisão do Governo Morales de priorizar a defesa da soberania nacional, os direitos dos povos, a democracia e o combate à pobreza e à desigualdade”.
O embaixador agradeceu o apoio e disse que transmitira a mensagem ao presidente boliviano.
De olho nas riquezas
Em frente à Embaixada dos Estados Unidos, os manifestantes disseram que a política do Governo Bush é de tentar se apropriar das riquezas da América Latina para transformá-las em mercadoria e lucro. “Lutamos pela nossa água, nossa fauna e nossa flora, que é nossa por direito”, disse o representante da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), enfatizando que “querem os nossos recursos naturais para enfrentar suas crises”.
Para os manifestantes, não é somente a unidade da Bolívia que está em risco nesse disputa, mas a de toda América Latina. Amanhã, eles vão querer a nossa reserva de petróleo da camada de pré-sal, alertaram em suas falas.
Para os manifestantes, não é somente a unidade da Bolívia que está em risco nesse disputa, mas a de toda América Latina. Amanhã, eles vão querer a nossa reserva de petróleo da camada de pré-sal, alertaram em suas falas.
Os manifestantes denunciaram a participação do Estados Unidos na tentativa de golpe, destacando que embaixador dos Estados Unidos em La Paz, Philip Goldberg, que foi expulso em meio à crise, se reuniu 15 dias antes dos ataques, a portas fechadas, com o governador Rúben Costas, de Santa Cruz, que faz oposição ao governo.
E, na carta endereçada ao embaixador, destacam que “sabemos que os EUA nunca hesitaram em utilizar a força para impor estados de terror com objetivo de impedir o avanço das lutas e reivindicações camponesas, indígenas e operárias”. E anunciaram a construção de uma frente única continental em defesa da soberania e da unidade da Bolívia.
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