Santos ordena bombardear a paz. O caso Santo Domingo/Arauca.
Por
Horacio Duque Giraldo
Criminal
e desesperada a ordem santista de bombardear e destruir o processo de
paz. Se repetirão casos como o de Santo Domingo/Arauca.
Por
causa dos trágicos fatos de guerra ocorridos numa operação
defensiva do território na vereda La Esperanza do município de
Buenos Aires, Cauca, o senhor Santos, chefe da Casa de Nariño, deu a
cruel ordem de reiniciar os bombardeios aéreos em todo o território
nacional.
Se
trata de uma fatal determinação, típica de quem atua como um
jogador de pôquer para sacar vantagens politiqueiras, que terá
sérias e imediatas consequências na cruenta guerra civil da qual
padece a sociedade colombiana há mais de 50 anos.
Esta
decisão vai ter duras repercussões no processo de desescalada do
conflito que havia avançado consistentemente com a trégua
unilateral ordenada desde Dezembro/2014 pelas Farc, com os pactos em
matéria de desminado e as decisões quanto a menores combatentes.
Quer
dizer que os diálogos exigirão mais tempo e calma para determinar
de maneira muito precisa os compromissos governamentais com a
implementação efetiva das reformas e mudanças democráticas,
sociais e políticas adotadas via consenso.
Falar
de datas para a firma de um Acordo Final não é um disparate liberal
ou radical, só que se deve considerar que uma parte cronológica [e
não ontológica, como deveria ser] depende do avanço real nos temas
estabelecidos na Agenda e da vontade real do governo de tornar
efetiva a paz com justiça social e democracia ampliada, que é ao
que se nega a oligarquia plutocrática que o senhor Santos e seu
gabinete de tecnocratas representam.
O
governo e sua cúpula dirigente mantêm uma posição irredutível de
não tocar no modelo neoliberal e impor sua democracia clientelista e
mercantil. Ao que se agrega a sabotagem estrutural à paz por parte
dos generais e militares adeptos do fascismo contra insurgente e
anticomunista de Uribe Vélez e da ultra direita latifundiária, com
o consentimento santista.
O
uso da infraestrutura da Força Aérea no conflito terá
consequências desastrosas. É como usar gasolina para apagar um
incêndio.
Em
anos recentes, a ação dos veículos aéreos para desdobrar
enfrentamentos de guerra foi sangrenta. Basta recordar o caso da
vereda Santo Domingo/Arauca.
Como
é bem sabido, no município de Tame está situada a corregedoria de
Santo Domingo, e ambos fazem parte do estado de Arauca. A 13 de
dezembro de 1998, depois das dez e meia da manhã, quando se
celebrava por uma humilde comunidade campesina uma feira com
atividades desportivas e culturais, um avião fantasma das FAC
[Forças Armadas da colômbia] e um “número não determinado” de
aviões e helicópteros de guerra bombardearam o povoado; um
‘dispositivo cluster’ explodiu sobre um caminhão, causando a
tragédia.
De
tal “façanha militar” resultaram mortas 17 pessoas, entre
adultos e menores de idade. Os sobreviventes tiveram que abandonar o
povoado durante 17 dias, tempo em que o Exército permaneceu na área
junto a grupos paramilitares dos narcos Mellizos Mejía, as casas da
população civil foram abusivamente violentadas, se registraram
invasões ilegais e foram saqueados seus comércios, destruídos seus
bens, furtados seus dinheiros e joias, e as galinhas de propriedade
da população civil foram consumidas pelos soldados.
As
autoridades negaram o ocorrido; “não existia clareza sobre os
fatos em que se apresentou o enfrentamento”, disseram, indicando
ademais que os aviões das FAC haviam chegado até o município
devido a “um operativo militar conjunto entre o Exército Nacional
e a Força Aérea para combater a guerrilha das Farc na área geral
de Tame. Se expediram as ordens RELÂMPAGO II, PANTERA E PANTERA I”.
Os
familiares das vítimas processaram o Estado indicando que a Força
Pública, desde a data do massacre, utilizou procedimentos falsos e
obstruiu e prolongou as diversas investigações adiantadas pelos
fatos que foram julgados posteriormente, quando foi evidente que o
ocorrido se tratou de um massacre; destacando, ademais, que a prova
documental fornecida pelas FAC era incoerente e incongruente e
evidencia os erros táticos e estratégicos em que a Força Aérea
incorreu, o que se repetiu ao longo dos últimos anos em muitos casos
e vai se repetir agora com esta demencial ordem.
Por
esses fatos, o Conselho de Estado ordenou às FAC pagar aos
familiares das 17 pessoas, entre elas 6 menores de idade, pelo
massacre de Santo Domingo, um total de $ 1.125 milhões de pesos.
Um
adido militar, Coronel Sergio Andrés Garzón, regressou da França
para responder pelo ataque criminoso a Santo Domingo/Arauca.
A
decisão de ordenar a captura dos oficiais das FAC comprometidos no
magnicídio foi adotada por uma fiscal de Direitos Humanos e Direito
Internacional Humanitário [DIH], quem acusou ao Coronel Sergio
Andrés Garzón e ao major Germán David Lamilla como coautores do
concurso homogêneo de 17 homicídios com dolo eventual.
Pelo
mesmo fato também foram condenados a 30 anos de prisão, cada um, o
capitão César Romero e o tenente Johan Jiménez, os quais pilotavam
o helicóptero que lançou o artefato explosivo.
Fatal
e delirante a ordem de Santos. Põe novamente a rodar uma infernal
máquina de morte integrada por quase 14 mil efetivos, 300 aeronaves
de combate que está sob a condução do Gal. Guillermo León León.
Morrerão
campesinos, anciãos, mulheres, crianças, animais e se destruirão
espaços de trabalho das comunidades.
Absurda
decisão que se coloca na contramão do que observamos recentemente
na Cúpula do Panamá, espaço que permitiu, depois de 50 anos de
equivocações e perversidades gringas, a aproximação entre Obama e
Cuba, sem que a pequena nação caribenha renunciasse a suas
políticas revolucionárias e socialistas. Obama reconheceu os erros
de seu país e se mostrou disposto a corrigir.
Aqui,
pelo contrário, a elite oligárquica dominante se nega a reconhecer
seus erros e persevera na violência estatal contra as classes
populares e as massas campesinas para continuar favorecendo a riqueza
e o poder de grupos minoritários que dominam o Estado em todos os
seus níveis.
Em
vez de bombardeios, o que a paz com justiça social exige é um
cessar do fogo e de hostilidades bilateral e permanente. O que a paz
exige é mais democracia ampliada e vigência dos direitos políticos,
garantindo que a liberdade impere nos meios de comunicação,
monopolizados por grupos empenhados em mentir e intoxicar a sociedade
com mentiras e traições.
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Equipe
ANNCOL - Brasil