Lula é contrário a maior presença militar dos EUA na Colômbia
Por Carmen Munari
SÃO PAULO -
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se posicionou de forma contrária ao aumento das forças norte-americanas na Colômbia, citando a soberania dos países da região. Ele também considera necessária uma conversa com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sobre a Quarta Frota da Marinha Americana no Atlântico.
Para Lula, a questão do aumento da presença de forças militares norte-americana na Colômbia deverá ser discutida na reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) no dia 10 em Quito, no Equador. Na ocasião, o Conselho de Defesa, que reúne os ministros de Defesa de países da região, poderá ser convocado.
"Posso dizer que a mim não me agrada mais uma base americana na Colômbia. Agora, como eu não gostaria que o Uribe desse palpite nas coisas que eu faço no Brasil, eu preciso não dar palpite nas coisas do (Álvaro) Uribe (presidente da Colômbia)", afirmou Lula.
As declarações de Lula foram dadas em entrevista coletiva nesta quinta-feira, ao lado da presidente do Chile, Michelle Bachelet, após assinatura de acordos entre os dois países.
"A soberania de um país é intocável", afirmou o presidente brasileiro, ponderando que "essas coisas nós temos que ver com cuidado para não gerar conflito, nem com Uribe, nem com os EUA nem com os vizinhos".
O tema é foco de atrito entre Uribe e Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Outros líderes de esquerda da região alegam que o governo colombiano ameaça os vizinhos ao negociar um plano que aumentaria a presença militar dos Estados Unidos no país, tradicional aliado da Casa Branca.
"Concordo com Lula, respeitamos a soberania de cada país nas decisões que tomam. Creio que a reunião da Unasul vai ser o momento mais oportuno para ver de que maneira as decisões de cada país podem afetar decisões gerais", afirmou a presidente chilena, presidente da Unasul.
Quanto à Quarta Frota, que foi reativada no ano passado para atuar nas Américas, Lula disse que o Brasil já pediu a abertura de diálogo com os EUA para tratar do tema. O argumento é que a frota acompanharia a área de petróleo recém-descoberta do pré-sal no litoral brasileiro. O pedido foi feito ainda durante mandato do ex-presidente George W. Bush, que deixou o governo neste ano.
Fonte: Reuters.