"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 19 de julho de 2009

VINTE DE JULHO, GRITO DA INDEPENDÊNCIA DA COLÔMBIA.

"Nada temos avançado, só mudamos de amos, mas não de condição" (Antonio Nariño)

E 200 anos depois, seguimos sendo escravos, despojados e submetidos pelas armas e leis, tanto à mesma institucionalidade do colonialismo, quanto à dominação rapinante dos impérios com a cumplicidade e a traição de crioulos aristocratas com almas subservientes.

Nada temos avançado como diz o nosso Precursor Antonio Nariño, verdadeiro herói nacional, homem de olhar continental, junto a Miranda e Bolívar. Ainda, hoje são convidados reis e príncipes para que continuem a pilhagem e segue-se implorando de joelhos ao governo de Washington que crave o punhal do TLC a um país que nunca tem sido livre. São terríveis traidores da pátria aqueles que hoje vendem a dignidade da Colômbia para encher o seu bolso e manter seu poder.

É preciso um novo grito de independência que estremeça, acorde e mobilize a consciência dos povos. O grito anunciador da luta inclaudicável dos de pé no chão contra aqueles que só substituíram aos espanhóis na sua opressão. É preciso o grito daqueles que Bolívar amava, o grito libertário dos pobres, pelos quais lutou sua espada e seu coração.

No Palácio de Governo está o floreiro que hoje devemos quebrar: a maldita dependência do "monstro do Norte”, como chamava Bolívar o governo dos Estados Unidos, ao qual nos encadeou a perfídia infinita de Santander. Devemos quebrar o crescente poder dos novos chapetones espanhóis que agora dominam a banca, a telefonia, os serviços públicos, a água e os meios de comunicação; o Plano Patriota que visa com o fogo da guerra e a violação dos Direitos Humanos, garantir a segurança dos investidores que são saqueadores transnacionais. Nesse Palácio se entrincheira o presidente Uribe, autor intelectual dos "falsos positivos". Ele ordenou matar em todo e qualquer lugar do país para mostrar a eficácia da sua política fascista de Segurança Nacional.

Ele é o responsável pelas detenções em massa, o deslocamento forçado, as fossas comuns, os grampos telefônicos. Ele impede que sejam recompensadas as vítimas do Terrorismo de Estado e enxota com seus pés o Judiciário. Esse tipo de conduta está sendo investigado por sete relatores das Nações Unidas.

Nesse Palácio estão os cérebros da absurda privatização de empresas estatais lucrativas. Não lhes importa que a soberania seja violada, nem que isso signifique mais desemprego, baixos salários e perda de conquistas trabalhistas. Só interessa-lhes que depois das transações, seus bolsos fiquem bem cheios. Tudo avança em direção à privatização da educação, petróleo, água, telefone, eletricidade, manutenção de estradas ... O sonho de Uribe é um país de empreendedores e são seus deuses Sarmiento Angulo, Julio Mario Santodomingo e Ardila Lulle e Ardila. Seguindo a mesma política de Santander diante do projeto político e social do Libertador Simón Bolívar, Uribe, exclui, também, os pobres. Santander, o homem das leis, para enganar os pobres dizia que “Bolívar pretende provocar uma guerra interna na qual ganhem os que nada têm, que são muitos, e que percamos os que temos, que somos poços”.

A política fiscal de Uribe tem cheiro de pólvora. As grandes empresas não pagarão o imposto para a guerra, porque foram isentadas. O governo quer que só o povo pobre pague esse imposto para manter as Forças Militares, que em número aproximado dos 500 mil homens são seu verdugo, seu perseguidor e seu assassino.

Em 20 de julho de 1810, o povo reunido na Praça de Santafé de Bogotá pedia castigo para o vice-rei e seus seguidores e não deixou o local até que não viu amarrados e encarcerados os envilecidos instrumentos do poder opressor espanhol. Ele estava chateado com os impostos cobrados pela Coroa espanhola, o abuso de poder, a odiosa discriminação e a subida de preços dos produtos de consumo popular. Sentia-se a presença de José Antonio Galán com o seu grito comunero de "união dos oprimidos contra os opressores".

Um mesmo grito de independência, dignidade e justiça, deve surgir em todo e qualquer canto da Colômbia exigindo punição para o presidente Uribe e Juan Manuel Santos, responsável pelos crimes de Estado chamados de "falsos positivos". Sanção para o atual governo pela sua de traição à pátria, por empurrar-la às fauces predadoras das neocoloniais hienas. Um grito de repúdio e condenação ao chefe da parapolitica que é o próprio Uribe. Um grito de protesto contra a sua reeleição delituosa, sustentada no suborno e por sua desafiadora impunidade com que atua; pelo pagamento de favores com a entrega dos Cartórios, pelos massacres, pela sua atitude enganosa para com os países vizinhos, pelo refúgio dado a assassinos do povo nas embaixadas em outros países, por reunir-se com mafiosos e sicários no Palácio de Nariño, por incendiar o país com a guerra em detrimento da política social, e por utilizar o poder para enriquecer os seus filhos.

Não mais governos mafiosos nem corruptos. Não mais instituição fascista e paramilitar. Colômbia deve recriar seu decoro.

Mas o grito sozinho não é suficiente. Dizia o precursor Antonio Nariño que "a pátria não será salva com palavras, nem com alegar a justiça da nossa causa. A temos empreendido, acreditamos que é justa e necessária. Mãos à obra: vencer ou morrer, e contestar com os argumentos das baionetas." FARC colocam as suas armas ao serviço dos mais caros anseios de justiça e liberdade dos colombianos e as suas iniciativas que visem a solução política do conflito. Precisamos de um Grande Acordo Nacional para a Paz, de um pacto social que arvore a bandeira da pátria, a soberania do povo, as garantias sociais e a felicidade de todos, para o qual necessitamos construir uma alternativa política de unidade para a mudança.

O alvorecer da Colômbia será um novo governo patriótico, bolivarianos, democrático e socialista. O projeto político e social do Libertador, truncado pelo Santander, a Coroa espanhola e pelo governo de Washington, tem reiniciado a sua marcha.

Em torno do bicentenário do grito de independência, Uribe programa uma celebração faustuosa da comemoração do 20 de julho, visando exibir pelas ruas da cidade de Tame (Arauca) sua fascista arrogância com redobrar dos tambores. O exército que fará as honras, não é o exército da Pátria, porque essa força armada aponta suas armas contra o povo. A marcha a fazer o governo através do Páramo Pisba é para apagar da consciência coletiva de que esse exército que avança é também, o exército dos "falsos positivos". Esse não é o exército do Libertador nem aquele da gesta heróica da Batalha de Boyacá. O novo Exército de Bolívar, com a sua espada e seu pensamento como farol da torre, recorre o país, consubstanciado no compromisso e a vigorosa luta revolucionária da guerrilha.

É um insulto à memória histórica que o Presidente Uribe convide o Rei da Espanha a celebrar o grito de independência frente à metrópole. Parece um crioulo de cor indefinida daquele 1810 disposto a gritar pelas ruas, mais uma vez "Viva o rei Fernando VII! Tal vez com a intenção de agradecer-lhe os 140 milhões de negros mortos nas cadeias da escravidão, os 70 milhões de indígenas banidos do mapa com a repressão e a escravatura, os séculos das trevas e da Inquisição, bem como a proibição à Nossa América de olhar para avanços da ciência e do progresso. Não podem vir aqui coroas anacrônicas em plena sociedade do vigésimo primeiro século, a berrar ‘por que não calam’ americanos de Bolívar. Em repúdio à afronta devemos organizar eventos e manifestações de verdadeiro patriotismo para denunciar as pretensões manipuladoras do governo.

A independência definitiva de Nossa América e a unidade de seus povos em uma grande nação de repúblicas, é irreversível. Que continue a marcha rumo à vitória. Com Bolívar, à carga!.

Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP

Montanhas da Colômbia 15 de julho de 2009