Comunicado, Saudação desde Havana aos participantes do foro POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO INTEGRAL [Enfoque Territorial]
La
Habana, 18 de dezembro de 2012
A
Delegação de Paz das FARC-EP saúda, desde Havana, aos
participantes do foro POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO INTEGRAL
[Enfoque territorial] que tem lugar no Centro de Convenções de
Bogotá. Com o mais vivo interesse, seguimos as deliberações de
suas 20 mesas de trabalho presididas por uma multitudinária e
palpitante esperança de paz.
Nada
mais transcendental para nós que a opinião do povo, de suas
organizações sociais, em torno do problema nodal do conflito, o da
terra e do território, porque de sua solução depende o destino da
Colômbia. Segue sendo a estrutura latifundiária da posse da terra a
causa fundamental da miséria no campo e da confrontação que
dessangra a Colômbia; por isso, compartilhamos a opinião das
múltiplas vozes que, desde sempre, e também neste foro, se
levantaram para dizer que esse é fator que há que desarticular para
que encontremos o caminho da paz. A paz deve vir nos ventos
libérrimos da ruralidade a abraçar com seu amor e sede de justiça
as cidades. Que nossas riquezas naturais sejam para resolver os
graves problemas sociais que abatem o país e não o botim da
pirataria transnacional. Entre todos, devemos parar a
estrangeirização do território e a entrega da pátria a pedaços.
Que os produtos da terra sejam para mitigar a fome e nos deem
soberania alimentar. E que nossa relação com o meio ambiente
entranhe um vínculo amigável, no plano do desenvolvimento
sustentável, e garanta a vida e o bem-estar para as gerações
futuras.
Frente
aos sofismas da associatividade do pequeno proprietário agrário com
o empresariado do músculo financeiro, frente ao espelhismo da falaz
empresariação dos de baixo, estamos com a defesa dos redutos
indígenas, das terras das comunidades afro e das zonas de reserva
campesina, como espaços de resistência social às locomotivas
governamentais da depredação. Não acreditamos na aliança da
raposa com a galinha. Saibam que estamos pela defesa das Unidades
Agrícolas Familiares, e para que a pequena e média propriedade
rural se fortaleça em benefício de uma economia soberana. Os
processos de restituição, redistribuição e formalização da
terra para os despojados devem se dar sem dilações e sem as
armadilhas que conduzam a outra etapa de acumulação por via legal.
Urge ressarcir aos 6 milhões de deslocados e devolver às mãos do
povo os mais de 7 milhões de hectares que lhes foram arrebatados a
sangue e fogo pelo terrorismo de Estado.
Nossa
Delegação tomará em conta e defenderá na mesa de diálogo os
pontos de vista que sejam da reflexão e do consenso deste Foro de
terras, e seguirá insistindo em que o povo deve ser ouvido
diretamente através de suas organizações e porta-vozes no cenário
de Havana. Para as FARC, é inaceitável que se pretenda amordaçar a
voz do Constituinte Primário.
Delegação
de Paz das FARC-EP