"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Declaração Política do Secretariado Nacional das FARC-EP



A paz, um esforço conjunto de toda a nação

As conversações que se adiantam entre o governo de Juan Manuel Santos e as FARC-EP em Havana despertam intenso interesse no conjunto do povo colombiano. As unidades farianas reportam ao largo e ao longo do país que a população demanda conhecer cada vez mais sobre o que se discute em Cuba. Igualmente, à Delegação de Paz das FARC-EP em Havana chega um caudal de mensagens do mesmo teor, vozes de estímulo e apoio, solicitações de participação, propostas e projetos. Se trata da viva manifestação de nosso povo por não seguir excluído das decisões nacionais.
A Mesa de Havana é o ponto de encontro de duas maneiras de ver a problemática nacional e de expor sua resolução. De um lado, está a ótica do governo, que defende as classes abastadas e a imobilidade da ordem vigente. Do outro, a proposta da insurgência, construída desde a visão dos setores populares que urgem e clamam por mudanças. Nos parece normal que num começo as posições se apresentem distantes. O esforço consiste em pôr à prova a arte de enfiar pérolas, como definia John Agudelo Ríos ao ofício de aproximar posições, flexibilizar e construir saídas satisfatórias para as duas partes.
Nosso empenho aponta a que as vozes de todos os colombianos resultem bem-vindas no processo de conversações. Só assim cremos que pode criar-se uma paz duradoura. Significa isto uma agenda paralela, na contramão do acordado até o momento? De nenhuma maneira. Se trata tão só do desenvolvimento consequente do preâmbulo do Acordo Geral, um imperativo de primeira ordem e de simples sentido comum. É sobre os ombros do grosso da população que se descarregam as mais funestas consequências do conflito armado, e é em seu modo de vida miserável onde subjazem as causas do alçamento.
É a população colombiana quem suporta a enorme carga tributária que o Estado impõe para pôr em marcha o gigantesco aparelho militar com o qual se pretende acabar a insurgência. O cidadão comum vê crescer incessantes as cargas orçamentárias destinadas à manutenção de um desproporcional Exército, em detrimento do investimento em saúde, educação, moradia, obras públicas, ciência e tecnologia. Todo o qual explica as motivações e o papel cardeal desempenhado pelas organizações sociais colombianas no impulso à abertura do cenário de diálogo e acordo.
No contexto da participação popular na construção da paz, deve ser centro da discussão a criação e consolidação de uma democracia autêntica, não só para a Mesa, como também para toda a vida política nacional. Unicamente com uma verdadeira democracia poderá a Colômbia superar a crise endêmica que a afeta. Sua adequada conjugação na atual conjuntura nos pode levar a feliz porto, a democratizar a propriedade da terra e o uso do solo, a vida política, os direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, os meios massivos de comunicação, a própria vida no interior das famílias.
Todos temos sido partícipes e vítimas de um conflito que pesa já bastante nos ombros da nação inteira, que como um enorme lastro nos impede levantar voo para melhores horizontes. Definitivamente, a paz não poderá ser resultado de um diálogo distanciado do povo de Colômbia, de uma decisão pelas alturas, de imposições unilaterais de qualquer ordem. O país inteiro tem que mobilizar-se a exigir sua participação decisória no processo de paz. Mobilizemo-nos todos para ser, por fim, escutados, mobilizemo-nos todos a democratizar a pátria, mobilizemo-nos todos pela recuperação de nossa soberania.


Secretariado do Estado-Maior Central das FARC-EP

Montanhas de Colômbia, 4 de dezembro de 2012