"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A propósito da destituição de Gustavo Petro


Por simples questão de princípios, nossa consciência está obrigada a condenar a sentença da Procuradoria Geral da Nação que ordena a destituição do prefeito de Bogotá, Gustavo Petro. Também por eles, nossa consciência se sente comprometida com a inconformidade, o protesto e a resposta popular a semelhante arbitrariedade. Basta o simples sentido da decência para pôr-se ao lado do destituído funcionário.


Acima dos desencontros ideológicos e políticos que possamos ter com o senhor Petro, não podemos permanecer impassíveis ante tão desmedida mostra de arrogância oligárquica. Sempre expusemos que são precisamente a intolerância, a ausência de garantias para o exercício da oposição política e a violência recorrente do Estado as causas da longa confrontação armada que se trava em nosso país. A sentença do senhor Procurador simplesmente o confirma.


Ao mesmo tempo em que o inquisidor Ordóñez anuncia sua condenação à morte política contra o senhor Petro, a Promotoria Geral da Nação revela que as investigações penais pelos mesmos feitos avançam e que se lhes dará o máximo direito de preferência. De onde se deduz que facilmente o prefeito de Bogotá pode terminar absurdamente entre grades, por ter adotado uma decisão de política pública que não resultou do agrado dos grupos econômicos que dominam o país.


A arremetida contra o prefeito de Bogotá é a mesma que os poderes hegemônicos mundiais dirigem desde há quatorze anos contra a Revolução Bolivariana de Venezuela. E se fundamenta na mesma causa, a proibição aos povos de adotar suas próprias decisões. As mal chamadas democracias que apregoam os poderes internacionais do capital consistem em que os cidadãos votem pelas pessoas e as políticas corretas, as dispostas por eles. Em caso contrário, sofrerão graves consequências e se lhes acusará, ademais, como os únicos culpados.


Por cima da ingenuidade e da inconsequência demonstrada em sua carreira política pelo senhor Gustavo Petro, com cujo voto no Senado decidiu a eleição do asqueroso senhor Ordóñez ao cargo de Procurador, numa dessas vergonhosas alianças que finalmente conduzem a perder os olhos, cremos que há que apoiá-lo, que há que sair às ruas a reclamar pelo respeito à democracia, para que se ponha fim ao reinado da exclusão política em Colômbia.
É este último o que as FARC-EP exigimos dignamente na Mesa de Conversações de Havana, no processo de paz que de maneira enfática nos convida a manter o senhor Gustavo Petro. Captamos com clareza diáfana o significado do sinal que nos envia a sentença do Procurador, inimigo declarado da solução política ao conflito. Do mesmo modo que observamos a complacência do Presidente Santos, quem preferiu abordar dissimuladamente o tema sob o viés da corrupção.


Não é às FARC-EP a quem o senhor Petro deve exortar a perseverar no processo de paz. É ao governo nacional, que todos os dias declara guerra de mil modos diferentes ao povo colombiano. Ao mesmo tempo em que ao senhor Petro se condena à morte política, se enclausura em prisão a inumeráveis compatriotas que lutam contra o regime por vias legais, como aos três dirigentes sindicais de Pacific Rubiales, a David Ravelo Crespo ou a Huber Ballesteros, para citar só uns poucos. A outro altíssimo número, se lhes assassina e desaparece na impunidade total.


Decidimos expressar nossa solidariedade com o senhor Petro e a cidadania bogotana, que tem todo o direito de exigir o respeito à sua vontade, acima das prováveis acusações que se apressarão a fazer o general Palomino e o ministro Pinzón, os quais, após tachá-los de vândalos e infiltrados, não vacilarão em lançar sobre eles as temíveis hordas do ESMAD e do Exército, encarregadas de aplicar e disseminar o terror com seus bastões, gases, bombas e disparos.


A qualificada como violência legítima do Estado, sempre da mão com as formas mais selvagens da mesma, igual que as normas e jurisprudências que violentam a vontade popular, tão abrumadoramente visíveis em nosso país, devem desaparecer definitivamente se se quer alcançar a verdadeira paz. A paz com justiça social implica assentar, por sua vez, umas bases mínimas para desterrar a iniquidade. E isso significa reformas estruturais na economia, na política, na institucionalidade e na sociedade colombianas.


Consegui-lo só será possível se a imensa maioria dos colombianos afetados pelas políticas do regime se levanta unida a lutar por isso. São eles os chamados a apropriar-se da bandeira da paz, a mantê-la em alto acima da demagogia, das ameaças e do terror oficiais. Levantar-se contra a ditatorial destituição do prefeito de Bogotá é uma causa justa, porém inútil se, ao mesmo tempo, não apontar contra o regime antidemocrático, neoliberal e violento que domina em Colômbia.


SECRETARIADO DO ESTADO-MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
Montanhas de Colômbia, dezembro de 2013